segunda-feira, 29 de abril de 2013

Curiosidades sobre a Alemanha - a minha versão

Depois do textos do francês, alguns brasileiros que moram em outros países estão fazendo a mesma lista. Li uma lista de um brasileiro na Alemanha e como acho que posso contribuir com outros pontos, estou fazendo a minha versão.

Ao contrário do que muitos vão pensar, não é uma comparação do tipo certo ou errado, melhor ou pior. É claro que, com base na minha visão brasileira, consigo perceber o que é diferente na cultura alemã. Tomem esse texto como um relato de fatos e observações minhas nesses mais de três anos na Alemanha. E como toda lista, há muita generalização.

  1. Aqui na Alemanha se gosta muito de esporte. Gostam de futebol, basquete, hóquei... Mas, o esporte preferido mesmo é o de reclamar. Reclamam se o tempo está ruim, se está bom, se o trem atrasa 5 minutos, se você faz uma paradinha estratégica no meio da rua...
  2. Aqui na Alemanha se assoa o nariz em qualquer lugar, inclusive, à mesa. E eles não são nada discretos. Não se assuste se estiver tranquilamente sentado num banco de praça e alguém passar por você e fizer sons nada agradáveis num lenço de papel.
  3. Por falar em lenço de papel, aqui na Alemanha, eles sempre têm lenços de papel nos bolsos, nas bolsas... Podem ser usados, do inverno passado, ou novinhos, ainda no pacote.
  4. Aqui na Alemanha, não existe o hábito de se tomar banhos várias vezes ao dia. E muitos nem tomam todo dia. Isso também no verão. Eles dizem que gastam a pele e o hábito é perceptível no ar, nessa estação.
  5. Aqui na Alemanha, existem milhares de quilômetros de ciclovias por todo o país. Os ciclistas andam para todos os lugares e, muitas vezes, em qualquer tempo. Inclusive embaixo de temperaturas negativas.
  6. Aqui na Alemanha, pedestre sempre tem prioridade. Os carros param para você atravessar. A menos que o pedestre esteja, por distração, ocupando a ciclovia. Aí, ele vai ouvir a buzina ou os gritos de ciclistas mais estressados para sair do caminho deles.
  7. Aqui na Alemanha, existem inúmeros parques. Bonitos, organizados e bem cuidados, tanto pela prefeitura quanto pelos moradores.
  8. Aqui na Alemanha, existem inúmeros parques. Aqueles em que se pode fazer churrasco, aquele em que se pode deixar o cachorro solto e aqueles em que terá uma mulher fazendo topless e cinco metros depois, uma de burca.
  9. Aqui na Alemanha, no verão, cada metro quadrado de grama nos parques ou praças é disputado. Os alemães parecem lagartixas se expondo ao sol, depois de meses de inverno e escuridão. (Thiago, essa é pra você!)
  10. Aqui na Alemanha, tem as quatros estações bem definidas. Assim como as estações mudam, o humor também muda. Coitados de nós quando o inverno é longo....
  11. Aqui na Alemanha, ser gay é ok. O prefeito de Berlin é gay. No seu discurso de posse, ele disse: "eu sou gay, e está bom assim!".
  12. Aqui na Alemanha, existem todos os tipos de moda. Você pode encontrá-las todas num único  dia nas ruas. Ou numa única pessoa.
  13. Aqui na Alemanha, você pode sair com um moicano (o corte de cabelo) verde, azul ou lilás, uma roupa rasgada e ninguém vai apontar o dedo te criticando. Eles vão olhar, mas vai ficar só no olhar.
  14. Aqui na Alemanha, pode-se encontrar pessoas bebendo cerveja às 10h da manhã. Alguns já estão bêbadas nesse horário.
  15. Aqui na Alemanha, é normal encontrar pessoas peladas nos parques durante o verão. Principalmente, em estados da antiga DDR. Eles ainda acham estranho quando os brasileiros estranham esse comportamento.
  16. Aqui na Alemanha, existem saunas mistas. As pessoas ficam peladas lá, mulheres e homens. E estranham se brasileiros não aderem a esse comportamento.
