A peça que virou filme.
Eu não sou chorona. Eu não me emociono em filmes. Eu fico perplexa, compenetrada, admirada, aterrorizada, mas, dificilmente, choro em filmes.
Nesse, eu chorei. Chorei descontroladamente quando o filme acabou. Sai do cinema chorando, andei até o carro chorando. Não conseguia me controlar. Tudo por conta da mensagem final e de uma cena especial.
Um imigrante polonês, no ano de 45, sonha em ter nova vida no Brasil. Ele aprendeu português em seu país. Eram "tempos de paz" da era Vargas, mas ele tinha ainda um desafio ao chegar no porto: convencer um agente de imigração, "ex-torturador" dessa mesma era Vargas, que merecia entrar no país.
O "ex-torturador", frio, impávido, coração de pedra, divinamente interpretado por Tony Ramos, desafia o imigrante, que era ator famoso em seu país, a fazê-lo chorar.
Na cena abaixo, uma das mais lindas que já vi em um filme, o polonês, com seu sotaque carregado, conta que viu o seu mentor morrer na prisão em seu país. Depois de horas de tortura, ele ainda teve forças para recitar algumas palavras, que o imigrante, então, aluno, ouviu e repetiu para o agente "ex-torturador". É essa a parte que está na cena.
Eu não vou mais falar sobre o filme, pois não quero estragar a história.
O trailer, vocês podem ver aqui. Eu assisti no cinema, ano passado.
Dan Stulbach, que interpreta o imigrante, é filho de poloneses que fugiram da guerra para o Brasil. A sua mãe, atriz, aparece em algumas cenas. É a senhora de chapéu que o reconhece na entrega dos passaportes (cena do trailer).
A outra coisa que me emocionou foi que, no final do filme, onde deveriam aparecer os créditos finais, aparecem os nomes de dezenas de imigrantes de diversos países da Europa que migraram para o Brasil e, com o seu talento, fizeram a diferença do lado de lá do oceano.
A guerra não impediu a arte e as pessoas não deixaram de acreditar em si mesmas.
Eu chorei porque pensei, também, em todos os talentos perdidos, em todas as pessoas que não conseguiram recomeçar.
Eu chorei porque ainda temos isso no mundo, seja numa favela no RJ, no sertão nordestino, seja no Afeganistão, seja um dalit na Índia... Tempos de Paz?
O texto do monólogo vocês encontram aqui.
P.S. Eu sei que eu disse que não programaria posts, mas me deu uma vontade tão grande de compartilhar isso com vocês... Quantos filhos e netos de migrantes nós conhecemos? Será que, ao escolher sair de nosso país, também não somos nós "refugiados"? Que façamos a diferença aqui ou lá, em qualquer lugar.
é um belo filme... muito tocante;;;
ResponderExcluirMinha sogra é uma "refugiada". Os pais dela eram ricos no Egito, mas optaram por fugir da guerra iminente e vir para o Brasil, pelo bem da família. Trouxeram, além, dos 3 filhos (ela, a caçula, então tinha 12 anos), apenas roupas, alguns objetos de família e o dinheiro que puderam trazer escondido pra recomeçar do zero.
ResponderExcluirMesmo nos dias de hoje, não é algo fácil de se fazer. Admiro a coragem de quem encara essa luta (incluindo vc).
Bjo!!
Fico imaginando o qt deve ser lindo o filme...
ResponderExcluirAndei meio fora do ar mas já me encontro de volta!
Que essa pequena viagem seja muito prazeirosa e feliz!
beijo!
Accácia
voltei e logo sou recebida com...choros? não não pode ser toca a limpar as lágrimas vá beijinhos. kis :)
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