Eu bem falei aqui que tem alemão (a pessoa) que fica bobo quando ouve um estrangeiro falando bem alemão (o idioma). E eu acho muito chato, quando eu percebo que alguém está "elogiando" porque, simplesmente, não acredita que um estrangeiro pudesse falar alemão tão bem, ou melhor do que ele imaginava que fosse possível.
Marido participou de um workshop sobre discriminação e racismo. Uma das instrutoras é uma iraniana que mora na Alemanha desde os 5 anos. Ela usou como exemplo a questão que eu citei aí em cima.
Agora imaginem vocês que a moça foi praticamente alfabetizada em alemão, frequentou a escola e fez faculdade em alemão. O que diabos faz um alemão pensar que o alemão (o idioma, viu?) dela não deveria ser bom para se assustar com o nível dela? Ora bolinhas!
Marido contou que eu penso o mesmo e blá blá blá. Aí ela conta que se alguém vem com essa de "Nossa! Como você fala bem alemão!", ela responde "Mas, você também!". E pronto! Achei a resposta perfeita.
Claro... como expliquei no post anterior, deixa eu quebrar a barreira de 5 anos. Por enquanto, vou encarar como elogio. Mas, depois, essa será minha resposta padrão. Senti uma "admiração" disfarçada, vou largar a resposta: "Você também!"
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sábado, 16 de novembro de 2013
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Pensativa...
Outro dia, na estação do metrô (de novo...), tinha um senhor muito bêbado. Os bombeiros tentavam convencê-lo a ir com eles, mas ele não queria. Não entendi muito bem, mas, aparetemente, os bombeiros insistiram o quanto podiam e depois desistiram, o deixando lá. Não dá pra forçar a ajuda, né?
Eu não me senti à vontade ficando perto desse senhor, porque parecia que a qualquer momento ele ficaria de estômago vazio, se é que vocês entendem. Ao meu lado tinha um cara. Eu olhei pra ele e sorri. Eu não queria que ele pensasse que estava me afastando por conta dele, mas sim por conta do bêbado.
Só que o meu sorriso abriu uma porta de comunicação. Entramos no metrô e o cara sentou perto de mim, me procurava com o olhar. Eu me senti incomodada. Eu não percebia o que estava acontecendo. Desci na minha estação de casa e ele desceu também. Ele andou ao meu lado e falou comigo.
- English?
- A little bit. German also.
- I English, Italian and Arabic.
- Oh!
E segui. Ele seguiu ao meu lado.
Sai da estação. Acelerei o passo. Dobrei na esquina da minha casa e ele ficou lá parado, com ar de perdido.
Só quando estava abrindo a porta do prédio que entendi o que estava acontecendo. Ele precisava de ajuda. Pelas línguas que ele dizia falar, no mínimo, alguém que atravessou o mediterrâneo, ficou perdido na fronteira da Itália e veio parar num "campo" de asilados por aqui. E eu, com a minha incapacidade intelectual de mudar a língua do meu cérebro de forma automática, não fui capaz de entender o que ele queria, não fui capaz de perguntar: "Do you need any help?"
Eu ainda voltei, procurei e ele não estava mais lá. Por algumas horas, senti-me a pior pessoa do mundo.
Já faz mais de dois meses e eu continuo me sentindo assim. Espero mesmo que ele tenha encontrado alguém melhor no caminho dele.
Eu não me senti à vontade ficando perto desse senhor, porque parecia que a qualquer momento ele ficaria de estômago vazio, se é que vocês entendem. Ao meu lado tinha um cara. Eu olhei pra ele e sorri. Eu não queria que ele pensasse que estava me afastando por conta dele, mas sim por conta do bêbado.
Só que o meu sorriso abriu uma porta de comunicação. Entramos no metrô e o cara sentou perto de mim, me procurava com o olhar. Eu me senti incomodada. Eu não percebia o que estava acontecendo. Desci na minha estação de casa e ele desceu também. Ele andou ao meu lado e falou comigo.
- English?
- A little bit. German also.
- I English, Italian and Arabic.
- Oh!
E segui. Ele seguiu ao meu lado.
Sai da estação. Acelerei o passo. Dobrei na esquina da minha casa e ele ficou lá parado, com ar de perdido.
Só quando estava abrindo a porta do prédio que entendi o que estava acontecendo. Ele precisava de ajuda. Pelas línguas que ele dizia falar, no mínimo, alguém que atravessou o mediterrâneo, ficou perdido na fronteira da Itália e veio parar num "campo" de asilados por aqui. E eu, com a minha incapacidade intelectual de mudar a língua do meu cérebro de forma automática, não fui capaz de entender o que ele queria, não fui capaz de perguntar: "Do you need any help?"
Eu ainda voltei, procurei e ele não estava mais lá. Por algumas horas, senti-me a pior pessoa do mundo.