  17. Aqui na Alemanha, ser machista está fora de moda. Mas, ainda existe muito sexismo. Muito.
  18. Aqui na Alemanha, o transporte público é integrado e, relativamente, pontual. O ônibus vai chegar a poucos minutos da partida do metrô, do bonde ou do trem. Com a mesma passagem, você pode andar em todos eles, na mesma cidade.
  19. Aqui na Alemanha, não tem cobrador ou catraca nos metrôs, trens ou bondes. Mas, existe fiscalização regular. Caso você seja pego sem passagem, a multa é de 40 euros. Nos ônibus, o cobrador é o motorista.
  20. Aqui na Alemanha, ainda existe nazismo e um partido político neo-nazista. Porém, quando essas pessoas organizam uma passeata em determinada cidade, aonde 200 neo-nazistas estarão presentes, 2000 civis estarão na mesma rua para impedir essa manifestação e mais 3000 policiais estarão nas ruas para impedir surtos de violência. (Números meramente ilustrativos)
  21. Aqui na Alemanha, pobreza não é passar fome, mas não participar da sociedade.
  22. Aqui na Alemanha, pelo menos em Berlin, vivem cerca de 140 nacionalidades diferentes.
  23. Aqui na Alemanha, um estrangeiro nascido na Alemanha, com passaporte alemão, continua, frequentemente, sendo tratado como estrangeiro, fazendo parte da população com "história de migração".
  24. Aqui na Alemanha, os caixas automáticos ficam expostos nas ruas.
  25. Aqui na Alemanha, é mais fácil um carro dormir na rua aberto e, no dia seguinte, continuar no mesmo lugar, do que uma bicicleta. Melhor não arriscar nem uma coisa nem outra.
  26. Aqui na Alemanha, existe o "bairrismo". Berlinenses acham que Berlin é melhor que Hamburg, os de Hamburg acham que Hamburg é melhor que Berlin. E o muniquenses acham que Munique é melhor que o resto da Alemanha. :)
  27. Aqui na Alemanha, quando se visita alguém em sua casa, costuma-se tirar os sapatos e deixar na entrada. Você vai entender isso num dia de muita neve e lama, caso alguém entre na sua casa e esqueça de tirar os sapatos. Principalmente, se seu chão for encarpetado.
  28. Aqui na Alemanha, quando se visita alguém em casa pela primeira vez, costuma-se levar algum "mimo". Pode ser um vinho, flores, chocolate...
  29. Aqui na Alemanha, alemães gostam muito de viajar. Viajam pelo próprio país, pela Europa, África, Áméricas... Por isso, eles podem te olhar de cara feia se você disser que nunca esteve na Amazônia.
  30. Aqui na Alemanha, os alemães acham meia hora para chegar de um lugar ao outro dentro de uma cidade, muito tempo. 200km é muito longe.
  31. Aqui na Alemanha, toma-se sorvete em qualquer época do ano. Quase.
  32. Aqui na Alemanha, também existe o chá ou café da tarde, com bolo ou biscoitos.
  33. Aqui na Alemanha, vinho é muito barato. Até o chileno.
  34. Aqui na Alemanha, homem faz xixi sentado quase sempre. O que dá pra entender, se levar em consideração que quem limpa mesmo o banheiro é ele.
  35. Aqui na Alemanha, não existe empregada doméstica. Só os muito ricos têm. Mas, existe faxineira. Que são, muitas vezes, estrangeiros ou estudantes universitários precisando de renda extra.
  36. Aqui na Alemanha, muito mais em Berlin, as marcas das guerras ainda são visíveis, principalmente quando se anda nas ruas e se vê no chão uma plaquinha dourada em frente a alguns prédios: "nessa casa morou a família Y, enviada para o Campo de Concentração na data X e morta na data Z"
  37. Aqui na Alemanha, remédio só é obtido com receita médica, é "gratuito". Porém, dependendo do remédio, pode-se pagar uma taxa de 5 ou 10 euros. Mas, xaropes, vitaminas e analgésicos comuns, por exemplo, podem ser comprados sem receita.
