Desde que cheguei aqui, vejo muitos cartazes e outdoors com campanhas de doação para crianças na África. Se não são africanas, pelo menos, as fotos usadas são sempre de crianças negras com lágrimas nos olhos e nariz escorrendo.
Não sei se é porque sou brasileira e já vi muitas crianças dessas de perto ou se é porque, de tanto usarem essas imagens, já não surtem mais o efeito que deveria surtir.
Contudo, porém, todavia, entretanto, passei por uma situação inusitada que nunca imaginei passar vivendo na Alemanha.
Tudo bem que tivemos uma crise que, em comparação a outros países, no Brasil foi, sim, uma marolinha e muitas pessoas perderam seus empregos e blá, blá, blá. Mas, eu não esperava ver a miséria que eu vi diante do meu nariz, passando por mim.
Fui jogar o lixo fora, que no meu prédio é separado em 457 latas diferentes - papel, plástico, orgânico, lixo comum (hein?), eletrônicos (juro), metal, vidro e lá vai coisa – quando passa por mim uma senhora, devia ter uns 50 ou 60 anos, totalmente maltrapilha.
Antes de sair, verifiquei no termômetro a temperatura externa e estava -4 graus. Eu fiquei pensando o quanto frio não estava embaixo daqueles trapos. Ela passou direto por mim e para onde foi? Diretamente para as latas de lixo. Eu nunca imaginei (pode ser ingenuidade minha) que esbarraria com uma catadora de lixo na Alemanha. Segui meu caminho e ela o dela.
Quando cheguei em casa, quase me matei de ódio! Porque lembrei que tinha separado algumas roupas de frio que ganhei que não cabiam em mim para doar (jogar fora por aqui, tem caixas de coleta próprias - muitas da Cruz Vermelha, para ir pra onde? África e agora, provavelmente, Haiti.). Ainda voltei na varanda para ver se encontrava a senhora e já era tarde.
Fiquei eu com a consciência pesada e a senhora, com a sacola vazia.
Eve,
ResponderExcluira Europa já não é a mesma há bastante tempo. Não só a coisa tá feia por aí, mas a gente vira e mexe esbarra com imigrantes do leste europeu que, aproveitando o passe-livre na Comunidade, preferem viver mal numa Alemanha ou França do que em seus próprios países. Na Irlanda, por exemplo, encontrei um número enorme de tchecos, poloneses, russos, alguns com trabalho, outros simplesmente tentando dar um jeito na vida. Aí na Alemanha o problema costumava ser os turcos, na França e Espanha o pessoal da África do Norte, em todo lugar refugiados da guerra nos Balcãs, mas agora existem os 'locais' também.
E, pelo jeito, a situação ainda vai custar a melhorar...
bjk
Mônica
Ei Eve,
ResponderExcluirVc acredita que uma vez uma mulher alema maltrapilha veio mendigar me pedindo um euro pra comprar algo pra comer no supermercado? Fiquei chocada na hora...
Quanto a doar, é algo complicado, pois nem todo mundo aceita: preferem comprar baratinho, mas de graca nao querem, porque seria aceitar sua condicao social, sei lá. Mas, como sempre: nada de generalizacoes com 100% de certeza e ponto final, né?
Beijocas,
Sandra