terça-feira, 1 de março de 2011

Dos preconceitos

Eu recebo regularmente e-mails de pessoas que estão vindo pra Alemanha ou têm o sonho de vir pra cá, eles me perguntam sobre visto, agradecem o fato de compartilhar com eles minha experiência e dividem comigo seus sonhos e angústias.

Tento dar a atenção que eles precisam, apóio, informo, sou sincera. Né, Glenda?

Mas, alguns desses emails não vêm só carregados de sonhos e expectativas. Vêm cheios de preconceitos, do tipo: "tenho medo de ser maltratada na Alemanha, de algum alemão gritar comigo", ou "eles não gostam de gente do terceiro mundo", ou "eles são frios e eu não vou me adaptar." (Se alguém se leu nessas frases, NÃO foi mera coincidência.) Algumas dessas mesmas pessoas dizem adorar a Alemanha, serem apaixonados por um alemão/ uma alemã, têm contato com outros, dizem que são bem tratados por esses alemães que conhecem e colocam todo os outros no mesmo saco de preconceitos.

Vou carregar no meu sotaque baiano agora, tá?

Rapá, na moral, se é pra vir pensando assim, fica aí, de boa.

A questão aqui não é se você vai ter chance de trabalhar no país. Se você será visto como mais um estrangeiro. Ou se os alemães são frios ou não.

A questão é: você quer mesmo vir morar aqui? Se quer, meu povo, abra a cabeça. Se vier cheio de preconceitos, não vai dar certo.

Eu também tive meus preconceitos, minhas angústias. Eu achava que eu ia ter problemas mais graves aqui, que seria tachada, isolada, excluída, whatever. Mas, quando eu decidi vir pra cá (e foi uma decisão minha! Marido não colocou uma arma na minha cabeça e disse "Bora, porra!") eu também decidi que ia me abrir às experiências, que ia ver as coisas pelo lado bom.

*Porque se eu quisesse ser maltratada, lidar com pessoas mal educadas, ficava no Brasil. Lá, pelo menos, falo português.

Tirando o fato dos alemães serem diretos e, algumas vezes, ríspidos na hora de falar (assunto abordado em um próximo post), NUNCA fui maltratada aqui ou me senti constrangida por ser estrangeira. Porque também nunca me comportei como vítima.

A minha adaptação aqui é mais fácil por ter marido alemão? É. É mais fácil por morar numa cidade com muitos estrangeiros? É. Mas, também é mais fácil porque eu QUERO que seja mais fácil.

Por exemplo: quando alguém ameaça me dizer que não será fácil arrumar trabalho (ouvi do meu próprio cunhado), eu respondo logo: "Meu caro, meu currículo é melhor do que o de muitos alemães da minha idade." Se vou demorar de arrumar trabalho, o mérito ou a falta de é meu. Sou eu que não falo alemão fluente ainda. Sabe por que eu sei disso? Porque eles me chamam para as entrevistas! Se não quisessem trabalhar com estrangeiros, não me chamariam.

Existem várias possibilidades. Porém, você só saberá que a sua escolha dará certo se tentar. E pra tentar, tem que vir pra cá! Se não, volte algumas linhas e leia as frases em negrito.

Caso não dê certo, o Brasil continua onde sempre esteve nos últimos 510 anos.

*Nota: A Line me alertou nos comentários que estava implícito nesse parágrafo que eu queria dizer que só tem gente mal educada no Brasil. Na verdade, quis dizer que entre ser maltratada num país que não domino a língua, prefiro que isso ocorra aonde domino, porque gente mal educada tem em todo lugar. Foi mais em relação a dominar a língua, do que cometer o mesmo erro que critico em classificar 100% dos brasileiros como mal educados. Desculpem se deu pra interpretar errado. Obrigada, Line.

39 comentários:

  1. Claro. Concordo.
    (Felismente nao me revi em nenhum desses preconceitos, logo deve ser o sinal q me adaptarei bem ;) lol)
    Beijo Eve.

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  2. Eve, concordo com muita coisa, mas nao com tudo. Demorar pra arrumar emprego NAO é por falta de mérito, tem outros fatores que influem na escolha do empregador além do CV.

    Com relacao a preconceito, a única vez em que ouvi algo ruim foi de um bêbado na rua. Acho que bêbados nao entram em estatísticas, né? Vivo aqui há 4 anos e as reacoes sao sempre positivas, quando alguém sabe da minha origem.

