Acordou
atrasada de novo! Não ouvia mais o despertador. Levantou-se rápido da cama e
foi em direção ao banheiro. Lavou o rosto, tirou a camisola, vestiu-se o mais
rápido que pôde, pegou sua bolsa, seu notebook e saiu.
No carro,
lembrou que não havia comido nada, nem uma maçã. Teria que se virar durante a
reunião com o estômago vazio e dolorido. Tomaria um café com leite no
escritório e tudo ficaria bem.
Saiu da
garagem do seu prédio em direção à avenida mais movimentada da cidade. Não,
isso não. Um atalho é melhor. Pegou, então, um atalho. No meio do caminho, uma
construção, caminhões e homens na rua. Mais um motivo de atraso. Resolveu dar a
ré. Virou a esquina com fúria. Se perdesse mais essa reunião, saberia que
estaria demitida. E ela não queria perder o emprego dos seus sonhos.
No meio do
caminho, um ônibus também virou a esquina com fúria. Duas fúrias se
encontravam. Seu carro era menor. Ficou entre as ferragens do ônibus. Os
passageiros desceram. O motorista ligou para o socorro. Ela estava desacordada.
Sangrava.
As pessoas
tentavam acordá-la. Já tinham dúvidas que conseguiria quando ela abre os olhos
ainda atordoada. Quando deu por si, começou a chorar. Perderia o emprego,
sentia dores nas pernas e na cabeça. Queria sua mãe.
Os
bombeiros não demoraram a chegar. Um deles abaixou-se e ficou ao seu lado.
Perguntou nome, idade, profissão. Queria deixá-la acordada, avisar familiares.
Ela sentia
dores e queria sair dali. Ele tentava acalmá-la enquanto esperavam trazer a
tesoura. Precisavam de uma tesoura para cortar a porta do carro. Ela chorava,
chamava pela mãe, mas sua mãe não poderia estar ali, estava em outra cidade.
Num ato de
solidariedade, ele segurou a sua mão. Ela se acalmou e agradeceu. Porque ele
percebeu que a fazia bem, manteve sua mão à dela durante todo o resgate, até
que fosse guiada à ambulância. De lá, foram para o hospital mais próximo. Seu
estado parecia sério.
O
resultado foi um pé quebrado que precisou ser operado, uma fratura na bacia, um
corte profundo no braço, dores no corpo e muitas luxações.
Sua mãe já
havia viajado para o seu encontro. Estava com ela dia e noite. Recebeu visita
dos amigos e até do chefe que a tranqüilizou. Ela não perderia o emprego,
afinal, foi uma fatalidade. Ela sorria agora. Já estava aliviada e em companhia
de pessoas de quem gostava.
Preparava-se
para descansar da última visita quando a porta tornou a abrir. Era ele, o
bombeiro que havia segurando a sua mão durante o resgate.
“Olá
Juliana. Lembra-se de mim?”
“Lembro
sim. Só não sei seu nome.”
“Evandro.”
“Oi
Evandro, prazer em conhecê-lo”.
Ele sorriu
tímido e percebia que ela tinha humor. Entregou as flores que trouxe e
sentou-se na cadeira ao lado da sua cama. Ficaram um tempo em silêncio, até que
ela tomou a iniciativa:
“Gostaria
de agradecer o que fez por mim naquela manhã. Você foi muito atencioso.”
“Faz parte
do meu trabalho. Mas, você também foi muito guerreira. Aguentou tudo.”
“Vocês
também foram muito rápidos.” – Ela queria dizer que foi mais fácil com ele
segurando a sua mão. Ficou ruborizada só de pensar.
Ficaram um
tempo só trocando olhares, parecia uma infinidade.
“Pelo
estado em que ficou seu carro, você saiu com poucas sequelas. Já vi acidentes
menores e com piores resultados.”
“Dei
sorte, né?”
“Graças a
Deus!” – Agora era a hora dele ficar ruborizado. Só que, dessa vez, ela
percebeu.
“Sabe,
minha mãe saiu para fazer um lanche. Será que você me faria companhia até ela
voltar? Como no acidente...”
“Claro.”
Ele se
levantou e foi em direção à cama. Pegou sua mão novamente, mas dessa vez a
beijou. Ele não sabia explicar o que sentia, o que havia chamado sua
atenção,por que estaria interessado nela, mas acreditava que as pessoas não
apareciam na vida de outra por acaso. Era para ele estar lá naquele dia. Era
para ela estar lá, com o carro no meio do caminho.
Oiii!
ResponderExcluirVi que você fala Alemão e que tem um blog sobre, mas que faz tempo que não atualiza. Por isso vim te procurar aqui :)
Sabe tenho um livro. Dentro deste livro existe um personagem alemão. Só que, como ele fala mora na Inglaterra, precisa falar o inglês. Mas eu o escrevo em Português.
Gostaria de umas dicas de sotaque alemão para falas em português. Você poderia dar essa ajuda?
Beijos!
ensaiosdenik.blogspot.com
Eve que história linda, mas confesso q suei...no meio da narrativa achei q vc ia falar q era vc...sufoco q passei aki menina..aff
ResponderExcluirGosto mto das suas histórias viu? Poste mais vezes bitte!! :)
Beijao!!
nossa que lindo conto, me emocionei!!!! Bjs Alice
ResponderExcluirQue conto bonito, trágico mas com um final feliz... :)
ResponderExcluirVocê tem um dom. Tanto para a ficção quanto para textos de opinião. Gostei muito do seu site. Vou para Berlin em janeiro e estou sedenta por dicas. Por favor, não deixe de atualizar!
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