quarta-feira, 30 de junho de 2010

Rindo de si mesmo

O nome do meu blog já diz qual é o propósito da minha vida na Alemanha: rir de mim mesma.
Vivendo com um alemão há quase sete anos (tudo isso?), conversando, pesquisando, observando, sei que a vida aqui não são só flores. Existe a adaptação, o fato de ser estrangeiro até quem nasce aqui, a nova carreira profissional, os impasses quase eternos com a língua, entre outras coisas.

Minha sorte é que marido também já foi estrangeiro no meu país. Morou 15 anos no Brasil. E ele me mostra coisas que não consigo ver, me diz pra ter paciência, confessa que o segundo ano é o pior, pois você já sabe a língua, já passou a empolgação da novidade e tem que por a cara pra bater.

Por isso, eu quero rir disso tudo. Quero falar dos micos com a língua, quero admitir que faço besteiras. Quero saber que aquilo que me afligiu dias atrás, agora é motivo de risada. Quero levar a vida com mais leveza.

Mas, ó, não era nada disso que eu queria falar. Eu queria falar mesmo é da minha enteada. Eu tenho dois, a menina tem 15 anos e o menino tem 13 e estão aqui desde o dia 31/05 e ficam até o dia 21/07. Moram no Brasil com a mãe.

Minha enteada já cresceu, amadureceu nos últimos dois anos, pois as circunstâncias pediram. Ela é deficiente. Há um ano e meio atrás fez algumas cirurgias que prometiam que ela voltasse a andar. Com muita fisioterapia e força de vontade, ela já dá os primeiros passos de muleta. Eles vieram pra cá não só para férias, mas para que ela tirasse os pinos de suas pernas. O médico só pode tirar os de uma.

Ontem, na troca dos curativos, ela percebeu que o corte já estava plenamente cicatrizado e solta as pérolas:
"Eu estou parecendo uma boneca de pano."
"Por quê?"
"Olha só! Estou cheia de linha de costura."

Algumas risadas descontroladas depois, ela, de novo:
"E agora estou parecendo uma parede."
"Parede?"
"É. Estou toda descascada."

E rindo assim, ela vai enfrentando seus obstáculos e conseguindo vencê-los.

Pronto. Parei com isso. Esse blog está ficando com cara de sério e eu quero é rir!!!

Convite de "amigos"

Esses dias estava lembrando de uma conversa que tive com uma colega da e na época da faculdade, coloca aí quase uns 10 anos (Oh MÉU DÉUS! Como eu estou velha!). Ela dizia que tinha conhecido um casal de brasileiros que morava na Alemanha e eles a tinham convidado para morar lá (aqui).

Ela estava insatisfeita com a vida, decepcionada com o namorado, sem emprego e querendo sair de casa. Terreno maravilhoso para um convite desse tipo.

Eles diziam que ela arrumaria emprego rápido, que o curso que ela fazia na faculdade era super requisitado pelas bandas de cá e que ela ia ficar rica em pouco tempo.

Ela era bonita, morena, pernão, bundão. Um tipo exótico para os alemães. Eu, que já conhecia um pouco da Alemanha, lendo e pesquisando casos como o dela, claro, tentei fazê-la desistir desse plano maluco.

Mas, eu era despeitada, né? Estava com inveja da oportunidade que ela estava tendo e ela não me ouvia.

No fim, graças a Deus, ela achou uma solução mais confortável. Não ia dar certo mesmo. Eu já sabia qual seria o destino dela, mesmo que ela não acreditasse em mim.

E eu sabia pelo simples fato de que não existe a profissão de contador/contabilista na Alemanha e esse era o curso que ela estava fazendo na faculdade.

Infelizmente e provavelmente, ainda tem gente que acredita nessas promessas.

Eu não vou ter que desenhar a história toda para vocês entederem do que ela escapou, né?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Definindo o visto

Meu "termine" no Ausländerbehöder foi marcado. Dia 15/07, às 14h. Nesse horário, levando toda a documentação que eles solicitaram, terei meu visto:
- Foto atual;
- Meu passaporte;
- Identidade de marido;
- Comprovante de renda dos últimos 3 meses dele;
- Contrato de aluguel do apto completo, inclusive, onde indique tamanho em metros quadrados do apto;
- Plano de saúde meu e de marido;
- Meu comprovante de residência.

Só isso tudo.

Ainda levarei de brinde meu diploma e o certificado de conclusão do B1 de alemão. Acho que isso irá deixá-los impressionados. rsrs

Até lá, mesmo meu visto de turista vencendo no dia 07/07, poderei ficar tranquila, pois, como o compromisso foi marcado, é como se meu visto tivesse sido prolongado até lá.

Sorte pra mim.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

FAQ - 11. Você depende do seu marido?

Algumas mulheres que desejam vir pra Alemanha, devem se perguntar se é bom largar a vida no Brasil, onde muitas têm trabalho e um bom salário, para seguir o marido (alemão ou não) para outro país.

Sabe que eu nunca me preocupei com isso? Não que eu não tenha pensado sobre isso, só que nunca foi uma preocupação, pois eu sempre soube que seria por algum tempo apenas, que eu encontraria um trabalho depois de aprender o alemão, depois do primeiro ou segundo ano e tudo estaria resolvido.

O problema não é depender financeiramente do marido. O problema é, se ele - ou o dinheiro - faltar um dia, eu poderei recomeçar de algum jeito? Como a resposta é sempre positiva, não me preocupei.