    Sobre adaptacao, escrevi aqui: http://frauglaeser.blogspot.com/2009/10/blogagem-coletiva-despatriados.html

    Um beijo!

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  3. Eu também concordo que quem faz a nossa vida é a gente. Ainda mais quanto a tomar a decisão de mudar de país. Só aí já está implícito que se quer algo diferente para a vida. Então, que abramos as portas, janelas e coração para a experiência diferente!
    Isso inclui sentir saudades, ter barreiras na língua e sentir as diferenças da cultura.
    Mas também é lindo.
    Toda vez que penso em meus amigos no Brasil e, principalmente, quando volto pra lá, coisa que tem acontecido com frequência nos últimos meses, percebo o quanto estou transformada com tanta coisa acontecendo na minha vida. E também como tudo continua igual por aquelas bandas.
    Tentar uma carreira em outro país, uma vida, um doutorado, enfim, é sempre mais interessante porque temos que nos deparar conosco de verdade, nossos defeitos, qualidades, o que temos para oferecer e o que precisamos melhorar. Então é sempre muito positivo. E não é pra qualquer um. Há que se ter coragem. Mas um bicho de sete cabeças também não é.
    Nunca estive perto de tanta solitude na minha vida quanto agora, mas isso não significa, de forma alguma, solidão. Eu explico: me pego em silêncio muitas vezes, observando as pessoas, os sons, a paisagem cotidiana de um jeito que nunca fiz no Brasil. E nunca estive tão perto de mim, em contato tão íntimo e profundo comigo mesma como estou aqui. É isso.
    Posso dizer que morando aqui na Alemanha ganhei o maior presente da minha vida: me bastar num lugar onde não estava acostumada e saber na prática que o mundo é muito maior que o umbigo do quintal da minha casa.
    Adorei ler este post e poder compartilhar essa sensação.
    Viele danke, Eve. :)

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  4. Oi Camila, você tem razão, pode ser salário, mercado, crise, o outro candidato ser melhor, essas coisas... Nesse caso específico, me referia a ser estrangeira ou não. Todo mundo tem suas dificuldades. Eu estou tendo as minhas agora e ainda vou escrever um post sobre isso.
    Bjs!

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  5. Juliana, simplesmens A-MEI seu comentário. Muito obrigada!

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  6. Tamb'em concordo com algumas coisas, e discordo de algumas.
    Mas entendo que todo ponto de vista e muito subjetivo e vai ser sempre influenciado pelo seu estado de vida momentaneo.
    EU, Line, vejo da seguinte forma para mim: Se tudo esta dando certo, a gente acha que esta tudo maravilhoso; se esta dando errado, a gente ja comeca a ficar com o pe atras. E existem tambem os otimistas, estes se dao bem em qualquer situacao porque nunca perdem a confianca, o que e fundamental.

    Eu concordo quando vc diz que temos que vir pra ca de cabeca aberta, mas tambem entendo perfeitamente as pessoas que fazem este tipo de pergunta, ainda mais sabendo do historico de xenofobia e preconceito de alguns paises da Europa.

    Eu fui vitima de preconceito dentro de um onibus na Belgica (pelo motorista do onibus), e outras tantas vezes quando estava procurando emprego - preconceito dentro de um orgao do governo, diga-se de passagem. Infelizmente, nao 'e algo impossivel de acontecer. Ja ouvi um bando de holandeses durante um happy hour no meu trabalho dizer que a qualidade das universidades holandesas esta caindo por causa da quantidade de estrangeiros vindo estudar na Holanda.

    Grande parte da nossa adaptacao depende de nos mesmos, mas nao acho que o Brasil esteja cheio de pessoas mal educadas e grossas nao (implicito no seu paragrafo curtinho), muito pelo contrario. Gente grossa tem em qualquer lugar, independentemente de nacionalidade.

    E tambem acho que o Brasil mudou muito nos ultimos 510 anos, tanto que existe uma quantidade enorme de multinacionais se instalando por la. Um pais de 510 anos ainda e um bb!

    Beijo!!!