  38. Aqui na Alemanha, existe corrupção, sonegação de imposto e "jeitinhos". Como o caso de plágio da tese de doutorado do ministro. Por conta disso, ele teve que renunciar ao caso. Ou o antigo presidente, que foi acusado de tráfico de influência e também saiu. E as contas na Suíça dos ricos alemães dizem muita coisa.
  39. Aqui na Alemanha, a última categoria de estrangeiros é a dos refugiados. Ninguém quer e muitos fingem que nem existem. Contudo, por conta do seu histórico de guerra, a Alemanha não nega a entrada. Só dificulta a permanência.
  40. Aqui na Alemanha, muita coisa é "Do it yourself", porque mão de obra é muito cara. Pintar a casa e montar os móveis é responsabilidade dos moradores.
  41. Aqui na Alemanha, em 99% das casas de classe média pode-se encontrar móveis da IKEA. Não só porque são mais em conta, como porque são fáceis de montar.
  42. Aqui na Alemanha, os alemães fazem o número 3 com a mão usando o polegar, indicador e dedo médio. Lembram da cena de Inglorious Bastards?
  43. Aqui na Alemanha, garçons e atendentes de lojas falam inglês nas grandes cidades. Mesmo que seja macarrônico.
  44. Aqui na Alemanha, o rival no futebol é a Holanda. Na economia e cultura, a França.
  45. Aqui na Alemanha, em muitos lugares, como restaurantes ou prédios residenciais, cachorros são mais bem vindos do que crianças pequenas.
  46. Aqui na Alemanha, os cachorros são bem educados, quase não precisam de coleiras.
  47. Aqui na Alemanha, os estrangeiros têm mais crianças que os alemães.
  48. Aqui na Alemanha, estudante universitário recebe ajuda financeira para estudar. Entra na universidade por mérito de nota.
  49. Aqui na Alemanha, nas escolas, a nota mais baixa é o 6 e a mais alta é o 1.
  50. Aqui na Alemanha, economicamente, o muro que dividia a Alemanha Ocidental da Oriental ainda existe.
  51. Aqui na Alemanha, internet é rápida e barata. Existem planos de telefonia que incluem o telefone fixo, celular e a internet num mesmo pacote, num mesmo preço.
  52. Aqui na Alemanha, tem muito feriado. No Natal, por exemplo, dia 26 é feriado. Na páscoa, a sexta e a segunda. 
  53. Aqui na Alemanha, o ano letivo começa em julho/agosto. As férias escolares são: 6 semanas no verão, 2 semanas no outono, 10 dias no Natal e Ano Novo, 1 semana no inverno, 2 semanas na Páscoa. As datas variam de estado para estado.
  54. Aqui na Alemanha, não se fala abertamente de dinheiro, salário etc. Os funcionários são proibidos de falar quanto ganham para os colegas de trabalho, por existir a "livre concorrência".
  55. Aqui na Alemanha, existe uma palavra para cada tipo de "amigo". Colega de trabalho, colega de república, colega de escola, colega de faculdade, amig@/namorad@.
  56. Aqui na Alemanha, é o aniversariante que leva o bolo para os colegas de escola/faculdade/trabalho.
  57. Aqui na Alemanha, é importante olhar a previsão do tempo antes de sair. Pode estar fazendo sol, mas estará frio. Pode estar um céu azul lindo, mas vai chover no fim do dia. E pode nevar em pleno mês de abril.
  58. Aqui na Alemanha, batata é o feijão com arroz de todo dia. Trazida pro país há 300 anos, salvou a fome dos alemães em muitos períodos por resistir ao frio e poder ser armazenada por muito tempo.
  59. Aqui na Alemanha, você não pode chamar alguém com "Psiu!", "psiu!" é para cachorro. 
  60. Aqui na Alemanha, tem praia. Tanto no mar, quanto em rios ou lagos (áreas de banho). Só que sem coqueiro. Pessoas vão de sunga ou biquinis. Ou trocam de roupa lá, na sua frente. Ou ficam pelados mesmo.
  61. Se eu não parar agora, a lista não teria fim.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sobre ser a segunda opção