Eu posso voltar pro Brasil a qualquer momento, posso retomar meus projetos, posso criar novos, posso ter tudo novo ou de volta. Ponto. Eu NÃO dependo do meu marido. Mas, estamos juntos. Apostamos nessa vida nova e ela está funcionando. Isso é o que importa.

Você quer ter o seu dinheiro? Claro que sim. Porém, contudo, todavia, não é porque eu sou orgulhosa e não aceito esmola de marido, é porque eu quero construir algo, realizar coisas, ter objetivos, uma rotina profissional da qual eu sinto falta, ajudar meus pais, poder contribuir para o orçamento de uma viagem de férias, quero tornar NOSSA vida mais fácil. E ter um "pé de meia" nunca é ruim.

Eu tenho que pedir dinheiro pra comprar calcinha, absorvente, esmalte, shampoo? Tenho. Sofro com isso? Nem um pouco. Porque somos uma família. E quando eu estiver trabalhando de verdade, ganhando em euros, serão dois salários para as mesmas compras, a mesma vida. Só vai facilitar e não separar.

Concordam?

domingo, 27 de junho de 2010

Pausa para os comerciais

Pra não dizer que é só brasileiro que pensa nisso, propaganda de um tênis que promete "levantar" a bunda das alemãs.

Tá bom. Sei. Acredito. An-ham!

sábado, 26 de junho de 2010

Quê?

E se eu disser para vocês que o maior número de visitas que recebo do Google é através da frase:

"alemães são frios"

vocês acreditam?

Eu vou ter que dizer de novo? Não, não são.

No máximo, são reservados, discretos e, principalmente, RESPEITAM o seu espaço.
Eles não vão se aproximar demais, não vão perguntar demais, não vão falar com você te tocando, não vão fazer algo com você sem te perguntar antes, não vão se auto convidar para festas, não ficam chateados se não forem convidados, não falam alto, não ouvem música alta, não ficam falando (muito) da vida alheia, são prestativos - o que, necessariamente, não significa que sejam super educados - e tentam sempre te ajudar a resolver os seus problemas.

Se isso é ser frio, então, tá. Eles são frios.

P.S. Sogras não entram nessa categoria. Sogra é sogra em todo lugar. Viu, D. Flor? rsrs

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A culpa é de vocês!

Hoje foi o último dia do curso. Para mim, foi o melhor "módulo" até agora. Com o B1 e o meu querido professor, óbvio, consegui entender um pouco mais da gramática alemã e sua lógica um pouco controversa.

*Pausa. Gramática com mais excessão do que regra tem que ser controversa. Fim da Pausa.*

Só que tem, exatamente, três semanas que eu não estudo lhufas, patavinas, nadica de nada! Tudo por culpa de vocês! Não. Não são vocês, os leitores. São vocês, os outros. Aqueles que estão na minha casa, roubando a minha concentração. E o sol lá fora, o clima de verão e os passeios que temos feito, consequentemente.

E as férias que chegam com o fim das aulas também. Dois meses. É sempre a mesma desculpa:

"Nas férias vou tirar uns dias para estudar alemão."

Ah para, né? Eu sei que eu não vou estudar PN!

Mas, eu preciso, eu tenho que. Principalmente, vocabulário. Vocabulário. Aquele bicho escroto que fica atrás de mim (Uepa!) o tempo todo! Buzinando coisas na minha cabeça: verbos, adjetivos, advérbios, substantivos...

Oh céus, penitência pra mim, penitência!!!

Quantas orações (Nebensatz oder Hauptsatz?)* tenho que rezar hoje?


* subordinada ou principal?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Tem certas coisas

que são melhores quando você está longe.

Semana passada foi aniversário de 17 anos da minha prima querida. Todo ano, no aniversário dela, ela faz um almoço e convida as melhores amigas. É claro que eu estava em todos e sempre arrumava confusão na hora de servir a comida. Porque, em família, sou a maior palhaça (Ohhh! Jura?)

Aí, o que faço esse ano?

Ligo pra ela bem na hora do almoço! Ela atendeu e foi mais ou menos assim:

"Quero meu prato feito, hein? Ou então congela para quando for buscar."
"Quem está falando?"
"Não reconhece a voz?"
"Não."
"Tem alguém fazendo aniversário hoje?"
"Tem."
"E é a minha Laçarote?" (Eu a chamo assim desde sempre, um trocadilho com o nome dela)
"Laçarote? Laçarote? EU NÃO ACREDITO! É você?" (Só uma pessoa no mundo a chama assim, né?)
"É."
"Mãe, mãe, mãe!!!! É a Amarela no telefone!!!!" (Todos na minha família me chamam assim... a mais branca, né?)
"Pronto, Laçarote, agora para de chorar!"
"Estou quase, peraí..."

E assim foi a conversa.

Se eu não estivesse aqui, uma simples ligação não seria um presente tão bom, hein? rsrs

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Estou com saudade de

- Minha mãe.
- Água de coco. Aqui tem. No coco. Juro.
- Moqueca de peixe. Aqui tem. É só fazer. Eu, claro.
- Siri catado ao molho de coco. Aqui não tem.
- Coxinha. Achei alguém que sabe fazer. Oi Daniela!
- Bicho de estimação. Comprar um aqui é o olho da cara.
- Ir para o bar com as amigas de Feira.
- Ir ao cinema brasileiro para assistir filme original com legenda em português.
- Minha prima.