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  7. Oi Line, obrigada!!
    Mas, eu não quis dizer que só tem gente mal educada no brasil, não. Ai, Deus! Ficou parecendo mesmo isso, culpa minha. Só quis dizer que melhor lidar com gente mal educada na própria língua (no sentido de que encontro em qualquer lugar). Vou corrigir isso, pq ficou feio mesmo.
    E outra: não tá tudo lindo pra mim, já quase me dei mal numa falsa promessa de trabalho (posts abaixo) e ainda não estou trabalhando. Acho que faço parte do grupo dos otimistas.
    Essa das universidades já ouvi aqui tb... Tem preconceito de todos os lados, infelizmente.
    Bjs!!!!

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  8. Line, mais uma, "continua onde sempre esteve" = posição geográfica. Quis dizer que, se nao der certo na Alemanha, sempre dá pra voltar pro Brasil.
    E sim, o Brasil mudou muito. Nos últimos 10 anos, então, mais ainda. E pra melhor.
    Bjs!

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  9. Ah, entendi Eve, vc se referia a posicao geografica! rsrs, achei que fosse uam metafora! haha
    Vou voltar para o mobral, rsrs

    Eve, ficou parecendo sim! Mas em relacao a isso concordo plenamente com vc: antes poder lidar com situacoes dificeis podendo falar a propria lingua, do que numa terra estrangeira!

    Nao quis dizer que esta tudo lindo pra vc nao, eu quis dizer que pra mim e assim que funciona! Eu nao sou otimista, se esta dando certo, esta otimo, se esta dando errado, esta uma merda e eu ja perco logo a paciencia! Nao existe meio termo nao, infelizmente. Otimismo aqui passou longe...rs

    Beijo!!!

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Este post dá muito pano pra manga, então vou tentar responder em partes...afinal, moro fora há 17 anos então já vi e vivi muita coisa.

    * quando alguém ameaça me dizer que não será fácil arrumar trabalho...eu respondo logo: "Meu caro, meu currículo é melhor do que o de muitos alemães da minha idade." Se vou demorar de arrumar trabalho, o mérito ou a falta de é meu.

    Por experiência própria, posso te garantir que não é só mérito não...Há muitos fatores envolvidos, entre eles a sorte (ou acaso). Sem falar no momento atual, a tal crise...tem gente que nem cv tão maravilhoso tem e consegue emprego assim mesmo.

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  12. Tirando o fato dos alemães serem diretos e, algumas vezes, ríspidos na hora de falar (assunto abordado em um próximo post), NUNCA fui maltratada aqui ou me senti constrangida por ser estrangeira. Porque também nunca me comportei como vítima.

    Bom, o fato de uma pessoa se comportar ou não como vítima é relativo...e sim, existe discriminação de estrangeiros aqui na Europa, e muita. Não vou mentir e vivo aqui tempo o bastante pra saber. Embora eu mesma quase nunca tenha sido discriminada, pois falo holandês muito bem e isso ajuda.

    Assim como existe discriminação racial no Brasil, o que estamos carecas de saber, né?!!

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  13. A questão é: você quer mesmo vir morar aqui? Se quer, meu povo, abra a cabeça. Se vier cheio de preconceitos, não vai dar certo.

    Concordo totalmente! Até porque, morar no exterior não é mesmo pra qualquer um. E cabeça aberta é fundamental. A pessoa deve estar aberta pra novas culturas, novos hábitos, novas rotinas.

    Pra finalizar, sou cidadã do mundo e me adapto facilmente então isso ajuda e muito. Algumas pessoas deveriam mesmo é ficar no Brasil...

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  14. Eve,
    Gostei muito do post. E não se aplica somente a Alemanhã...moro fora há 10 anos, e nesse meio tempo, já conheci muitos brasileiros (entre outras nacionalidades) que ficam o TEMPO TODO comparando seu país de origem com seu destino final (no meu caso, EUA). "Ah, porque americano é tudo egoísta." "Todos os americanos são consumistas" "Americano só quer saber de dominar o mundo" etc etc...dá vontade de virar e perguntar: "Colega, se vc não está satisfeito, que diachos tá fazendo aqui?! VOLTA PRA CASA!!!" Cada país/cultura/nacionalidade tem suas vantagens e desvantagens. O truque é aprender a aproveitar o que cada um tem de bom para oferecer, e aprender a viver com o lado mais negativo...porque até o negativo tem uma lição para gente, né? Tá, os alemães são diretos e isso as vezes parece ofensivo? Bem, se tivesse que chutar, diria que provavelmente essa objetividade, essa "cultura" de ser direto e "na lata" contribui em parte para que eles tenham uma das maiores produtividades no mundo...tá aí uma lição boa a ser aprendida.
    Beijinhos e parabéns pelo post!