Li sobre no blog de uma fofa e fiquei refletindo sobre isso. E, olha, só Deus sabe, os ouvidos do marido e os da terapeuta como é complicado pra mim essa história de ser a segunda opção.

Estou falando da busca por empregos. Tem gente especializada, de áreas que estão bombando, como   informática ou engenharia, que não passam, necessariamente, por essa situação. Grassazadeus. Mas, contudo, porém, todavia, tem aquelas pessoas que inventaram de estudar administração no Brasil e que ainda vem morar num país em que pra se trabalhar no RH TEM QUE ter estudado RH, para trabalhar com finanças TEM QUE ter estudado finanças (e isso são só alguns exemplos). Um currículo genérico tem muito poucas chances no mercado. Mas, mesmo que você tenha estudado administração, uma pós em marketing e muita experiência em gestão de projetos, você ainda pode ser considerada segunda opção.

Porque, a realidade é que, entre escolher uma pessoa que não domina a língua e levaria muito mais tempo para escrever um relatório, por exemplo, um nativo será, muito provavelmente, escolhido no seu lugar. Mesmo que ele não tenha tanta exepriência quanto você.

É possível que o desespero bata. É. Já bateu aqui várias vezes. Mas, eu digo e repito: não desista. Ou se readapte. De novo, Eve? Já não vim pra cá tendo que me adaptar? Sim, veio. Só que você só sabe o que te espera de verdade quando está lá, botando a cara à tapa, certo? Então. Não adianta só ouvir os conselhos. Tem que sentir na pele.

Uma das melhores qualidades dos seres humanos é a de adaptação. E acho quqe brasileiro passou na fila duas vezes, porque ô povinho camaleão, viu? Use isso a seu favor. Não está dando certo nessa direção? Mude. Seja criativo.

Ou, como falei para um colega grego recentemente: vamos parar de nos desvalorizar. Por que eu tenho que mandar currículo para aquela vaga que eu nem queria, mas porque estou precisando de emprego vou mandar assim mesmo, quando na verdade, meu lugar é em outra posição? Por que, se eu tivesse no Brasil e um entrevistador me perguntasse "Você tem experiência nisso?" eu responderia sem medo "tenho!", mesmo que a minha experiência seja de um mês ou que eu tenha visto isso de raspão na uni e aqui não faço a mesma coisa?

Porque, ao lerem seu currículo, vão saber que é supervalorizado para o cargo e, por isso, não irão te contratar. Ou ao dizer que não sabe uma coisa (porque, internamente, você "pensa" que os nativos fazem melhor), está perdendo a oportunidade de mostrar sua vontade de aprender, sua determinação.

Eu quero muito, um dia, chegar aqui e contar pra vocês que arrumei um emprego bem legal. Que, dessa vez, não fui a segunda opção.

Oremos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Falando de hômi

Amiga minha andou se estressando com a falta de iniciativa/capacidade de decisão dos hômi alemães. Eu disse que achava que era um fator cultural, porque alemão em geral não está acostumado a ter que dicidir ou correr riscos. Eles sabem que o trem vai passar no horário, que vão ter a vaga na universidade, que não vão passar fome se ficarem desempregados e blá!

Não sei se ela ficou muito convencida disso. Daí, fui tomar café com uma amiga alemã e perguntei a ela o que ela achava dos homens alemães, se eles eram indecisos mesmos, ou se só os exemplares que apareceram na vida dessa amiga é que eram.

A alemã, claro, concordou. Ela disse que tem muito amigo que não sabe lidar com decisões/dramas da vida real. Principalmente, os que já alcançaram os 30. Disse que as mulheres alemães conseguem lidar melhor com as mudanças que ocorrem e os homens não sabem nem como começar a resolver. Entram em pânico. Ela deu o exemplo de um amigo que estava com problemas no relacionamento, que não sabia mais para onde ele iria e que, por isso, sem mais nem menos, terminou o namoro. Simplesmente, porque ele não queria assumir que estava ficando sério demais. Muito mais fácil afastar o "problema" do que resolvê-lo, né?

E apresentei minha teoria. Ela também concordou. Então, negócio é colocar esses hômi num ponto de ônibus lotado no Brasil, ou num trânsito de verdade, para eles aprenderem a decidir. Não só aprenderem a decidir, como aprenderem a decidir rápido. Porque, opa, mérmão, dormiu no ponto, agora se vira aí e sai desse engarrafamento. hahahaha

Dramas da vida moderna. Deles. Da minha não.

Solução pra amiga: procurar outra nacionalidade.

P.S. Generalizamos, né?

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O poder do sussurro

Pessoa tem que comprar um par de tênis novo. Pessoa quer/precisa fazer atividade física e, para isso, precisa de tênis adequados.

Entra numa loja e pede instruções para a vendedora, porque ela não sabe qual o mais adequado.

Vendedora pergunta se vai correr. Pessoa diz que não. Vai caminhar e ir pra academia. Porque correr não pode.

Vendedora olha para os pés da pessoa. Que, nesse dia, está com a imitação de um All Star nos pés, que não custou mais que 10 euros. Sou dessas.

Vendedora leva a pessoa até as prateleiras e fala: tem esse modelo aqui, mais adequado para o que você quer. Modelos de mais de 100 euros. Aí, sem mais nem menos, vira as costas e sai dizendo:

- Se é que você vai querer mesmo.

Fidaputa. Vaca. Sem educação.

Falei entre os lábios, sussurrando.Foi a minha vez de dar as costas e ir embora.

