sábado, 28 de janeiro de 2012

Curtinha do hospital

Marido veio comigo, né? Apoio moral... rs
Entrou no consultorio comigo e o Herr Professor nos atendeu. Médico entra, olha pra marido e diz:
- Ah, então você é o pai!

Marido rindo:
- Pelo contrário. Eu sou o marido.

Médico olha pra mim, olha pra ele e completa:
- Então você é um homem muito sortudo.

(Pausa: antes do médico entrar, a enfermeira já tinha mandado eu me "aprontar" para o médico avaliar a pele. Fim da pausa.)

E a cena se completa comigo de calcinha e sutiã...

Só faltou olhar os dentes.

P.S. Final de semana não rola nada nesse hospital. Rezar para uma novidade na segunda ou terça, antes de eu pirar completamente.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Rata de laboratório

Lembram do post da Borreliose? Pois é. Não era. Ou foi e agora é outra coisa. Não sabemos.

Voltou tudo com força total. Aonde era só mancha está inchado e dolorido. Fui em dois médicos e nenhum soube me dizer ao certo o que eu tenho.

Então, eu, que só aparecia em hospital pra fazer visita, estou sendo visitada agora. Todos chora. Eu mais ainda. Porque enquanto não descobrem o que eu tenho (porque, oi, não é tão simples quanto parece), estou sendo cobaia, fazendo um monte de exames, sendo furada (ui!) e tendo pedaços (três) do meu corpo sendo arrancados. Sim, sou dramática.

Marido que me ama e não quer me ver morrendo (mais ainda) de tédio, trouxe o notebook pra mim, com net, para eu poder ler, pelo menos, emails. Porque essa net é lenta pra porra e eu estou aqui de ousadia.

Post editado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

É porque o Brasil é uma ilha...

Por hoje, deixo vocês com duas situações corriqueiras da minha vida de estrangeira/brasileira na Alemanha.

Situação 01:
Quando eu encontro um(a) estrangeiro(a) não europeu (turco, libanês, iraniano, nigeriano...Abre parêntesis no parêntesis: oi? Eu sei, Turquia é europa também. Mas, entendam, façam-me o favor, que estou me referindo a cultura ocidental, oriental... ops, África é ocidente. Ahhh... blá! Não sei mais como explicar... Fecha parêntesis do parêntesis)) e falo que sou brasileira, eles, claro, sempre tentam puxar assunto, como a maioria faz. O que eu acho engraçado é aquele momento constragedor que acontece por alguns segundos entre uma pergunta e outra. Exemplifico:

- Sou brasileira.
- Que legal! Eu também conheço uma brasileira.
- ...
- O nome dela é Maria/Joana/Abgail.
- ...

E aí a pessoa olha pra mim, esperando uma reação e fica aqueles dois, três segundos mais constrangedores possíveis. Eu penso:
"Ele quer que eu diga que eu sei quem é?"
"Ele acha que eu conheço todas as brasileiras de Berlin?"
"De que tamanho ele acha que é o Brasil?"
"Quantos brasileiros ele acha que tem na Alemanha?"

Aí eu só digo:
- É mesmo? E ela mora em Berlin?
- Ah, não, já foi embora, voltou pro Brasil.

PQP! E você queria que eu conhecesse, meu caro? Sério isso?

Situação 02:
Alemães quando ficam sabendo que eu sou brasileira:
- Ah, eu tenho um amigo que está no Brasil a trabalho/férias/paixão/loucura/whatever/wie auch immer.
- Em que região?
- Ah, acho que é perto do Rio de Janeiro/São Paulo. (Únicas cidades que eles conhecem) Fala aí uma cidade perto de lá.
- Oi?
- É, fala o nome para ver se eu me lembro.

"Ai, meu Deus, dai-me paciência." Penso eu com meus botões. E respondo (Por quê? Por quê?):

- Niterói? Guarulhos? (Poxa, não é pra ser perto do Rio e/ou SP?)
- Não, acho que começa com S.
- Santos?
- Quase. É Sal... Sal...
- Salvador?? (E eu já com vontade de sair correndo.)
- Isso! Salvador.