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  15. Oiê!! Voltei de vez!
    Ah... eu acho que depois que a gente aprende a dar umas patadas de volta, o povo começa a respeitar mais. E alemão trata mal não só estrangeiros, como também os alemães. O mau-humor é algo que já faz parte deles (pelo menos aqui no meu canto). Mas nem julgo mais, porque com metade do ano vendo os dias cinzas, até eu fico de mau humor. :) Bjsssss

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  16. Eve eu também tinha um pouco de receio da Alemanha quando cheguei por aqui, porque ouvi de várias pessoas esse tipo de comentário. Já fui 3x a Alemanha, Berlin e outras 2 cidades e não tenho um tiquinho assim pra reclamar. Foram experiências ótimas, fui bem tratada, por outro lado fui vitima de preconceito no próprio prédio em que morava em Copenhagen, senti na pele ser tratada como se eu não existisse porque morava em um bairro onde os moradores eram majoritariamente dinamarqueses e alguns não estavam satifestos de me ver andando por lá, e digo dó viu. Eu tenho traumas até hoje.

    Mas continue com esse seu trabalho de informação :)

    Beijao

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  17. Beth, o texto gira em torno da pergunta, não nego que haja preconceito e discriminação. Mas, se a pessoa quer porque quer morar em outro país, e falo da Alemanha em particular, precisa estar sujeita a isso. Contudo, abrindo a cabeça. 100% dos alemães não são assim. Não dá pra atravessar o portão da polícia e já esperar ser atacado só por ser estrangeiro. E nós sabemos que há estrangeiros e estrangeiros.

    Simone, talvez, se você for num bairro aonde a maioria é alemã, irá acontecer a mesma coisa. Pq eles não estao acostumado a ver e lidar com um o tempo todo. Eles tb têm seus preconceitos. Mas, depois da guerra, a Alemanha aprendeu a ser bem tolerante. Claro, eu sempre falo que os dorfs (povoados) são excessão, exatamente por terem um estereótipo de estrangeiro na cabeça deles.

    Estou gostando da discussão! ;)

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  18. Eu estou aqui há quase 3 anos, sou do time dos otimistas também!
    Eu até me adapto fácil, se for comparar com algumas pessoas que conheçam que vieram morar aqui e estão um pouco insatisfeitas (e ficam comparando eternamente e etc).
    Eu moro numa quase "dorf" e aqui no prédio tem um casal que não vai com a nossa cara. O homem até nos cumprimenta quando nos esbarramos, mas a mulher sempre resmunga alguma coisa quando nos vê. Acho que não gosta de criança ou de estrangeiros, não sei... mas ela é bem rabugenta.
    Eu simplesmente ignoro e continuo com meu bom dia :P
    Pessoas rabugentas tem em todo canto.
    Antes de vir pra cá eu tinha uma imagem de que os alemães eram TODOS rabugentos e mau-humorados, que não gostavam de crianças, só coisa ruim. Todo mundo ficava falando isso pra mim.
    Quando chegamos aqui, foi surpreendente, porque conheci muita gente boa e até mesmo na rua sempre tinha gente que mexia/brincava com minha filha.
    Então não dá pra generalizar... tem lugar que te tratam muito bem, em outro nem tanto. Paciência!

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  19. Esse é um tema realmente super polêmico Eve.
    É engraçado, pq vivi na pele uma das coisas que aprendi na universidade que é um princípio básico de treinamento esportivo: individualidade biológica.
    Cada indivíduo se adapta de maneira diferente ao mesmo estímulo. Tem pessoas que conseguem maravilhosamente se adaptar à vida no exterior. Outras demoram mais ou nao conseguem nunca. Dificuldades todas passarão, de uma maneira ou outra. Mesmo com muita sorte, todas nós teremos contratempos e o que nos diferencia é a maneira como encaramos isso e como lidamos com a situação.
    Estou aqui a 9 anos e, já tive que "aturar" muitos comentários maldosos contra a Alemanha e/ou alemães. No começo me revoltava. Pensava como vc: se é pra ser assim, pq veio ou pq nao volta de onde veio.
    Com o tempo, percebi que essa amargura presente nesses comentários, vinham de pessoas que realmente perderam a noção da realidade. Nunca seriam o que sonham no Brasil(pq lá eram vítimas da falta de oportunidade) e aqui jamais serão o que desejam pq nao tem forca de vontade pra lutar contra as dificuldades, com o desconhecido.
    Em qq lugar a vida é feita disso: de dificuldades, de lombadas,de buracos, de cantos. Sao todos eles que nos fazem crescer como indivíduos, evoluir como pessoas. Nem todos estão aptos a isso. Nem todos estão prontos pra sair da toca. Por isso mais fácil criticar os que conseguem, do que cuidar de colocar os próprios passos no caminho certo.