Mas saí de alma lavada.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Tô de olho...

Tipo assim... tipo assim mesmo, sabe?

Conheço uma moça alemã super simpática que é amiga de uma amiga da família. Ela tem dois filhos. Um de 13 e uma de 3. Aí que, recentemente, ela se separarou do marido, pai dos filhos dela.

Um dia, conversando com ela sobre sei lá o quê, ela fala sobre o cunhado e depois se corrige: "ops, ex-cunhado". Conversa vai, conversa vem, me diz:
- O seu mundo ainda está em ordem. (Se referindo ao fato de eu "ainda" ser casada)

Sorri e segui com a vida, né?

Fui na casa dela uma vez. Ela fez algumas perguntas, falei de marido e ela fala:
- Ele é um homem muito bom. Agradeça por tê-lo.

Sorri e segui com a vida, né?²

Pausa para um parêntesis:
A amiga em comum (da família) me chama de "Eve" pra cima e pra baixo. Que, claro, é apelido, ok? Ou vão dizer que vocês não sabiam?
Fecha parêntesis.

Daí que essa moça está avaliando alguns softwares para comprar e me pediu uns conselhos. Eu fui inventar de falar para marido, que é o expert em casa. Mais uma vez, conversa vai, conversa vem, ele resolveu dá uma consultoria pra ela. E marcaram de se encontrar na próxima semana.

Pausa para o segundo parêntesis:
A amiga em comum (da família) chama marido de Burki pra cima e pra baixo. Que, claro, é apelido, ok? E essa parte vocês não tinham como saber.
Fecha parêntesis.

Aí ela me manda email pra avisar que marcou a reunião com o "Burki" na casa dela semana que vem e que se eu quiser aparecer, que estou convidada.

Véio! Ela nuuuuunca me chamou de "Eve", mesmo eu já tendo ido na casa dela várias vezes, de nos encontrarmos com frequência e muitas vezes em companhia da amiga em comum que me chama de Eve pra lá e pra cá.

Agora, vem e chama O MEU MARIDO de Burki sem ter nenhuma intimidade com ele?
Qualé?

Nem preciso dizer que vou junto, né? Ai ai...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Memória de elefante

Quando morava no Brasil, tinha uma ótima memória para números. Sabia CNPJ, CPF meu e de marido, RG, número de contas bancárias, as senhas. Tudo de cor.

Vim para a Alemanha e estou a, pelo menos, dois anos tentando decorar o número da minha conta bancária e nada. Fora que, automaticamente, esqueci os números do Brasil.

Os dias que passei no Brasil, aproveitei para tentar regularizar questões da previdência, já que parece que o acordo entre os países, enfim, vai sair. Veja aqui.

Aí, o milagre acontece: lembro do meu CPF e do marido como mágica sem nem precisar verificar nos documentos.

Dizem que a expressão "memória de elefante" vem do fato de que elefantes se lembram a vida inteira, apesar de nômades, do local aonde nasceram e sabem para onde devem ir quando vão morrer. Confere?

Bom, eu não sei aonde vou morrer, mas sei aonde nasci. Deve estar aí a conexão, né? Espero...

terça-feira, 9 de abril de 2013

Os alemães e o Brezel. O Brezel e eu.

na verdade "a" Brezel. Mas, ó, não dá, só falo em português no masculino.

Acho que todo mundo que mora na Alemanha já descobriu que Brezel (ou Bretzel) é um lanchinho básico e rápido super famoso por aqui. Nos Biergärten é o que mais tem para acompanhar a cerveja.

Pra ser sincera, não achava muita graça. Não tem sabor de coisa alguma, a não ser as pedrinhas de sal ou sementes que eles colocam por cima. Claro, até eu descobri que com manteiga ou queijo fica gostosinho e minha opinão mudou.

O que seria do mundo se eu não mudasse minha opinião, né? O fim. :)

Aí, estava à caminho de um compromisso e lembrei que não tinha comido nada. Passei rapidinho numa padaria e pedi um com manteiga. A atendente foi lá dentro passar a manteiga, enquanto isso, outra atendente, que não tinha me visto pedir, me pergunta se quero fazer um pedido. Eu respondo que já tinha feito e estava aguardando. Dois clientes foram atendidos e eu aguardava ainda. Zzzzzz...

A segunda atendente olha pra minha cara e vai lá dentro. Tempos depois volta com o Brezel na mão, me diz o valor, eu pago e ela coloca-o numa sacolinha de papel para eu ir comendo no caminho.

