terça-feira, 12 de outubro de 2010

As minhas vantagens

Eu tive e ainda tenho algumas vantagens em relação a muitas pessoas que moram na Alemanha. Eu não posso me comparar à Sandra, por exemplo, que veio pra cá 16 anos atrás por meio de programa internacional de estágio. Eu não posso me comparar à D. Flor, que saiu de São Paulo para um interior pra lá de provinciano e casou com seu alemão. Também não posso me comparar à Liza que veio morar aqui com o seu marido brasileiro. Posso, muito menos, me comparar à Isabela que chegou aqui por vontade própria e com seu passaporte português.

Por um simples fato, eu convivo com um alemão há 7 anos. Eu o conheci no Brasil, onde ele morava. Nós moramos juntos desde sempre, desde o início (loucura, podem dizer. rsrs) Casamos apenas aqui, mas se tivéssemos permanecido no Brasil, teríamos mantido nossa união estável.

Isso quer dizer que, mesmo sem conhecer a Alemanha, eu já tive contato com a sua cultura através de um alemão nascido e criado na sua terra. Sempre que podia, ele me contava um pouco sobre como era a vida na Alemanha e como as coisas aqui funcionavam/funcionam.

Quando nos mudamos pra cá, também com as minhas visitas anteriores - só duas, já tinha uma noção do que me esperava aqui. Não sonhei nada ou me iludi, ou mesmo, temi. Eu, simplesmente, já sabia.

Só que como marido ficou 15 anos no Brasil, 6 deles comigo, muita coisa mudou no seu país. E que grata surpresa tivemos quando descobrimos que o cenário que ele pintava pra mim de alemães carrancudos e inflexíveis se mostrou diferente. Eles ainda são carrancudos e inflexíveis, mas já sabem lidar com o "jeitinho" e aprenderam a sorrir um pouquinho mais.

E o mais importante, viemos morar em Berlin. Talvez seja a cidade mais bem preparada para receber estrangeiros (no mesmo "pacote", coloco Hamburgo). Tanto pela quantidade de estrangeiros que moram aqui, quanto pela sua cultura de tolerância adquirida com o fim da guerra e com a queda do muro.

Eu gosto muito de ajudar quem me manda emails perguntando como é isso ou aquilo por aqui, mas preciso lembrar que a forma como eu reagi a determinadas situações é totalmente diferente de como quem chega, sem um histórico parecido com o meu. Porém, isso não quer dizer que devem parar de me mandar emails. Jamais façam isso. Eu adoro recebê-los e saber que ajudo de alguma forma. =P

Eu me senti deslocada, analfabeta, boba, medrosa e outras coisas mais, mas eu tinha - e ainda tenho, oxalá - um marido alemão ao meu lado, falando fluentemente português, que conhece a vida de um "expatriado" por já ter sido um no Brasil e que está comigo há 7 anos. Isso fez com que minhas experiências fossem outras e minhas fases (as que todas passamos) viessem e fossem embora mais rápido. Apesar de achar que ainda não saí de algumas... Eu sei, virão muitas outras. Dizem que o segundo ano é ainda mais difícil.

A minha visão é diferente da sua. Mas, tenha certeza, somos parecidas. =D

P.S. Esse post é programado. Notícias sobre a viagem em breve.

P.S. 2: Relendo o texto, percebi que os exemplos que eu dei de pessoas que vieram pra cá ficou sem uma explicação para a citação. Eu as citei, porque, como veem, elas vieram pra cá em circunstâncias diferentes e, acredito, passam ou passaram por situações mais dificéis e complicadas que eu. Eu já vim prevenida de algumas coisas e para elas, eu tiro o meu chapéu.

