Voltando aos pouquinhos

Aí que entra um enfermeiro no meu quarto e me pergunta se sou portuguesa ou brasileira. Respondo que sou brasileira e ele me pergunta de onde.

Pronto, pensei, vamos voltar àqueles velhos papos de quem tenta fingir que conhece algo sobre o Brasil. Graças, só um pensamento.

Eu sempre respondo, né? Pois, sou da Bahia.

- Qual a capital da Bahia mesmo? (Primeiro sinal de que ele estava indo pelo caminho certo: perguntar melhores detalhes. rs)
- Salvador.
- Ah, eu já estive lá.
- E você gostou? (Bom, eu pensei que ele merecia um pouquinho mais de papo)
- Gostei muito, fui lá no carnaval com um amigo que era metade brasileiro. Eu morei um ano em Peru (que chique!) e de lá achei que valeria a pena conhecer o carnaval de Salvador.
- Que bom que gostou.
- Ah, foi muito interessante, a cidade para por uma semana. Muita multidão. Muita loucura. (Nessa hora, ele já estava todo animadinho.)

Aí, não sei o que foi, ele sai do quarto e volta tempos depois:

- Às vezes, tive medo, eu entrava nos ônibus com meu amigo e ele é baixinho e eu, bom, eu... (o alemão tinha humor, não tão alto e um pouco magro). Aí, eu tinha vontade de tirar a camisa por causa do calor e eu olhava em volta e aqueles homens grandes, musculosos, com as barrigas magrinhas e eu achava melhor manter a camisa. Não ia competir, né?


Gente, eu tive que rir. O cara com medo dos "homens musculosos" de Salvador. E, né, por nada não, mas os negões* lá são mesmo dos bons, viu?


*"Negão" na Bahia não é um termo perjorativo. Alguns se comprimentam assim: "e aí, negão?" Com mulheres, "nêga" é carinhoso. ;) Estou mentindo, povo?