E, principalmente, São João, fogueira e FORRÓ!! Porque eu sou do nordeste sim!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cobertores

Quando começamos a fazer as compras para o apartamento, marido liderava todas as decisões. Claro, ele sabia como era melhor na Alemanha, qual a melhor marca, o melhor produto etc.

Não foi diferente com os cobertores. Ele dizia que precisávamos de bons cobertores de penas para aguentar o frio noturno. Concordei, até porque já tinha usado destes na casa de cunhado e eram, realmente, bons. Para nós, compramos destes.

Para os hóspedes (e, consequentemente, os filhos dele) compramos cobertores de quatro estações, que são de fibra e podem ser divididos em dois: um mais fino para o verão e um mais grosso para a primavera e outono. Juntos, servem para o inverno.

Acontece que ou eu tenho o sangue muito quente, ou sou uma mulher muito fogosa!!!

Porque, no inverno, sentia calor com o de penas. E agora na primavera, sinto calor com o de verão. Acordo durante a noite suada e incomodada.

Ninguém acredita quando eu conto. Nem parece que sou brasileira. Agora, com a temperatura acima de 20 graus, vou dormir sem lençol....

E eu quero um ventilador!!!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Constatações

- Pardal tem em todo lugar. Praga!
- A peruana, dessa vez, não sabia o que era döner. Manda internar.
- As ligações para a minha casa no Brasil estão cada vez mais curtas. "Tudo bem? Tudo ótimo e aí? Tudo bem tb." Fim. Chego à conclusão de que é melhor que fique assim.
- Última semana do B1 e férias de verão.
- Acho que uma das melhores compras que fizemos foi a máquina de lavar louças.
- Disseram que eu já estou bem integrada. E é? Oba!
- Estou programando as férias de verão com muita ansiedade.
- Já estou pensando sobre empregos na Alemanha. Alguém tem vaga pra mim?
- Ouvindo blues. Alguém me acompanha?
- Cada dia descubro algo novo sobre e em Berlin. Nos detalhes. Na simplicidade.
- E também descubro que dos amigos que deixei, só poucos restam. Os fiéis.
- Estou num processo criativo intenso. Só que eu não sei do que. Quero escrever, escrever, escrever... A cachola deve estar tramando alguma coisa. Falta só eu descobrir o que é. ;)
- Estou apaixonada pelo visual do meu blog. Toda hora passo nele pra dar uma olhada. Posso me considerar narcisista por causa disso?
- Por falar em blog: povo meu, eu não sou seguidora de blog por pura preguiça. Tenho que tirar um dia pra fazer o cadastro do blog de vocês. Mas, ó, eu adoro quando vocês me seguem e comentam, viu? A-DO-RO!
- Em compensação, a minha lista de leitura está sempre sendo atualizada, vai entender...
- Hoje faço UM mês de casada e ganhei ingresso para o show de Santana que acontece em outubro. Por acaso, no final de semana de aniversário de "vida juntos". Marido me ama.
- E eu amo muito tudo isso.

Notas de um jogo do Brasil

Três alemães estavam conosco em casa assistindo ao jogo, além de Jane.
Eles comeram do nosso churrasco e tomaram da nossa cerveja.
No fim do segundo tempo, percebi que eles estavam torcendo para a Costa do Marfim!!!!

xxxxxxxxx

A conversa entre o juiz e Luís Fabiano foi ótima.
- Foi no braço, né?
- Não, foi no peito...
- Sei... No peito, hein?
Completada com aquela risadinha safada do tipo "eu sei o que você fez no verão passado".

xxxxxxxxx

Marido vira pra mim e pergunta:
- Quem nasce na Costa do Marfim é o quê?
Eu, estudiosa que sou, respondo rapidamente:
- Elefante!

xxxxxxxxx

E o juiz é filho da puta. Pronto.

domingo, 20 de junho de 2010

Exclusão

Você percebe que foi excluída do seu país involuntariamente, tornando-se apátrida, quando a sua família usa o pronome possessivo da terceira pessoa do singular para falar da seleção de futebol do país em que você está morando.

SUA seleção!

Mas, a MINHA seleção continua sendo a do Brasil. Quem disse que estou torcendo pra Alemanha?

"Sem lenço, sem documento. Nada no bolso ou nas mãos. Eu quero seguir vivendo. Eu vou..."

sábado, 19 de junho de 2010

Medidas

Daí que outro dia eu fui fazer compras.

No verão alemão, estou sem shorts, saias ou bermudas. Tudo isso entrou na lista de supérfluo no Brasil e ficou por lá. Itens que viraram mercadoria para a Feira da Pechincha que minha mãe e um outro pessoal organiza (vendem peças por centavos para pessoas com menos condição, para que não se sintam recebendo "esmola" - ok, aqui tem o second hand, mas não é a mesma coisa). Eu adoro isso no Brasil e sinto falta de algo parecido aqui...

Mas, não era disso que eu queria falar. Eu queria falar das compras. Eu não sou muito fã de comprar roupas. Eu não gasto tempo em lojas procurando coisas, olhando vitrine, experimentando isso e aquilo. Pois é, me internem.

Eu saio de casa sabendo exatamente o que eu quero comprar e onde. Só que aqui na Alemanha, ainda estou me adaptando a esse método, já que ainda tenho que me acostumar com modelos e medidas.