P.S. 3: Isso quer dizer que eu cheguei.=P

7 comentários:

  1. Oi!
    Acho bacana vc dividir suas experiências com quem planeja se aventurar por por terras estrangeiras!
    Ainda mais a Alemanha,tão diferente culturalmente de nós!
    E posso te confessar uma coisa?
    Muitas vezes divido o que aprendo aqui com vc entre amigos e familiares!
    Conto suas histórias daqui como se fóssemos amigas de longa data,que se mudou para a Alemanha!
    rsrsrs...
    Curta bem sua viagem!
    Até a volta,
    Accácia

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  2. Isso mesmo, cada um tem uma história diferente e é diferente e por isso a experiência de mudar para um país vai também ser diferente. Detesto quando o povo vem com generalizacões de dizer que todos os brasileiros que mudam pro exterior deprimem, não se adaptam, sentem falta de feijão e leite condensado, ... sei lá, tem dessas, mas não, cada um vai reagir de forma diferente, de acordo com o que já tem na bagagem de vida e de acordo com a flexibilidade que tem e também ainda de acordo com quem tá do nosso lado e nos apoia ou não, e isso é apenas alguns dos muitos fatores.
    Mas como você bem disse, não tem manual, mas dicas são sempre muito interessantes. Gosto de ler sobre experiências de outros brasileiros em outras partes do mundo também e não somente por aqui. Vou ficar no aguardo de mais novidades.

    Beijo

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  3. realmente as circunstancias que nos trouxeram para a Alemanha podem facilitar ou nao o inico aqui.
    E sim, eu diria que os 2 primeiros anos sao os mais difíceis, o segundo pesa talvez mais porque acaba aquela "novidade" de tudo e a barreira da lingua se torna ainda mais presente devido a rotina que já se instalou durante o primeiro ano.

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  4. Apesar da história de cada uma ser de um jeito, de vivermos e reagirmos a determinadas situações de maneiras diversas, eu adoro ler o que vc escreve sobre suas vivências e adoro mais ainda seus conselhos.

    É bom ter alguém que já tenha passado por isso e aquilo, nos dá uma luz, uma idéia do que podemos fazer para enfrentar os medos, arrumar as bagunças emocionais e ver a beleza de toda essa aventura.

    Quisera eu que Espen tivesse vivido ao menos um ano no Brasil, assim ele entenderia mais facilmente algumas coisas, teria menos medo, ficaria menos perdido e mais relaxado. Mas com tudo e por tudo, ele me faz feliz :) Um beijo

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  5. Oi Daniela, obrigada pelo comentário. ;)
    Eu gosto de compartilhar. Quando estava vindo pra cá, também pesquisei blogs de meninas que moravam aqui, algumas já encontrei, inclusive, pessoalmente, aliás, todas que eu citei no post e mais algumas. rs
    Eu não vou deixar de fazer isso. Eu gosto de ajudar, gosto de saber o que pensam e o que sentem também. Só não posso esperar que sintam e vejam as coisas da mesma forma que eu. Não posso esperar isso de ninguém. Por isso, escrevo para mim e para vocês.
    É bom ter esse retorno.

    Paula, acho que vc bem sabe como são os "segundos" anos... rsrs E é bem por aí o que já me disseram.

    Luciana, pois é, não dá pra colocar tudo no mesmo saco, né? E as dicas sempre são importantes, dão um norte.

    Accácia, seja bem vinda de volta ao mundo dos blogs. E pode dividir o que vc quiser com os outros. rsrsrs

    Gente, eu escrevi de cima pra baixo? rsrsrs Da úlitma para a primeira? Agora já foi.
    Bjs e boa noite procês!

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  6. Olá Eve,
    É muito bacana você compartilhar e ajudar as pessoas que têm a intenção de viver ou conhecer a Alemanha.

    Acho interessante acompanhar a sua história por aí, é quase uma novela na qual eu me divirto e fico na torcida para que você se dê bem na sua prova de certificado de alemão.
    Abraços!!

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  7. Cada uma tem a sua experiência, mas cada uma aprende um pouquinho com a experiência da outra. Quero agradecer aqui a você e todas as outras blogueiras da Alemanha (e outros cantinhos do mundo) que conheci por aqui e acompanho quietinha (por enquanto).
    A Luciana (que eu não conheço) comentou das pessoas que falam sobre os brasileiros que mudam para o exterior e não se adaptam. Tive que ouvir isso de uma amiga queridíssima no domingo, falando que conhece várias pessoas que surtaram na Alemanha, que todo alemão é louco e frio. Sei que ela fala isso porque se preocupa comigo, mas eu preciso ouvir o outro lado, preciso saber que existem pessoas que foram e são felizes, senão nunca terei coragem de tentar. Como diz Drumond: "A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade."
    Beijos meninas!

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