domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ficando ligada

Como vocês já sabem, tô aí no mundo dos desempregados, né? Então...

(texto com alguma edição, originalmente publicado no Brasil com Z)

Em dezembro e janeiro fiz quatro entrevistas para estágio (de seis candidaturas enviadas): uma eu descartei no meio do processo, em duas fui negada e em outra fui aceita. Fogos de artifícios, hein? No início, sim.

A Alemanha foi um dos países europeus que melhor soube lidar com a crise e recuperar sua economia. O índice de desemprego está baixando e a competitividade no mercado global aumentando. Nada sem custos, claro. Foram reduzidos investimentos, o endividamento aumentou e os salários diminuíram sensivelmente. (Se estou mentindo, alguém grita aí, viu?)

Eu fiz duas entrevistas por telefone enquanto estava no Brasil em janeiro. Uma era uma empresa de consultoria aonde gostaria muito de trabalhar, mas não fiquei com a vaga com a justificativa de que meu alemão ainda é insuficiente. O entrevistador foi bem franco comigo. Se já é difícil falar alemão cara a cara, imagina por telefone?

A outra entrevista foi para uma empresa de marketing on line. Eles precisavam de alguém que falasse português fluentemente. Alemão, então, era secundário. Eu fui aceita e me mandaram o contrato de estágio de três meses no mesmo dia. As condições: 40 horas por semana, 400 euros…

Mandei o contrato para marido ler. Ele não só leu, como pesquisou melhor sobre a empresa e descobriu algumas coisas tanto no contrato quanto na net:
  • O contrato não previa horas extras;
  • Dava direito à empresa em me dar mais e novas atividades além das especificadas no contrato;
  • Não especificava o tipo de contratação, se normal ou por mini-job (o que me daria desconto nos impostos  fazendo com que o valor bruto fosse também o líquido);
  • A empresa só contrata estagiários. Os únicos “empregados” são os sócios.
  • Está envolvida com negócios não legais (mas que não chegam a ser ilegais, digamos assim), entre outros detalhes.
Depois disso, neguei a vaga. Claro.

Eu quero um trabalho, mas um em que possa me desenvolver, melhorar o alemão, aprender sobre a cultura empresarial do país etc. Dinheiro não é tão importante nesse momento. (Mentira! Dinheiro é sempre importante!)

Mas, daí a eu me deixar ser explorada e trabalhar em algo que nem poderia ser mencionado no meu currículo é outra história. É melhor esperar mais um pouquinho e ser mais criteriosa nas pesquisas.

Então, você aí que está na mesma situação que eu, não se esqueça de pesquisar sobre a empresa, viu? Fique ligado!

9 comentários:

  1. Eve, meu marido caiu numa furada há alguns anos aqui na Espanha. Fazia trabalhos free de fotografia para uma empresa que vendia imóveis pela web. Já no primeiro mês desconfiamos de uma coisa: eles mandavam uma tabela do excel (feita por eles) para colocar a quantidade de imóveis e os kms rodados - pagava-se a quilometragem - durante um mês... só que a soma de tudo no final da coluna dava menos! Ou seja, eles fizeram uma tabela onde, do resultado final, se diminuia alguma porcentagem (q nunca conseguimos identifcar qual era nem a lógica). Ou seja, a conta da calculadora dava uma coisa e noe xcel dava outra. Avisou à empresa que iria mandar outra tabela pq a deles estava mal e eles concordaram. Mas no mês seguinte mandaram a mesma tabela... e ele devolveu outra. E assim foi por 3 meses. No último mês deram a ele uma carga imensa de trabalho e na hora de pagar, desapareceram. Foi quando decidimos pesquisar pelo nome da empresa no google e pelo nome do chefe. Para a nossa surpresa descobrimos que essa empresa era uma picaretagem e havia feito o mesmo com gente de toda a Espanha! Para o meu marido a rombo foi de 600€, mas tinha gente reclamando por mais de 2000€ de dívidas... e não era nem um, nem 2... pelo menos umas 20 pessoas diferentes!!!
    Isso aqui tá ficando uma carta, mas a questão é essa mesma que tu disse: PESQUISE SOBRE A EMPRESA ANTES!!!! O DR. Google sempre sabe de tudo!

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  2. OI Eve, eu também consulto o google pra tudo. Somos expatriadas mas merecemos respeito e dignidade acima de tudo.
    bjus

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  3. Estou realmente impressionada com a história da Glenda!

    Mas olha, Eve. Você e seu marido estão mais do que certos!

    Por isso que tou treinando mito o inglês, tou aprendendo o árabe, aos trancos e barrancos... Mais para frente, quero estudar as leis dos EAU, Arábia Saudita e Qatar... porque se deixar, eles montam mesmo! Prefiro ficar aqui no Brasil do que ser passada para trás num país diferente!

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  4. Pois é Eve tem que estar sempre alerta!! essas picaretagens existem em qualquer lugar do mundo. Antes é bom sempre se informar direitinho sobre a empresa pra nao ter essas surpresas. Continue tentando, va ganhando experiencia com as entrevistas e na hora certa vc vai encontrar um emprego bem legal como vc deseja. bjos e ótima semana!

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  5. Eve, você e marido fizeram super bem de olhar tudo direitinho, o que aparece de coisa nas entrelinhas depois é um assombro. As empresas às vezes confiam na vontade (ou necessidade) que as pessoas têm de trabalhar e aí fazem a festa. Você está certíssima; vá caprichando no alemão, que bons profissionais nunca ficam sem trabalho muito tempo, por um motivo bem simples - o mercado não é doido de abrir mão de gente competente!
    bjk
    Mônica
    @madamemon

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  6. infelizmente o que proliferam no mundo empresarial sao empresas fictícias ilegais e com contratações ilegais.
    ainda bem que viste a tempo
    kis :=(

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  7. Que bom que vocês pesquisaram antes!!! Nao sei se teria lembrado: sou mega ingênua para essas coisas :-(
    Boa sorte na busca!
    Beijocas, Angie

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  8. Pois é Eve, aqui na Holanda tem dessas também. Meu cunhado (que é holandes, mas é novinho), caiu em algo mais ou menos desse tipo, ele começou a ganhar quase nada, pois havia uma clausula que dizia que ele só receberia pelas horas trabalhadas e ele sempre voltava pra casa pq não havia horas suficiente, coisa assim que nào foi explicado... enfim bom que maridex leu tudo.

    beijao e boa sorte.

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