Daí o que eu fiz antes de sair de casa? Fui olhar, nas minhas roupas alemãs, as medidas de blusas e calças para poder comprar na HeM sem experimentar. O que eu descobri??

Que eu diminui uma medida de manequim. Estou usando 36.

Ahhhh, mentira! É que o 38 de lá é o 36 daqui. Deixa eu me iludir, deixa???

sexta-feira, 18 de junho de 2010

FAQ - 10. Como é que fica o visto?

Depois do casamento, arrumamos toda a documentação para solicitar o visto de residência.

Só que já fomos lá duas vezes, já mandamos dois e-mails, já telefonamos e nada. Não conseguimos marcar um horário para sermos atendidos no Ausländerbehörder.

A última vez que fomos lá foi ontem. A gente tinha que tentar falar com alguém já que meu visto vence no dia 07/07. Conseguimos falar com o chefe do setor. Ele nos atendeu muito bem, mas avisou que só teríamos horário a partir do dia 12/07 e que, como meu visto vence antes, ele providenciaria um prolongamento na próxima semana.

Ok. Tudo bem. Ajudou. Mas, não foi o suficiente.

Eu saí de lá chateada e frustrada. Principalmente, porque eu não quero só um papel. Eu quero ter o direito completo a ter a minha vida na Alemanha. Inclusive, com o visto de trabalho - que só consigo depois do visto de residência.

Eu sei que poderiam existir problemas maiores. Eu poderia nem ter conseguido casar, por exemplo. Mas, ter planos paralisados é chato. Vai que aparece uma oportunidade de viagem, ou de trabalho e eu não posso fazer porque não tenho o visto certo?

Vixe! Não gosto nem de pensar.

O máximo que posso fazer agora é ter paciência, continuar aprendendo alemão e ir seguindo em frente. Mais cedo ou mais tarde, esse visto sai. Ô se sai!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pra polemizar

Engraçado brasileiro reclamando do som das vuvuzelas nos estádios da África do Sul.

No Pan Americano do Rio, que eu bem me lembro, ao invés das vuvuzelas, o que mais se ouvia eram as vaias de "torcedores". Vaias!! Quer coisa mais anti-desportiva que isso?

E já pensou isso num evento como a Copa?

Argentina jogando contra seja-lá-que-time-for e o estádio inteiro vaiando. Ou Itália, ou França, ou Alemanha, ou México... Seria feio, né?

As vuvuzelas é festa. A festa deles! A nossa é assistir de casa, torcendo pelo Brasil e para que a nossa, em 2014, não seja só uma máquina de produzir votos!

Polemizei?

Na festa de casamento

Encontrei um amigo de cunhado que fala um pouco de português. A gente já se conhecia do coral do cunhado.

Conversávamos sobre sotaques e línguas, quando perguntei a ele se ele não conheceria alguém que estivesse interessado em um Tandem Alemão x Português, aí seguiu-se o seguinte diálogo:

"Eu conheço algumas mulheres em Potsdam que falam português. Vou ver com elas se elas gostariam de te conhecer."
"Ok, seria ótimo."
"Mas, precisa ser só mulher?"
"Não. Pode ser homem também."
"Então, podemos começar enquanto não consigo outra pessoa."
"Que ótimo!" (no fundo, era essa a intenção. hehehe)
"Mas... não teria algum problema com o Paulo (o marido)?"
"Por que teria?"
"Porque sou homem."
"Ai. Claro que não!"
"Diga a ele que eu não sou um perigo."
"Hahahahahaha"
"Mas, tem que dizer."
"Olha, Fulano, se fosse no Brasil, eu até poderia me preocupar com isso. Mas, eu sei que os alemães são diferentes."

Aí ele respira aliviado e fica feliz por poder treinar um pouco mais do seu português.

Depois que eu conversei com a brasileira Daniela sobre esse episódio aqui em Berlin, foi que me dei conta que podia ter chamado o cara de banana. Fiquei com a consciência pesada. =P

E agora?

P.S. Atendendo aos pedidos, vou colocar duas fotinhas da festa... Mas, ó, vocês não viram nada, hein? rsrsrsrs

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ontem

Se veio pra ler sobre o jogo, desista. rsrsrs
Domingo, quem sabe, com mais empolgação, eu escreva.

Ontem foi o dia do nosso passeio cultural com o professor de alemão. Fomos para o outro lado do Wannsee, um grande lago que tem entre Berlin e Potsdam. Fizemos uma caminhada no campo até um casarão e uma igreja pequena e simples. O dia estava com uma temperatura boa para caminhada, nem calor, nem frio. E foi ótimo.

Só não foi melhor por um simples detalhe:

Iríamos de bicicleta, mas como a peruana - já estou cansando de falar dela - não sabia andar, o professor cancelou o uso das bicicletas.

O percurso tinha 6km para ir e 6km para voltar. Decidimos que iríamos andando e voltaríamos de ônibus. Até aí tudo bem. Até aí.

Acontece que nós perdemos o ônibus na volta e, como é no meio do mato, os ônibus só passam de hora em hora. Por isso, decidimos voltar também a pé, ao invés de esperar o próximo ônibus. Todo mundo tinha compromisso e queria chegar cedo em casa. Já era mais de 13h, horário que, normalmente, a aula acaba.

Poderíamos ter feito todo o trajeto de bicicleta; não teríamos demorado tanto; não teríamos, talvez, perdido o ônibus; poderíamos, inclusive, ter ido a um castelo; hoje, eu não teria uma grande dor nas pernas...