    Como já disse alguém num comentário anterior, a vida no exterior nao é pra qq um. Por isso boa sorte praqueles que estao tentando e muita forca para aqueles que conseguiram, afinal: a luta continua companheiro!!!

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  20. Ericka, vc é das minhas!! Acho que é melhor seguir a vida do que ficar prestando atenção aos detalhes que não importam.

    Ana, minha querida, se já era sua fã, fiquei mais ainda. Essa frase que vc escreveu diz tudo e mais um pouco: "Com o tempo, percebi que essa amargura presente nesses comentários, vinham de pessoas que realmente perderam a noção da realidade. Nunca seriam o que sonham no Brasil(pq lá eram vítimas da falta de oportunidade) e aqui jamais serão o que desejam pq nao tem forca de vontade pra lutar contra as dificuldades, com o desconhecido." Vou levar comigo isso, viu? ;)

    Bjs, meninas!

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  21. A vida, seja no país de origem ou em outro país vem com escolhas para serem feitas.Independente de onde estamos, somos nós os responsáveis por ela. Bato palma pra vc: se a pessoa não se faz de vítima, não tem porque ser tratada como uma.

    Bola pra frente pq atrás vem gente.
    Bjo

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  22. Excelente texto e excelente discussao. Eu teria MUITA coisa para falar sobre o tema "preconceito" mas pra nao me alongar, deixo so o lembrete: quem foi mesmo que malhou os nordestinos depois das eleicoes? Pois é.

    Concordo plenamente: abra sua mente. Já a questao do emprego, envolve outros fatores tambem.

    E falando em Alemanha: eles diferenciam estrangeiros e estrangeiros. Chegue falando alemao ou pelo menos se esforcando para aprender e a receptividade é muito diferente de quem vive aqui há 30 anos e nao fala alemao. Quem mora aqui sabe do que estou falando.

    Beijos!

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  23. A vida é feita de escolhas e novos caminhos sempre dao medo. Quando o medo de encarar é maior que a vontade de seguir em frente, geralmente lamentamos o "pq eu nao fiz isso? como seria se eu tivesse feito?", quando a vontade é maior entao nos jogamos de corpo e alma mesmo que os medos existam. É uma forma de viver novas experiencias e de conhecer a si mesma. Apesar de todos os altos e baixos, nao me arrependo de ter vindo pra cá e faria tudo novamente. Preconceito e pessoas de mau carater existem em qualquer parte do mundo. A grande diferenca está na reacao de cada um diante de tais situacoes. Por enquanto estou satisfeita aqui mas se um dia isso tudo nao me agradar mais, eu junto meus trapinhos e volto pro Brasil.
    O pior início é aquele em que se pensa "eu nao vou conseguir por isso ou aquilo" se a propria pessoa já pensa assim antes de comecar, entao é melhor nem se dá ao trabalho.
    Um post muito interessante e que nos faz refletir. Parabens mocinha :)

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  24. Eve, tudo q vc falou tá certo, eu já fui duas vezes na Alemanha, namoro um alemão e eles são mesmo super diretos mas tudo depende realmente de como vc se vê e se comporta. Eu também sei que vou passar momentos difíceis lá quando eu casar, mas eu virei aqui todos os dias buscar força e conselhos através dos teus posts.