Porra, amigo, e isso é perto? Em que país você acha que eu moro? Ilha de Malta?

sábado, 21 de janeiro de 2012

Dois anos de Alemanha

E só tenho algumas coisas a dizer:

Não é fácil recomeçar do zero aos 28.
Não é fácil continuar nesse recomeço aos 30.

Não sou mais "Alice" deslumbrada.
Mas, continuo sendo "Alice".
Porque continuo tentando.
Tentando ver o lado positivo.

Porque a decisão de estar aqui é minha.
A de permanecer também.
E eu tenho o dever de fazer minha vida mais bela, independente de onde esteja.

Não é fácil recomeçar sem ter ainda o "seu lugar ao sol".
Mas, é mais fácil quando se sabe ter um lugar especial na vida de alguém.

Algumas coisas nunca são em vão.
Outras se vão.

Você percebe que o pique vai diminuindo.
Todavia, o otimismo e a esperança sempre estão lá te cutucando.

Não é fácil recomeçar.
Mas, é bom acompanhar esse recomeço.
Às vezes cansa. Cansa muito. E só.

Não é, não foi e não será fácil.
Ninguém disse que seria.

Só que eu ainda encontro motivos pra sorrir.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vinho

Daí que eu aprendi a beber vinho. Sim.
Mas, pera lá, deixa eu explicar.

Eu sempre bebi vinho. No Brasil, era a bebida favorita. Apesar de ser uma bebida que eu não podia "bancar" sempre. Cerveja sempre foi, para mim, sinônimo de praia. Vinho, aqui, continua sendo a minha bebida favorita.

Daí que aprendi a beber vinho na Alemanha. Um vinho "bom" pode ser comprado por 4 euros. Sim, 4 euros. E, ó, chileno!

Não. Eu não virei expert em vinho. Não virei somelier. Ou é sommelier? Keine Ahnung!

Eu quero dizer que eu aprendi a beber muuuito vinho.

Antes, eu só aguentava uma taça de vinho. Aí ficava logo bêbada. Agora, já aguento dividir uma garrafa com outra pessoa. Umas quatro taças, certo? Pois é.

O que isso tem de importante? O fato de eu poder "socializar" um pouco mais com as pessoas. Porque eu achava chato ter que parar de beber enquanto todos ainda bebiam.

Porém, o mais importante mesmo, sabe o que é? Eu não tenho mais medo de perder o controle. Eu não bebia além de uma taça por medo de perder o controle de mim mesma.

Eu não tenho mais medo de perder o controle da situação. E se for ela a me conduzir, não tem problema. Sei que estarei entre amigos. Ou apenas com marido. É claro, só nessas circunstâncias, né?

Aprendi a não me importar em relaxar. Sabem como é? Pois. Assim.

Aprendi que "perder o controle" não significa "não tê-lo". Significa "confiar", significa "permitir-se".

Ao vinho!

Cheers!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Novas regras da casa

Se vocês ainda não sabem, enteados estão morando conosco agora forevis. E, para isso, com dois adolescentes em casa, precisamos de regras para todos vivermos em harmonia. Aham, Cláudia, senta lá!

Acompanhem comigo as regras mais valiosas da casa, instituídas por marido que me ama e reconhece que eu tenho dado um duro danado para manter a sanidade mental nesses dois anos de Alemanha:

Regra n. 1: Eu sempre tenho razão.
Regra n. 2: Na dúvida se eu tenho razão ou não, leia a regra n. 1.
Regra n. 3: Não tem regra n. 3.

E assim, EU vivo feliz para sempre. Rá!

P.S. coisa é ter que ter um p.s. pra explicar que é piada, né? Né? Nééééé??? Leiam a regra n. 01, por favor.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Atividade de física? ;)

Estava almoçando com umas meninas do trabalho, tudo alemoa, quando não sei porquê nem pra quê, começam a falar de esportes.

Aí uma:
- Ah, estou pensando em correr a meia maratona só pra eu ter um objetivo e me motivar pra treinar mais.