... SE A PERUANA TIVESSE IDO!!!!!

Cancelamos as bicicletas por causa dela. E o que acontece??? A digníssima nem aparece!!

Conhecem a expressão "peguei ódio"? Pois é!

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sobre o primeiro jogo da Alemanha

Não vou dizer que eles jogaram muito bem e bonito, porque isso todo mundo já disse. Ops!

Queria apenas destacar a diferença de comportamento enquanto assistia esse jogo na casa de cunhado. Estávamos marido, eu, filho de marido, cunhado, a menina que aluga o quarto na casa de cunhado e dois amigos de longa data na sala dele assistindo ao jogo.

Marido, cunhado e eu comentávamos sobre o jogo o tempo todo.

O filho de marido não fazia nada porque não sabe quase nada de futebol.

Os amigos de marido só falavam alguma coisa quando a sala ficava em silêncio. Coisa quase impossível de acontecer.

Eu pulei quatro vezes durante o jogo. Para cada gol, um pulo e um grito. Um dos amigos de cunhado se acabava de rir de mim e o outro devia me achar uma pessoa muito estranha. Mas, eu queria mesmo era me divertir.

A menina? Que menina? Dessa, a gente não ouviu nenhum pio. Nem parecia que estava na sala.

Um tempinho no Brasil não faria mal a ela, de jeito nenhum.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Vida de dona de casa

é uma bosta. É sim! Principalmente, para alguém que "adora" (com toda ironia do mundo agora) esse serviço.

Eu estou lavando, limpando, passando e, às vezes, cozinhando para quatro pessoas nessa casa.

Eu tenho máquina de lavar roupas. Mas, as roupas não entram, são programadas, saem, são estendidas e retiradas do varal sozinhas. Eu tenho que pedir por favor para separarem as roupas sujas. E pela quantidade e natureza das roupas, preciso fazer isso quatro vezes por semana (ou no mesmo dia, depende do humor, do tempo e do tamanho do varal).

Eu tenho máquina de lavar louças. Mas, as louças não entram e saem diretamente para o seu devido lugar no armário sozinhas. Fora que ninguém sabe sujar e colocar diretamente na máquina. Tem que ficar aquela pilha linda em cima da pia. Às vezes, ainda tenho que sair catando as louças sujas na sala.

Essas mesmas roupas que saem do varal, não saem desamassadas. Elas precisam ser passadas. E quem passa? Eu.

Não é um robô que passa o aspirador na casa, tão pouco o espanador de pó.

Só porque eu não cozinho com frequência, não quer dizer que eu não tenha trabalho. A cozinha não é o único lugar da casa que fica suja.

O apartamento tem dois banheiros, um só com a banheira e outro só com o vaso. Só que são duas pias. Dois pisos. Dois azulejos. Quem é que lava? Eu.

Não falta cueca na gaveta e as camisas de trabalho estão sempre passadas. Elas não vão parar no guarda-roupa magicamente.

Eu não estou entrando no quarto de hóspedes. Mas, só a imagem que tenho ao passar pela porta entreaberta no corredor já me deixa horrorizada. Eu decidi que lá eu não entro. Aí já é querer demais.

E quem vê isso?

Detalhe: ninguém ajuda. Fazer isso uma vez na semana, porque está me vendo segurando um cesto de roupa molhada e pesada não quer dizer nada. Jogar o lixo fora é fichinha. Não importa, pra mim, se há outras coisas a serem feitas ou resolvidas. O que importa é que eu estou sozinha em casa resolvendo essas coisas que eu "adoro" e, pior, para os outros.

Detalhe 02. O-D-E-I-O quando me pedem pra fazer alguma coisa com "Nós poderíamos fazer isso, né?" Nós quem, cara pálida? Se você quisesse fazer, ia lá e fazia, não vinha pedir. Então, ou faz ou pede direito. Não tapeie. Não use o modo höflich alemão de pedir, porque comigo não funciona.

Detalhe 03. Eu não sou a mãe. Tão pouco, empregada doméstica. E não tem mais nenhuma criança aqui. Estou pensando seriamente como sobreviver mais 5 semanas!

Detalhe 04. Isso foi uma lavação de roupa suja, ou, mais tipicamente, uma DR. Só que a figura não está em casa e se eu não colocasse isso pra fora nesse exato momento, eu juro que eu ia queimar todas aquelas roupas que parei de passar para poder vir aqui escrever. E ainda tenho que fazer o jantar!

Detalhe 05. A TPM já passou. Imagina só.

Agora, estou mais aliviada. Vou voltar pra prancha! Argh!!!!

Ahhhh!!! Alguém aí ainda lembrou que eu tenho que ir pro curso de manhã e estudar alemão??? Porque eu já tinha até esquecido da MINHA parte mais importante!

Pagando mico no curso

Pedi para a professora me explicar sobre posição dos termos na frase, pois tinha algumas dúvidas. Ela explicou, eu entendi e estava processando a informação na minha cabecinha em português, quando ela me pergunta, então, qual seria a regra. Eu, prontamente, respondi:

"O pronome vem primeiro."
Ela olha pra mim, rindo e pergunta de novo:
"O que você disse?"
"Que o pronome vem primeiro."
"Não estou entendendo."

Só depois que a ficha caiu. Eu estava dando a resposta certa. Só que em português!!!!!!