    Kaiana

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  25. Olha...cada dia amo mais o meu Brasil varonil 2000. acho tambem que quem sai de sua casa, de sua terra e procura alhures sobreviver, tem de aprender conceitualmente e empiricamente uma palavrinha, um verbinho chatinho: SUJEITAR-SE.
    Meu povo, nao espere noutro pais a receptividade que se dá a um estrangeiro tal qual no (meu) nosso pais. Brasileiro sempre é visto aos avessos por cidadaos do mundo afora...motivos? nao me perguntem, mas certamente perpassa por aquele verbinho la de cima em caixa alta.
    Nao se julga uma nação por açoes particularizadas como vi em Paris: 3 casais germanicos, famintos pra nao dizer esfomeados, detonarem assustadoramente, o cafe da manha do hotel a ponto de criar vexames aos outros hospedes, inclusive a mim, nordestino brasileiro, que poderia ate estar acostumado a isso, mas a seculos nao vislumbro isso mais aqui por estas bandas. Toda nação tem seus pros e contras, e acho que nosso Brasil tem mais pros. Aqui temos ainda borboletas, bichinhos e plantas, mesmo sendo roubados diariamente pelos nordicos e nunca, nunca teremos na historia de nossa civilização uma mácula tal qual o nazismo, que se nao foi apagada na historia mundial por quem assitiu de camarote - nosso caso- dira na memoria de quem sofreu e muito menos na mediocre cabeça de quem se acha de raça superior e construiu essa macula.

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  26. Realmente Eve, se você já sai do país com essas coisas negativas na cabeca nunca irá se adaptar a outra cultura. Por mais que eu fale mal do suecos, que eu tenha as vezes meus choque de cultura nunca fui maltratada ou sofri preconceito. Já recebi resposta mal criada, sem educacão, mas isso em qualquer país podería acontecer. Talvez o que essas leitoras poderiam entender é que toda adaptacão é dificíl e leva um tempo e eu me refiro até se fosse uma mudanca do nordeste do Brasil para o sudeste, viu? Até assim no mesmo país sei que nem sempre seria fácil.

    Achei super bacana vc abrir os olhos das pessoas, usar sua influência nesse blog e mostrar como é de verdade a vida em outro país.

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  27. Denilson, não concordo com o verbo "Sujeitar-se", é exatamente disso que estou falando. Uma coisa é "adaptar-se" outra coisa é sujeitar-se, aceitar ser maltratado, se ver como vítima. Ninguém precisa se sujeitar a nada, porque não tem ninguém melhor do que ninguém no mundo. A auto-estima dos brasileiros precisa aumentar um pouco. Aqui na Alemanha, quando as pessoas sabem que sou brasileira, abrem um sorriso maior que a cara e me fazem perguntas cheias de curiosidades e alguns não ficam apenas nos estereótipos como samba e carnaval, principalmente depois que Obama chamou Lula de "o cara". A imagem aqui que os alemães têm dos brasileiros é melhor do que a que a gente, brasileiro, tem.
    E o nazismo aqui é tratado como um acontecimento histórico, que precisa ser lembrado e discutido. Há museus, monumentos, memoriais em quase todo o canto. Os alemães discutem e debatem a sua história. É tudo público. Agora, me responda a qtos processos da ditadura vc teve acesso e qtas pessoas foram reconhecidas publicamente como ex-prisioneiros e vítimas? Recentemente, um amigo recebeu esse reconhecimento e o "perdão" do estado por ter sido alguém que lutou pela democracia que temos hoje. O processo durou mais do que 20 anos. Os torturadores estão soltos ainda. Aqui, até hoje ex-criminosos de guerra são presos tendo eles, inclusive, já 90 anos.
    E por ser nordestino, te pergunto: já esteve em Canudos? Eu já. E é triste saber que uma parte importante de nossa história foi coberta com água...À propósito: já esteve alguma vez na Alemanha? Alemanha não é Europa, Europa não é Alemanha. Cada país tem sua história e seu jeito de tratar as coisas.

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  28. Tá pra nascer alguém que posta mais do que você, mulher. Ô blog movimentado, que lusho!

    Agora que passei no B1 Prüfung, respiro já sem ajuda de aparelho, mas em breve precisarei de ajuda (dos universitários, das cartas, dos colegas)para ver o que faço. É difícil na Alemanha (em relação à Irlanda), mas to aqui com meus documentos todos cheirosinhos esperando a banda passar cantanto coisas de amor, para eu poder virar gente grande.

    Só fica pra trás na Alemanha, os brasileiros que dão razão aos alemães (que tudo é difícil, que não vai dar certo etc).

    Oder?

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  29. Bruna,
    Ahá!!!! Tá movimentado aqui pq o negócio era pra ferver mesmo. Mas, olha, vc disse tudo em uma frase tão curtinha: "Só fica pra trás na Alemanha, os brasileiros que dão razão aos alemães (que tudo é difícil, que não vai dar certo etc)."
    E só quem conhece os alemães vai entender! E estou falando de conhecer como nós que MORAMOS aqui e convivemos com muitos. Porque, sabe, as vezes cansa, ter que desfazer estereótipos - de um lado e de outro.
    Bjs!!!