A outra:
- Faz mesmo. Fiz isso o ano passado e deu muito certo.

E começaram a falar de esportes. Deixei elas lá e continuei meu almoço quietinha para não ser notada.

Daí que a que estava do meu lado lembra que eu estou à mesa e pergunta:

- E você, qual esporte pratica?

Como eu já sabia aonde a conversa ia parar:
- Nenhum!
- Como assim nenhum?

E todas olham pra mim ao mesmo tempo com um olhar fulminante parecendo que eu tinha matado um bichinho.

- Sim, mas você não faz nenhum mesmo? Nichts?

- Não. Sabe o que é que é? Eu tenho o joelho de uma velha. Não posso praticar exercícios. O médico proibiu.
- Ahhhhh, tá. - O bichinho foi ressuscitado.

Mentira, né, gente? Meu joelho ainda dá para o gasto. Incomoda sim (tive problema na infância, longa história), mas não me impede de malhar, praticar esportes ou qualquer coisa parecida. Como eu já conheço e sei o fanatismo que o alemão (no geral, tá?) tem por praticar esportes, por ter uma vida saudável, socialmente responsável e Zzzzzzzzzzzzzzz.... a resposta está sempre na ponta da língua. ;)

Não tenho nada contra. Só a minha preguiça que não deixa.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Dom para música

Não tenho nenhum. Fato.

Enteada está aprendendo a tocar piano/teclado, né? Aí, marido comprou um bem baratinho para ela treinar aqui em casa. Com fones de ouvidos. Claro. Ou isso, ou ia ser jogado em algum momento do meu dia pela janela do quarto andar.

Aí está ela lá treinando, vendo tutoriais no youtube (quem é que precisa de aulas?) e ela vem falar que é uma música difícil e tal. Aí eu:

- Minha filha, a única coisa que eu entendo de música é que existem 7 notas musicais.

Ela vira pra mim com a cara mais sonsa que uma adolescente de 17 anos sabe fazer e diz:

- Na verdade, são 12 notas musicais.

O que eu fiz depois dessa? Recolhi-me à minha insignificância e sumi.

Vocês sabiam dessa? Eu não.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Vida de Alice?

Pelas bandas de cá, as das expatriadas, existe uma expressão corriqueira que algumas usam para identificar a primeira fase da pessoa recém chegada ao país: síndrome de Alice. Porque algumas chegam (a maioria, posso dizer) e se sentem no país das maravilhas, aonde tudo é perfeito.

Eu concordo. Em parte. No primeiro ano, é verdade que estamos deslumbradas com tudo o que tem de novo para conhecer. Até experiências ruins, como escorregar na neve, entram na categoria de "novas experiências". Afinal, muita gente nunca tinha escorregado na neve até então. Meu primeiro inverno, eu caí de bunda no chão. Foi no final de 2008, quando visitava a Alemanha pela segunda vez. Turista, rá!

Só que muitas (e acho que me encaixo nesse perfil) sabem que é só uma fase. Sabem que essa síndrome tende a acabar com as primeiras dificuldades da vida real. Já escrevi sobre isso aqui. E aí você se permite se deslumbrar, curtir as pequenas conquistas diárias, aprender coisas novas, das mais bestas, como comprar o ticket do metrô. E chega em casa toda feliz, parecendo criança que acabou de ganhar um doce.

É uma Alice consciente, que vai comer o bolo porque quer e não porque tem uma plaquinha "coma-me" escrita nele. Ou seguirá o coelho ou não seguirá. Ou ouvirá o gato ou o ignorará.

Quando a Simone e eu estávamos conversando sobre o layout do blog, eu tive a ideia de usar o gato da Alice sorrindo pra mim, de um lado o país das maravilhas (Alemanha), de outro, o Brasil. Claro, devaneios demais para pouco espaço...