Eu fiquei vermelha, ela ficou vermelha, meus colegas ficaram vermelhos...

Eu fiquei vermelha de vergonha e eles, de tanto rirem!

domingo, 13 de junho de 2010

Os pais turcos

Pode falar o que quiser dos turcos aqui na Alemanha, mas de uma coisa ninguém pode duvidar:
Eles são ótimos pais (pelo menos, da porta de casa pra fora)
O machismo deles fica bem guardado quando se trata dos filhos. Se bem que, cuidar da cria, proteger e alimentar são coisas de macho, né? rsrs

Eu já vi turco trocando fralda, carregando no colo uma penca de filho, chamando a atenção da criança de forma educada.

E já vi um limpando a meleca do nariz catarrento de uma filha, assim, completamente, com direito a lenço passeando por todo o salão da bichinha. Depois ele passou a mão no rosto dela, pegou no colo e continuou o caminho.

Qual a probabilidade de se ver um homem fazendo uma "porcaria" dessas?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Novo!

O blogger tá chique, hein? Ele agora tem "Design".

E aí, gostaram?

O texto está mais claro e os "acessórios" estão melhor distribuídos.

Eu já disse uma vez e repito

Às vezes, eu sou sem tato. Sou mesmo. E impaciente e, muitas vezes, intolerante também. Não sou uma mulher normal.

Você pode gostar de rosa. Eu não vou ligar.
Você pode usar salto. Eu vou achar o máximo.
Você pode fazer chapinha no cabelo e usar franja. Eu vou ficar com inveja.
Você pode ser Paty. Eu não me importo.
Você pode ser "mulherzinha". Eu também sou, às vezes.

Mas, nunca, em hipótese alguma, seja fresca(o) na minha frente.

Se eu quebro a unha, eu fico PUTA da vida, porque vai demorar de crescer e porque pode doer também. Mas você nunca vai me ouvir gritar: "Minha unha, ahhhh, minha unha, minha unha, MI-NHA U-NHA!" Como se o mundo estivesse acabando por causa de uma unha.

Eu não gosto de baratas. Eu vou subir na cadeira se vir uma. Mas, eu não vou ficar dando chilique. Se ela não sumir ou alguém não matar, eu vou dar um jeito de passar por ela sem ser notada. Eu não vou perder minha voz, nem meu dia por causa dela.

Eu não gosto de paparicos, eu não gosto de puxar o saco, eu não sou daquele tipo que encontra a outra no shopping e de lá do outro lado, grita: "Fulaaaana, ahhhhh!!!! Vc por aqui, ahhhhh" de forma histérica.

Em resumo, não dê piti para eu ver. Eu vou rir. Eu vou ser insensível. No máximo, vou pedir desculpa por não poder fazer nada e pra você continuar a gostar de mim. Porque eu sou cabra macho. Sou macho, filha do meu pai e da minha mãe. Filha da mulher que ria dos meus arranhões e dizia que não era nada e ia passar e ainda me ameaçava me fazer chorar "com gosto" (existe isso, meu zeus!) E passou. Quando eu arrombei o braço no asfalto quando cai da moto, era com rifocina na carne que eu tinha que lidar. Pergunta a marido se eu chorei. Porra, quem comprou a moto foi eu, quem sabia dos riscos era eu, quem, mesmo assim, resolveu sair com ela na chuva foi eu. Cai. Me estatelei no chão. Doeu. Mas, eu não dei piti no hospital. Eu não dei piti em casa. Então, por favor, não seja fresca!!!

Muito pior se você for um homem fresco!

P.S. Mãe nenhuma pra mim é fresca, tá? Já basta ter aguentado a dor do parto e as outras dores que vêm com o tempo.
P.S.2 Esse post é mais um recado para alguém que não vai ler do que para alguém entre meus leitores, viu? Eu só quis dizer...
P.S. 3 Sim, é TPM. Podem desconsiderar esse texto em 1, 2, 3.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pensando na minha mãe

Eu olho as minhas fotos e percebo o quanto sou parecida com ela. Mesma pele, mesmo sorriso, mesmas expressões faciais. Basta trocar o meu cabelo por um preto, curto e ondulado, encurtar e engrossar as minhas pernas em 10cm que vocês terão a versão da minha mãe.

O tempo vai passando e também vou percebendo o quanto da personalidade dela tenho em mim. Quantas vezes faço algo ou tenho uma reação esponatânea e lembro, imadiatemente, dela. Ela teria feito igual. O mais comum são as frases típicas que ela sempre disse em casa e que repito quando as situações são parecidas.

Algumas delas:
- Pimenta nos olhos dos outros é refresco. (quando queriam que ela fizesse algo a contragosto) Ou a menos educada: Tomar no quer ninguém cu. (quem me ensinou essa palavra foi ela. A gente se acabava de rir toda vez que ela dizia isso)
- Todo mundo nessa casa é sócio da COELBA (insira ai a sua companhia de energia - quando ela pegava muitas luzes em casa acesa)
- Todo mundo só quer o "venha a nós", "ao vosso reino" nada. (quando a exploravam)
- Hahaha! (Assim, essa risada, 3 ha's! quando alguma coisa a satisfazia)
- Deixa eu ir trabalhar/cuidar da vida/ limpar a casa, que a vida de vocês já está ganha e a minha não. (Não precisa de explicação)

E a mais típica de todas:
- Eu quero a minha mãe!! (dita com muito dengo e em voz alta. Nas situações em que só se quer colo, independente de ser o da mãe, o do marido, o do cachorro. A primeira coisa que se pensa é na mãe)

Estou com saudades da minha. Normal.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vizinho alemão

Eu já li em diversos lugares sobre o prazer (ou não) de ter vizinhos alemães. É óbvio que ninguém escapa disso morando na Alemanha, faça-me o favor.