Já faz mais de dois meses e eu continuo me sentindo assim. Espero mesmo que ele tenha encontrado alguém melhor no caminho dele.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Ainda é diferente
Dias atrás, estava no metrô (estava demorando com mais casos de metrô, né?), em pé, quando entra uma alemã de meia idade, um menino no carrinho se esbaldando na maçã, acho que nem tinha dois anos ainda e uma menina de uns 5 ou 6 anos. O menininho era a coisa mais linda. Ela, como estava com o carrinho, ficou em pé ao lado da porta, a menina senta.
Ao meu lado, uns três pré-adolescentes sentados. Eles estavam conversando sobre sei lá o quê. Passa-se uma ou duas estações e a mulher fala para a menina que se preparasse que já iam descer.
Enquanto isso, os pré-adolescentes conversavam entre si, um cutucando o outro e dando risadinhas, quando o mais corajoso de todos se dirige à mulher:
- Desculpa...
- Pois não?
- Esse menino é seu filho?
Ela ri sem graça e responde:
- Sim, ele é meu filho. A menina também.
Saem do metrô.
O mais corajoso vira para os outros e diz:
- Viu? Eu disse.
E qual o mistério?
As crianças eram negras. A mulher, branca.
Estranho pra mim é que a pergunta tenha vindo de três "estrangeiros". Pois, os meninos tinham traços turcos/árabes. Chupa essa manga!
O que me faz pensar também em quantas vezes essas crianças terão que passar por essa pergunta na vida...
Ao meu lado, uns três pré-adolescentes sentados. Eles estavam conversando sobre sei lá o quê. Passa-se uma ou duas estações e a mulher fala para a menina que se preparasse que já iam descer.
Enquanto isso, os pré-adolescentes conversavam entre si, um cutucando o outro e dando risadinhas, quando o mais corajoso de todos se dirige à mulher:
- Desculpa...
- Pois não?
- Esse menino é seu filho?
Ela ri sem graça e responde:
- Sim, ele é meu filho. A menina também.
Saem do metrô.
O mais corajoso vira para os outros e diz:
- Viu? Eu disse.
E qual o mistério?
As crianças eram negras. A mulher, branca.
Estranho pra mim é que a pergunta tenha vindo de três "estrangeiros". Pois, os meninos tinham traços turcos/árabes. Chupa essa manga!
O que me faz pensar também em quantas vezes essas crianças terão que passar por essa pergunta na vida...
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Meu sotaque me condena...
Entro no elevador e uma senhora me pergunta se já havia chegado no térreo. Eu respondo que não, que ainda estávamos no quinto andar.
- Você é de onde? - ela me pergunta.
- Sou de Berlin.
- Ah, mas você não é uma berlinense de verdade, né?
- Sou brasileira. - disse sorrindo.
- Eu ainda não tive a oportunidade de conhecer o Brasil.
Notem, por favor, o "ainda". Tão velhinha que usava um andador.
- É um país bonito. - puxei a brasa pro meu lado.
- Eu perguntei porque sou muito curiosa. Percebi no seu sotaque. - e deu um sorriso maroto.
A pessoa responde: "estamos no quinto andar" e a outra percebe que você não é desseplaneta país.
A conversa foi fofa, pelo menos.
- Você é de onde? - ela me pergunta.
- Sou de Berlin.
- Ah, mas você não é uma berlinense de verdade, né?
- Sou brasileira. - disse sorrindo.
- Eu ainda não tive a oportunidade de conhecer o Brasil.
Notem, por favor, o "ainda". Tão velhinha que usava um andador.
- É um país bonito. - puxei a brasa pro meu lado.
- Eu perguntei porque sou muito curiosa. Percebi no seu sotaque. - e deu um sorriso maroto.
A pessoa responde: "estamos no quinto andar" e a outra percebe que você não é desse
A conversa foi fofa, pelo menos.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Sobre ser a segunda opção
Li sobre no blog de uma fofa e fiquei refletindo sobre isso. E, olha, só Deus sabe, os ouvidos do marido e os da terapeuta como é complicado pra mim essa história de ser a segunda opção.
Estou falando da busca por empregos. Tem gente especializada, de áreas que estão bombando, como informática ou engenharia, que não passam, necessariamente, por essa situação. Grassazadeus. Mas, contudo, porém, todavia, tem aquelas pessoas que inventaram de estudar administração no Brasil e que ainda vem morar num país em que pra se trabalhar no RH TEM QUE ter estudado RH, para trabalhar com finanças TEM QUE ter estudado finanças (e isso são só alguns exemplos). Um currículo genérico tem muito poucas chances no mercado. Mas, mesmo que você tenha estudado administração, uma pós em marketing e muita experiência em gestão de projetos, você ainda pode ser considerada segunda opção.
Porque, a realidade é que, entre escolher uma pessoa que não domina a língua e levaria muito mais tempo para escrever um relatório, por exemplo, um nativo será, muito provavelmente, escolhido no seu lugar. Mesmo que ele não tenha tanta exepriência quanto você.
É possível que o desespero bata. É. Já bateu aqui várias vezes. Mas, eu digo e repito: não desista. Ou se readapte. De novo, Eve? Já não vim pra cá tendo que me adaptar? Sim, veio. Só que você só sabe o que te espera de verdade quando está lá, botando a cara à tapa, certo? Então. Não adianta só ouvir os conselhos. Tem que sentir na pele.
