O post da Ingrid me animou a escrever sobre o tema. Na verdade, não esperem nenhuma análise história-política-econômica porque daqui não sai nada. O que posso dizer, sobre o meu ponto de vista é: o muro ainda existe sim, como notou a Ingrid. Pelo menos, na cabeça das pessoas.
Saindo nas ruas de Berlin, convivendo e vivendo o ritmo da cidade, consigo perceber e distinguir quem é que mora no leste e quem é que mora no oeste. Sim, tem diferença, seja na moda, no corte de cabelo e até na forma como se comportam.
O oeste é mais cosmopolita. As pessoas são mais jovens e modernas... No leste, até o corpo fala, se é que vocês me entendem. São pessoas mais simples, também mais conservadoras. E mais pobres. A maioria do Hartz VI mora por lá. As pessoas mais velhas também.
Verdade que alguns bairros do leste ou que eram próximos ao leste, como Prenzlauer Berg, estão ficando cult, chiques. Porque, os prédios foram reformados e ficaram mais bonitos, porque o aluguel é mais barato já que pessoal do leste não tem muito dinheiro... Aí, acontece uma migração de jovens casais e mesmo de estrangeiros que querem ter acesso a esses benefícios.
Na ONG em que fiz trabalho voluntário ano passado, tinha um cara que morava em Marzahn, o bairro mais legitimamente DDR de Berlin. Ele se mudou para o Wedding, bairro com maior número de estrangeiros de Berlin. Ele teve (e pode ser que ainda tenha) sérios problemas para se adaptar. Em Marzahn não há tantos estrangeiros assim, a vida é mais de cidade pequena.
Uma vez, ele me disse que sentia falta da DDR. Eu posso entender. Naquela época, ele tinha um emprego. Hoje, sua profissão não existe mais. Naquela época, as pessoas não precisavam tomar decisões complexas. O estado fazia por elas. E "na cidade grande", é cada um por si. O socialismo dava esse conforto.
Eu moro pertinho do memorial do muro, na Bernauerstr. E há tantas histórias de pessoas que queriam fugir, de pessoas que morreram tentando... É uma lista bem grande de vítimas. Mas, ainda assim, há as diferenças. São 20 anos apenas. Não dá nem uma geração ainda.
Será que um dia fica tudo "igual" mesmo? Afinal, sempre vão existir os "saudosistas".
Eve, posso dizer que você, meu amigo Regis e o namorado Thomas, que mora em Berlin, fizeram nascer em mim uma grande vontade de conhecer a Alemanha. Beijos!
ResponderExcluirPode até ser que um dia seja tudo igual, mas se isso acontecer vai demorar muito ainda. Ainda existe muita mágoa, preconceito, além dos saudosistas.
ResponderExcluirDeve ser bem interessante morar num local que dá pra perceber essas diferencas bem de perto. Por aqui uma vez ou outra escuto comentários maldosos, como por exemplo, um ex prof de alemao é ossi, sabe o que me disseram? "dá uma banana pra ele, elke vai adorar". Fiquei sem entender e quando cheguei em casa perguntei a marido e ele me explicou a história das bananas!
Os muros mais difíceis da gente derrubar costumam ser invisíveis...
ResponderExcluirbjk e ótimo finde!
Mônica
Eve eu ainda lembro quando eu era pequena, uns 6/7 anos de idade, um amigo do meu tio láaaaaaaaa do interior de Minas ficou 2 dias na minha casa em SP antes de se mudar para Alemanha (ele ficou poucos anos, não se adaptou e voltou) eu lembro que perguntei pra ele que Alemanha ele iria (afinal eu ouvia dizer que existiam duas) e eu ainda me lembro até hoje (eu e minha mémoria de elefante) que ele disse que ia pra Alemanha boa hahahahahaha
ResponderExcluirBeijao
Eu acredito que as coisas só ficarão iguais quando o muro, ou a história do muro sair do corpo. Digo do corpo pq hoje a história ainda é viva, está no corpo e na memória. Quando ficar só na memória penso que ficará tudo "igual".
ResponderExcluirAh, estou amando seu blog!
Flavia