Contudo, tem gente que tem sorte e outros não.

Eu acho que eu sou um misto dos dois. No meu prédio, são dois apartamentos por andar, de tamanhos diferentes. O nosso tem dois quartos (na forma de contar brasileira, aqui seriam três, pois a sala também é quarto), o do vizinho da frente só tem um, ele mora sozinho.

Logo quando nos mudamos, ele fez contato. Um senhor de uns 70 anos que mora no prédio desde que ele foi construído. Tentou ser gentil, nos disse os dias que o lixo é recolhido, o dia que limpam o andar, essas coisas. Temos sorte de termos um Hausmeister (um zelador) e não precisamos, nós mesmos, limpar o nosso andar ou providenciar serviços de reparo (pois é, morar por aqui pode ser bem chato. rsrs).

Os vizinhos do andar de cima são jovens, com um filhinho pequeno e muito simpáticos. Eles nos avisaram que o nosso vizinho é o blockwart (pessoas que, na época da DDR, espionavam seus vizinhos) do prédio, mas que numa versão light.

Depois desse aviso, ficamos observando suas atitudes. Ele sabe quando a gente acorda e quando sai do apartamento, quando volta, o que fazemos... essas coisas de vizinho xereta.

O ápice até agora foi quando ele recebeu uma encomenda nossa enquanto estávamos fora e, assim que chegamos, ele já estava com a porta dele aberta (porque sabia que havíamos chegado) e o pacote estava estrategicamente posicionado. Ele nem precisava fazer isso, já que o correio deixa a informação de onde está o pacote, mas tudo bem.

Marido entrou para pegar o pacote, trocou algumas palavras com ele e ele nos passou uma recomendação. Atenção para isso:

"Quando você sai do apartamento, poderia bater a porta com menos força, usando a chave, por exemplo? Você faz muito barulho."

Marido:
"..."

"É, sua esposa, quando sai, não faz tanto barulho assim!"

Acho que marido deu as costas sem falar nada. E eu, claro, fui mostrar a ele a forma correta de se bater uma porta para não incomodar o vizinho, tirando sarro. Eu perco o marido, mas não perco a piada.

Oi? O vizinho se incomoda com a força que marido usa pra fechar a porta??? Se nem escuto direito quando ele sai pra trabalhar, imagina o vizinho?

Ficarei atenta aos próximos capítulos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fui surpreendida

A festa foi ótima!
O primeiro convidado chegou às 16h.
As 20 pessoas vieram.
Amigos de marido que não me conheciam e que o conhecem de infância, viajaram mais de 400 km para nos encontrar. (O que para um alemão é muita coisa, acreditem)
Eu não enlouqueci.
Eu não me cansei.
Eu não queria que a festa tivesse acabado.
Eu conversei em alemão, mesmo com trocentas conversas paralelas ao meu redor (coisa impossível de acontecer dois meses atrás.)
Eles ficaram impressionados com o quanto de alemão eu já consigo falar. Eu também.
Eles adoraram nosso apartamento. Eu também.
Eles não sujaram a casa. Não do jeito que era esperado que 20 pessoas fizessem. O banheiro nem parecia que tinha sido usado. Vejam só. Alemães sabem se comportar.
Um amigo de marido se apaixonou por mim. Palavras "quase" dele: "que mulher linda, legal e interessante você tem..." e não parava de olhar pra mim, além de mexer nos meus cachos para saber se eram de verdade. Marido disse que amigo pode. Até porque, ele mora longe, bem longe. Hahahaha
A minha cunhada adorou ter me conhecido "no meu ambiente". Porque estava mais solta e falante. Como marido sempre disse que eu era e como ela nunca teve a oportunidade de conhecer. Mas, não contem pra ela que eu estava bêbada já no segundo copo de champagne, por favor. ;)
Eu ganhei quilos de chocolate. Povo mais sem piedade!
O último convidado, que também foi o primeiro a chegar, saiu às 02h. O apaixonado. Viu? Ele gostou da festa! Ou não só da festa. =P

No domingo, joga tudo no lixo, na máquina de lavar, passa aspirador de pó, cadeiras no lugar e PUFF! Tudo limpo!

Eu quero outra festa!!!

P.S. Ainda estou pensando se vou colocar as fotos. Alemão é meio reservado, né? Não quero encrenca.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Você sabe andar de bicicleta?

Foi com essa pergunta que uma colega do curso, já citada aqui, quase me tirou do sério.

Eu concordo com o comentário que a sábia Mônica deixou no post, mas, infelizmente, eu não sou perfeita. Ainda.

Estávamos combinando com o meu querido professor uma excursão cultural por Berlin a ser feita de bicicleta na próxima semana. No momento, ela ainda não havia chegado. O prof. perguntou quem tinha bicicleta e quem sabia andar, todo mundo sabia, só uma coreana ainda não tinha bicicleta.

No final da aula, o prof. repetiu pra ela o que havíamos combinado e ela disse que não sabia andar de bicicleta. Até aí tudo bem, o professor disse que levaria ela na garupa (bonzinho ele, né?).