Na hora de me entregar, diz:
- Demorou porque a moça cortou o dedo.
- Autsch! (ai!)

Peguei meu pacotinho e fui embora.

Depois que já estava na metade foi que dei um estalo:
- Sangue!!! Será que respingou sangue no meu Brezel!?!?!? Ahhhhh, eu quero a minha mãe! Eu vou morrer!!!! Chéssus! Chéssus!

Quem disse que eu consegui terminar de comer?

Doida, eu sei.

domingo, 7 de abril de 2013

Abrindo espaço para o novo

Todo início de primavera/final do outono passo pela terapia de arrumar o guarda-roupa. Tirando as roupas de inverno/verão e colocando as roupas de verão/inverno à mão.

E sempre que faço isso, aproveito para tirar as roupas que ou estão velhas, ou não uso mais, ou que comprei e nunca nem usei e passo adiante. Ano passado, por conta dos meus períodos de hospital, altos e baixos com a minha saúde, exagerei na compra de roupas. Era para compensar. Tem umas que eu nunca usei.

Por isso, prometi que ia ficar um tempo sem comprar roupas. Consegui cumprir. Foram 6 meses, em que só comprei uma saia e uma blusa. Depois, arrumei parcialmente o guarda-roupa no final do ano passado e separei roupas de inverno para uma brasileira que chegava para ser au pair aqui.

Semanas depois, ganhei uma sacola de roupas de inverno de uma amiga. Todas praticamente zeradas.

Essa semana, seca por ver colorido na minha vida, nas ruas e nas pessoas, comprei 2 vestidos e uma saia longa super estampados. Ainda não arrumei o guarda-roupa para a primavera, porque ainda não esquentou o suficiente para "esconder" as de inverno. Mas, já sei o que sai e o que fica.

Porque eu quero abrir espaço para o novo. Porque sempre que eu tiro ou dou, eu recebo. Porque eu crio a minha corrente. Assim vou seguindo.

E você?

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dos desajustes sociais: um deles

Introdução: fiquei dez segundos pensando como é mesmo que se escreve desajuste. Estou ficando velha. E cansada.

Pela estrada a fora, eu vou bem sozinha... opa, naaahhh, história errada. Estava indo ao supermercado, quando um senhor se aproxima de mim e pergunta:
- A Sra. sabe aonde tem por perto um lugar que sirva sopa pra sem teto?
- Hummm, tem um na rua tal, pro lado de lá. (É ao lado do correio, por isso eu sei)
- Já estive lá, está fechado por conta do feriado. (Foi no sábado, não tinha que estar fechado. Enfim...)
- Desculpa, então não sei mais aonde tem outro.
- Eu precisava de um lugar nem que fosse pra conseguir um pão hoje.

Coração apertou, eu já estava com a mão dentro da bolsa, tirando a carteira, quando ele pergunta:
- A senhora não teria um "miúdo" pra mim, não?

Tiro uma moeda de 2 euros e dou pra ele. Ainda completo:
- No Kaiser´s (supermercado aonde estava indo), vendem sopa por 1 euro.
- Que bom que eu encontrei uma senhora tão boa no meu caminho... bla bla bla whiskas sachê.

Ele seguia ao meu lado, indo para o mesmo lugar que eu, quando para de repente, agradece mais uma vez e dá as costas.

Sei lá o que ele queria agora? Segui meu caminho.

Uns metros à frente, resolvi olhar pra trás para ver em que direção ele estava indo, se da mesma que veio, por exemplo.

Que nada. Ele entrou num cassino que tem na esquina da rua em que estavávamos. Juro que deu vontade de ir lá, bater nas costas de dele e dizer: "Devolve!". Mas, né, não é do meu feitio.

Depois fiquei pensando: culpa minha que dei muito dinheiro pra ele. Se tivesse dado só o suficiente para o pão, ele teria comprado só o pão... E, ah, quer saber, deve ser por isso e entre outras coisas também que não tem um teto sobre a cabeça.

E 2 euros é muito dinheiro, Sra. Ricaça? Véi, com 2 euros, dá pra fazer uma janta e ainda sobra pra uma boquinha no dia seguinte. Quanto é 1kg de batata e 2 linguiças? E se ele não tivesse aonde fazer a comida, o pãozinho é 0,15€. Ou daria para dois pratos de sopa no supermercado.

Mas, o vício...