Na ocasião, lembrei e pesquisei um trecho do livro (que já rolou em outros blogs/FBs recentemente) que diz tudo e mais um pouco sobre essa vida de expatriada:
"- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
- Isso depende muito de para onde quer ir -
respondeu o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui.
Alice achou que isso não provava nada. No entanto, continuou:
- E como você sabe que é louco?
- Para começo de conversa - disse o Gato - um cachorro não é louco. Concorda?
- É, acho que sim - disse Alice.
- Pois bem... - continuou o Gato. - Você sabe que um cachorro rosna quando está bravo e abana o rabo quando está feliz. Mas eu faço o contrário: eu rosno quando estou feliz e abano o rabo quando estou bravo. Portanto, eu sou louco." (Lewis Carroll: Alice No País das Maravilhas)
A única diferença, é que eu sei aonde quero chegar. A similaridade é: não tenho a mínima ideia de que caminhos tomar. São tantos.

Portanto, eu sou louca.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Conselho do dia

Quando você está cansada(o), sua cabeça cheia de pensamentos, a única coisa que você quer é parar de pensar, certo?

Aí você escolhe um ponto fixo em algum lugar do universo e fica olhando pra ele. E se perde em pensamentos. Se distrai. É um "dormir" de olhos abertos.

Tanto que quando desperta, nem se lembra o que estava pensando (o objetivo é limpar a mente, né?) e nem aonde está. Mesmo que dure alguns segundos apenas.

Então, você sabe.

Pois aí vai o meu conselho:
Nunca, em tempo algum, faça isso faltando apenas uma estação para você descer do metrô!

Você corre o risco de "despertar" no susto (e não tem coisa pior do que acordar assustada) três, quatro ou cinco estações adiante e ficar puta(o) consigo mesma(o) porque vai atrasar pra chegar em casa e irá demorar mais um pouco pra descansar nesse dia.

Fora o frio que você vai passar na estação esperando o próximo metrô.

Vai por mim, não é legal!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Dos desapegos

Quando mudamos de vida, independente se a mudança é de país, cidade ou estado civil, estamos abertos a novas experiências. Ou, pelo menos, acreditamos que estamos.

Mas, aí pensamos: putz, e como eu vou fazer pra viver sem a vista da minha janela? Como eu vou viver sem meus amigos de infância? Ou, como eu vou aprender a dormir acompanhada, se sempre dormi sozinha?

Aí, junto com essas novas experiências, aprendemos a ceder. Se a vista não é mais a mesma, vou aprender a gostar da nova. Se não tem mais os amigos de infância por perto, vou arrumar outros. Se não durmo mais sozinha, vou valorizar o poder de um abraço noturno.

E assim vamos levando.

O que tiramos de tudo isso é a nossa capacidade de desapego. Querendo ou não, aprendemos a máxima do desapego. Não pode ter? Não vai morrer por isso. Ou não deveria. Afinal, existem outras coisas para se ganhar.

No meu caso, posso dizer que o meu maior desapego foi meu cabelo. Levei sete meses até ter coragem de entrar num salão na Alemanha para cortá-lo. Por que tanto tempo? Porque, além do meu cabelo ser cacheado, nos 28 anos de Brasil, nunca nenhuma outra pessoa cortou o meu cabelo além da minha mãe. Pensem no desapego que foi, sentar numa cadeira estranha, em outro país e dizer "corta".

Das coisas que ficaram e que sinto falta, só corro atrás pra suprir a vontade quando não dá mais pra segurar. Mesmo que sempre, quando eu vejo a propaganda ou foto de uma praia, me dê uma vontade louca de estar naquele mar, eu sei que ele sempre estará lá. E não precisa, necessariamente, ser o mar brasileiro. Desapeguei.

Desapeguei pra não sofrer. Pra não olhar no espelho e ficar praguejando porque meu cabelo não é mais maleável, mais fácil de lidar. Não está num dia bom? Vai de rabo de cavalo e pronto. Cortou mal? Um dia cresce.

O mesmo devemos fazer com as coisas que ficaram. Afinal, a vida nova, muitas vezes, tem que caber numa mala.

E em quase dois anos de Alemanha, a lista de desapegos é grande. Podem acreditar. Mas, isso é tema para um post de "aniversário".