É um assunto delicado e o que me faz escrever sobre ele é a assustadora estatística que encontrei ao ter que discutí-lo em família. Ele precisava ser tratado e digerido.
De oito mulheres que ficaram sabendo da história nos detalhes, seis já tinham passado por esse problema. E suspeito que as outras duas só não tenham contado pra gente... Quer tenha sido na infância, quer tenha sido na adolescência ou na vida adulta, como eu. Com violência ou não. Quer dizer: 75% das mulheres passaram por situação semelhante, igual ou pior.
E o perigo está mais perto do que pensamos. Assédio e abuso sexual na infância e adolescência acontecem, na maioria das vezes, na própria casa, no seio familiar: são os próprios pais, os padrastos, os tios, meio-irmãos, primos, vizinhos, padrinhos... E, porque não dizer também, mulheres?
É aquela velha história: a gente nunca pensa que vai acontecer com a gente. Eu conheço muitas histórias. Inclusive aquelas cabeludas, em que as mães eram coniventes. Mas, nunca pensei que pudesse acontecer com alguma pessoa que amo e prezo muito. Não foi comigo. Graças a Deus, o pior não aconteceu. Quer dizer, se é que já não é o "pior".
Dessa experiência que ainda está longe de ter um final, tiramos algumas lições que estou passando pra frente aqui:
- Se a criança tornar-se calada e introspectiva mais que o costume, sonde, pergunte. Não a deixe sozinha em seu silêncio. Preste atenção nos sinais. São muitos.
- É mais difícil pra ela contar do que passar pela situação em si. Até porque, dependendo da idade, ela nem entende direito o que aconteceu. E, sendo alguém da família, ela acha que está traindo a "confiança" da pessoa e ainda destruindo relacionamentos. Criança nenhuma quer se sentir responsável pelo fim de um casamento, por exemplo.
- Por mais absurda que a história possa parecer, acredite nela. Não demonstre desconfiança. Por ser difícil, a última coisa que ela precisa é do seu olhar de reprovação.
- Corra atrás dos indícios. Muitas vezes, abusos acontecem durante meses e começam de forma quase imperceptível até chegar ao ato propriamente dito. Quanto mais cedo se desconfiar, mais rápido pode acabar.
- Apóie. Incondicionalmente, apóie. Não queira ser responsável por mais uma desilusão. O que mais a criança precisa além de amor, é saber que pode confiar em alguém, que não estará sozinha para enfrentar o que tem que enfrentar.
- Se for preciso fazer uma escolha, faça-a em prol da criança.
- Não importa o que o agressor tenha feito. Basta que ele tenha tocado em seus cabelos. O que importa é se a criança se sentiu ameaçada ou coagida.
- Não finja que nada aconteceu. Trate o problema. Se precisar, procure ajuda profissional. Ninguém deve lidar com isso sozinho. Nós procuramos.
- Pense sempre na vítima. É uma vítima. Ninguém tem o direito de mexer com ninguém, mesmo que digam que "foram provocados".
- Por fim, acompanhe a criança depois. Veja como ela se desenvolve, se tem medo de mostrar seu corpo, se quer ficar em casa. As sequelas podem ter ficado.
E, pelo amor de Deus, não as desampare!
Não foi o pai.
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Agora, de volta à nossa programação normal.
Sabe Eve, acontece tantas coisas mas as pessoas, de um modo geral, são hipócritas e escondem. Este assunto de abuso, assédio é mais comum do que se imagina e as pessoas precisam tratar isso de frente! Até mesmo para acuar e buscar tratamento para o "louco", "transviado", "perturbado"que comete este tipo de crime dentro da própria família. Acho que muitas coisas poderiam ser evitadas. Acontece que todo mundo faz vistas grossas e ninguém quer aceitar um caso dentro da própria família. E o pior acontece. O pior cego é aquele que não quer ver. Espero que todos se recuperem bem em sua família e que sigam fortes e unidos.
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ResponderExcluirEu nem vou dizer sobre o que eu acho que deveria ser a pena pra quem abusa de criança pq a polêmica seria grande. Pra mim explorar, abusar, maltratar criança ou idoso é um crime gravíssimo, gravíssimo.
ResponderExcluirEspero que todos os envolvidos nessa sua situação tenham forças e façam o mais certo. Casos assim são mais comuns do que pensamos porque na grande maioria a família abafa por vergonha ou medo. Se isso acontecer com um filho meu, sei não o que eu faço com o agressor, sei não!! Ave, essas histórias me dão uma raiva!
Bem, mas rezo pra que esse caso se resolva logo e da melhor forma possível. beijos
Eve, também acho que este assunto tem que ser mais discutido. Infelizmente muitas pessoas têm vergonha e medo de retaliação. Há várias casos em que vítimas abusadas não puderam contar nem mesmo com a apoio da família, haja vista que muitas pessoas não acreditam que a pessoa tão boa "x" poderia ter feito isso com a pessoa "y". Muitas pessoas se calam por medo de serem vistas como culpadas, ao invés de vítimas.
ResponderExcluirForça aí!
Beijos e ótima semana!
Realmente um assunto muito delicado e e que infelizmente precisa ser tratado em todos os meios, conversar às vezes pode ser o caminho pra evitar e quem sabe amenizar o problema!
ResponderExcluirAssunto complicado esse! Eu nunca conheci alguém que tenha passado por isso,mas acredito nao pelo fato de nunca ter acontecido com as pessoas que eu conheco mas como vc falou, pq muitos escondem, seja por vergonha ou outros motivos.
ResponderExcluirMas a gente sempre vê nos noticiarios. Muitas criancas dao sinais mas as maes nao vêem ou simplesmente nao acreditam. Uma pena.
boa semana pra vc!
PS: tem selinho pra vc lá no blog.
Que todo esse imbroglio tenha um final feliz, afinal. É o que desejo do fundo do coração.
ResponderExcluirEu imaginei que se tratasse disso quando voce postou o primeiro comentario a respeito.
ResponderExcluirMUITO triste! Muito, muito revoltante!
E o mais dificil eh que certas marcas sao pra sempre...
Obrigada por tornar publico algo tao particular, mas que, como voce mesmo disse, tem atingido niveis alarmantes e tem que ser levado a tona e encarado com maturidade, respeito e devida punicao.
Estou em oracao por voce e sua familia!
Grande beijo, boa semana!
Obrigada, pessoal!
ResponderExcluirBjs!