Na saída, ela vira pra mim e pergunta:
"Você sabe andar de bicicleta?"
"Sim."
"Mas como, se eu não vi ninguém no Rio andando de bicicleta?"
Segura na mão de Deus, conta até dez e evita falar umas verdades. Respira:
"Mas, o Brasil não é só o Rio, né? E no Rio muita gente anda de bicicleta na orla de Copacabana, por exemplo."
"Eu não vi."
Respira de novo.
"E eu não moro no Rio. O Brasil é grande, sabia?"
"Ah..."

A pessoa vai no Rio dois dias da sua vida, anos atrás e acha que é tempo suficiente para conhecer o país inteiro e ainda fazer considerações cheias de verdade.

"Nunca vi bicicleta no Rio." Só faltou dizer que a gente anda pendurado em cipó.

Respira, respira!

P.S. Vou falar da festa, calma. Primeiro, queria desabafar isso aí, antes de dar na cara dela! hahahaha

sábado, 5 de junho de 2010

Hoje tem festa no apê

Vai rolar bundalelê. NOT!

Festa do casamento. 20 pessoas. Comida. MUITA cerveja e vinho. Música. Pratos. Copos. Talheres. Sujeira. Máquina de lavar. Cozinha. Chão. Carpete. MUITO alemão. Eu. Enlouquecida. Eles. Divertindo-se. Morri.

Se sobreviver, volto pra contar.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Culta, eu?

Meus micos até que tinham diminuído... até... não para sempre.

Marido e eu andando, voltando pra casa, quando passamos em frente a um cartaz. Eu olho pro cartaz e digo:

"É, tem gosto para todo tipo de filme."
"Quê?"
"O cartaz daquele filme ali, que coisa ridícula."
"Isso não é o cartaz de um filme. É de uma ópera." (O que explica os trajes e maquiagens extravagantes)

Virei avestruz e enfiei minha cara no primeiro buraco que vi.

A ópera? Nem lembro o nome.

Se já vi alguma? Nunca. Pobre é uma desgraça!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Colegas latinos

Na minha turma do curso tem vários colegas de origem latina. Tem da Espanha, Colômbia, Equador, México e Peru. Por causa disso, o espanhol é a segunda língua na sala, ao invés do inglês (recurso utilizado para explicações em último caso).

Pausa. Já nem tem mais graça saber que todos os professores falam inglês e espanhol fluentemente, dá uma invejinha básica. Eu chego lá um dia. Fim da pausa.

Contudo, a única que merece um tópico especial neste meu post é a peruana. Ela, com certeza, tira colegas e professores do sério. Ela não é burra, é estudiosa, só sossega depois que entende um assunto... O problema está na forma simples de pensar. Ela namora um alemão, mora aqui há uns seis meses. Mas, ela não conhece NADA sobre a Alemanha. Ela faz cada pergunta desnecessária, que valhaminhanossasenhoradoperpétuosocorro! (conseguiram ler isso?)

Exemplo 1:
Depois de 4 meses de curso (eu escrevi 4 meses!) ela pergunta ao professor porque numa frase tem "Sie", ao invés de "du", já que "du" significa "você" e era a conjugação correta para a frase. Até aí, tudo bem. O problema é que isso é uma das primeiras coisas que a gente aprende. Existem duas formas de "você" em alemão: o "du" e o "Sie".

O "Sie", com letra maiúscula, substitui o "Sr" ou "Sra" na frase. É usado para falar com pessoas mais velhas, de certa posição, ou desconhecidos, ou quando a ocasião pede educação e formalidade.

Quatro meses depois e ela "descobre" que o Sie também é segunda pessoa em alemão. Quatro meses!!!! O mais estranho é que os alemães nos recomendam aprender logo isso, porque, para muitos, essa questão do tratamento é super importante. O namorado dela não contou??

Exemplo 2:
Ela não para de fazer comparação entre Lima e Berlin. Gente, não dá pra comparar uma capital da América do Sul com uma capital da Europa. Simplesmente, não dá!

Você não pode dizer, por exemplo, que o preço do aluguel em Berlin é igual ao preço do aluguel em Lima. Não é! A moeda é outra, caramba!!! O nível social é outro!! O valor do dinheiro é outro!!! E a gente interrompe, quando ela faz essas coisas. Não temos mais paciência, falamos logo: "Fulana, não dá pra comparar, aqui é Europa, sacou?"

Coisa é quando ela se assusta com uma informação básica sobre a Alemanha e solta:
"Jura? Aqui é assim???"

O professor ri na cara dela, claro. Meu querido professor.

Pidamonhagaba! Se seu namorando não conversa com você sobre o país DELE, vai ler blog que você aprende como é! Rá!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Qualidade de vida

Depois de ter visto essa reportagem aqui e de ter se orgulhado por Berlin estar em 17. lugar no ranking de qualidade de vida - muito melhor, comparando com a cidade brasileira melhor colocada que está 104. lugar, Brasília - marido vai na cozinha e abre um champagne.

Ele serve as taças e me entrega uma, ele olha pra mim com a cara mais cínica do mundo, eu já prevendo uma sacanagem, e diz:

"Você não quer voltar a ser pobre, né?"

Eu tive uma crise de riso, claro!

O detalhe é para o valor do champagne: 2,80 euros!

Não preciso responder mais nada...