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  30. Eve,
    Não tome minhas palavras como uma crítica pessoal e desrespeitosa a você, mas a uma condição corriqueira que sinto em varias pessoas que botam o pé fora das linhas do Brasil, contribuem muito pouco para o crescimento de sua nação- coisa que qualquer cidadão de muitos países o fazem com orgulho, veja os suíços- e desrespeitam seus patrícios e sua nação. Adoro culturas e civilizações distintas; modos e existências que não os meus, mas amo muito meu Brasil...
    Mas começando a resposta, parece que por você não MORAR mais aqui, com todo respeito, está acometida de um mal que assola muitos brasileiros que conheço e que residem noutros países: vivem das suas desilusões pessoais em sua terra, por inúmeras questões, e ainda acham que o Brasil parou e nós aqui ainda andamos nus a procura de macacos para assar e mandioca, ambos para comer. Não vou citar casos da ditadura tampouco usar exemplo de minha família que foi acometida deste mal, mas é só atentar um pouco para o notório e publico caso de minha PRESIDENTA que, se não me engano, foi vitima da ditadura e hoje está onde eu e os amarelinhos colocamos. A ditadura foi uma questão de POLÍTICA interna com fatores externos(nazismo-facismo, comunismo e capitalismo) ocorrida em nosso país, o que é comum a toda nação, mas o NAZISMO não, está para além disso como crime contra a diversidade e etnias distintas! O NAZISMO não é um fato privado da historia dos alemães como pelo que falou é tratado agora, com museus e afins: é algo do mundo. Se se trata assim hoje ai, custa-me a acreditar que tenha sido apagado do seio e desejos de todos os alemães! E o fato da prisão de criminosos de “guerra” mesmo com 90 anos, caso que ocorre ai como aprendi com você, não é inerente aos desejos intra alemães, mas a uma postura adotada por legislação da ONU, pra que no mínimo sirva de exemplo e nunca mais volte a ocorrer, mesmo isso não sendo o suficiente para apagar os fantasmas de natureza psíquica que podem ainda povoar mentes menos evoluídas e queiram reviver tal mácula na humanidade.
    Enfim, não só estive em Canudos e comi uma boa carne de bode, como conheço sua história pelos “livros”; não só conheço cidades da Alemanha, como conheço alemães, poetas alemães, filósofos alemães e o pensamento alemão na magnitude de Kant e Martin Heidegger e se isso bastar pra você compreender que sei que a Alemanha não é Europa e a Europa não é Alemanha, já me dou por satisfeito.

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  31. Oi Denilson, de jeito algum seu comentário de forma desrespeitosa. Imagina.
    Confesso que ao falar da ditadura no meu comentário, me peguei pensando depois que a comparação foi ridícula. Pq, né, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Só o que quis dizer é que o nazismo não foi apagado da história, pelo menos, não da Alemanha e ninguém nega o que aconteceu, pelo contrário, preza para que não aconteça de novo.
    Agora, quanto ao fato de achar que eu tive desilusões no Brasil e que acho que o Brasil continua do jeito que está, posso dizer que voce não lê o meu blog há muito tempo. Só estou na Alemanha há um ano e voltei de uma viagem ao Brasil recentemente. Recentes tb foram os meus textos sobre o Brasil e sobre motivos de gostar de um país e outro. E não, não acho que o Brsil está igual. Aqui mesmo em resposta a outra pessoa, disse que o Brasil mudou muito nos últimos anos, pra melhor. Os motivos de estar aqui não estão relacionados de modo algum a "desilusões", até pq, a minha vida em particular, estava muito boa por lá.
    E só pra descontrair agora, a carne de bode de Uauá foi a mais gostosa que já comi. ;)
    Estou satisfeita.

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  32. kkkkk...que bom que tambem tenha gostado dela....o q nunca aprendi foi como tirar aquele cheirinho que eles conseguem com tanto cuidado!!!!!
    abraço

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  33. Eve, abordar esse assunto 'polêmico' foi ótimo para compartilhar experiências entre aqueles que já vivem aí e os que ainda estão aqui (de malas prontas, diga-se de passagem).

    Nesse momento pré-viagem estou vivendo aquele 'medo do novo', que era esperado e também estava no script. Tenho consciência dos desafios, das possíveis dificuldades e estou pronta para enfrentar essa jornada. Acredito que será uma ótima experiência, acima de tudo.

    Agradeço a todos vocês expatriados que nos ajudam (sem saber) com as suas palavras.

    Um beijo Eve.
    Boa sorte na procura pelo trabalho.

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  34. Não contente em apenas ler este post, resolvi ainda escrever sobre a minha experiência com relação a isso. http://isabelacantora.blogspot.com/2011/03/falsidade-e-falta-de-educacao.html

    bjs
    isa

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  35. Caso não dê certo, o Brasil continua onde sempre esteve nos últimos 510 anos.
    #euri

    Vou começar a responder isso quando me perguntarem "e aí, q vc vai fazer da vida aí perdida na europa?".
    "-olha eu não sei ainda, mas se nada der certo o Brasil continua onde sempre esteve" huahuahuahua

    Ai ai.
    Engraçado, eu não achei que seu curto parágrafo dizia q só tinha gente mal educada. Entendi exatamente o que vc quis expressar...engraçado né? Duas pessoas lêem a mesma coisa e interpretam diferente. Adoro diferentes pontos de vista :)

    Beijao Eve!

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  36. "Porque se eu quisesse ser maltratada, lidar com pessoas mal educadas, ficava no Brasil. Lá, pelo menos, falo português" - Sensacional !!! hahahaha Já pensei inúmeras vezes assim qdo não consigo colocar meu inglês na ponta da língua aqui para revidar a falta de educação! hahahahaha É uma M não conseguir se expressar bem em outro idioma.

    Falar que tem que se abrir mesmo para novas experiência! Ainda bem que eu vim pra cá assim, senão estaria sofrendo mtooooooooooooo!

    Bjs,
    Manddy
    http://tourdubaiguide.blogspot.com

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  37. Eve mais que blogger cheio de energia!! Essa é minha primeira vez por aqui, vi o título e amei. Adoro pessoas bem humoradas, otimistas e "brasileiras" (não desistem NUNCA)!!

    As discussões por aqui são de alto nível e eu adorei pegar essa bagagem de cultura na conversa entre Eve e Denilson.

    Denilson, penso como você em relação ao Brasil, não há país no mundo que me faça trocar o Brasil sil sil.. embora eu não tenha preconceito algum por quem já fez a troca.

    Eve, estarei por aqui agora, lendo seus posters..só queria dizer que amei seus textos, dos poucos que li, e serei visitante de carteirinha agora.

    Abraço, Marcmel!

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  38. Concordo plenamente com esse post! Eu até escrevi um e-mail pra Eve, praticamente pedindo socorro por causa de tanto folclore que as pessoas criam. Eu não conheço muitos alemães, mas os poucos que eu conheço são pessoas admiráveis, inteligentes e divertidas. Não engomados,encerados e chumbados no chão. Como estou com viagem marcada para o meio do ano, avisei a algumas amigas ( uma delas foi fazer |Au Pair e como ela diz, " se arranjou" por aí) daí que estarei indo para conhecer a família dele. Ok, as próprias meninas da Alemanha começaram a me amedrontar com essa xenofobia e principalmente a dizer que se depois disso tudo, eu resolvesse me casar com ele e morar na Alemanha eu " não teria chances" porque a vida já é difícil até mesmo para os nativos e que elas já passarm pela mesma coisa e não me aconselhariam a tentar uma vida na Europa pq as pessoas seriam intolerantes com um casal multiracial ( alô galera, 2011) Pô, aí eu fiquei de calça na mão, porque não tô nem aí pra opinião alheia né? Mas considerando o que está em jogo, confesso que tive um momento de paranóia sim e na falta de alguém que vivenciou essa mudança recorri a Eve, que foi uma fofa.
    Independente da nacionalidade acho que o importante e ter respeito, principalmente pelas diferenças. Não conheço muita coisa da Alemanha, tô dando cabeçada no curso de alemão, ouvindo dos amigos que eu sou doida, mas tudo tá valendo muito a pena, porque é o que eu quero e o que me deixa feliz! E vamos q vamos! ^^


    P.S: Eveee eu indiquei o seu outro blog pra galera do curso e tá todo mundo colando de você pra aprender gramática! Hahahaha

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