Uma das melhores qualidades dos seres humanos é a de adaptação. E acho quqe brasileiro passou na fila duas vezes, porque ô povinho camaleão, viu? Use isso a seu favor. Não está dando certo nessa direção? Mude. Seja criativo.
Ou, como falei para um colega grego recentemente: vamos parar de nos desvalorizar. Por que eu tenho que mandar currículo para aquela vaga que eu nem queria, mas porque estou precisando de emprego vou mandar assim mesmo, quando na verdade, meu lugar é em outra posição? Por que, se eu tivesse no Brasil e um entrevistador me perguntasse "Você tem experiência nisso?" eu responderia sem medo "tenho!", mesmo que a minha experiência seja de um mês ou que eu tenha visto isso de raspão na uni e aqui não faço a mesma coisa?
Porque, ao lerem seu currículo, vão saber que é supervalorizado para o cargo e, por isso, não irão te contratar. Ou ao dizer que não sabe uma coisa (porque, internamente, você "pensa" que os nativos fazem melhor), está perdendo a oportunidade de mostrar sua vontade de aprender, sua determinação.
Eu quero muito, um dia, chegar aqui e contar pra vocês que arrumei um emprego bem legal. Que, dessa vez, não fui a segunda opção.
Oremos.
Estou falando da busca por empregos. Tem gente especializada, de áreas que estão bombando, como informática ou engenharia, que não passam, necessariamente, por essa situação. Grassazadeus. Mas, contudo, porém, todavia, tem aquelas pessoas que inventaram de estudar administração no Brasil e que ainda vem morar num país em que pra se trabalhar no RH TEM QUE ter estudado RH, para trabalhar com finanças TEM QUE ter estudado finanças (e isso são só alguns exemplos). Um currículo genérico tem muito poucas chances no mercado. Mas, mesmo que você tenha estudado administração, uma pós em marketing e muita experiência em gestão de projetos, você ainda pode ser considerada segunda opção.
Porque, a realidade é que, entre escolher uma pessoa que não domina a língua e levaria muito mais tempo para escrever um relatório, por exemplo, um nativo será, muito provavelmente, escolhido no seu lugar. Mesmo que ele não tenha tanta exepriência quanto você.
É possível que o desespero bata. É. Já bateu aqui várias vezes. Mas, eu digo e repito: não desista. Ou se readapte. De novo, Eve? Já não vim pra cá tendo que me adaptar? Sim, veio. Só que você só sabe o que te espera de verdade quando está lá, botando a cara à tapa, certo? Então. Não adianta só ouvir os conselhos. Tem que sentir na pele.
Uma das melhores qualidades dos seres humanos é a de adaptação. E acho quqe brasileiro passou na fila duas vezes, porque ô povinho camaleão, viu? Use isso a seu favor. Não está dando certo nessa direção? Mude. Seja criativo.
Ou, como falei para um colega grego recentemente: vamos parar de nos desvalorizar. Por que eu tenho que mandar currículo para aquela vaga que eu nem queria, mas porque estou precisando de emprego vou mandar assim mesmo, quando na verdade, meu lugar é em outra posição? Por que, se eu tivesse no Brasil e um entrevistador me perguntasse "Você tem experiência nisso?" eu responderia sem medo "tenho!", mesmo que a minha experiência seja de um mês ou que eu tenha visto isso de raspão na uni e aqui não faço a mesma coisa?
Porque, ao lerem seu currículo, vão saber que é supervalorizado para o cargo e, por isso, não irão te contratar. Ou ao dizer que não sabe uma coisa (porque, internamente, você "pensa" que os nativos fazem melhor), está perdendo a oportunidade de mostrar sua vontade de aprender, sua determinação.
Eu quero muito, um dia, chegar aqui e contar pra vocês que arrumei um emprego bem legal. Que, dessa vez, não fui a segunda opção.
Oremos.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Uma questão de educação (lá)
Meu cunhado aluga um quarto em seu apartamento para estudantes. Dessa vez, o estudante é da China.
Marido foi lá fazer uma visita ao irmão e voltou com um lindo maço de cigarros chinês. Perguntei a marido se o chinês fumava e ele me conta a seguinte história:
"Eu saí na varanda pra fumar, quando ele apareceu com esse maço de cigarros pra me dar. Eu perguntei se ele também fumava e ele respondeu que não. Então, perguntei porque ele tinha cigarros e ele explica que na China, quando se recebe visita e essa visita fuma, o dono da casa deve oferecer cigarros pra ele"
Assim, marido voltou com um maço de cigarros chinês pra casa.
O mais legal foi o chinês ter transportado essa "tradição" pra cá e ter trazido os próprios cigarros para o caso de receber visitas.
Achei super interessante. E uma forma de mostrar, "à sua maneira", gentileza.
Já aqui, se não fumamos, botamos o amigo fumante pra fora de casa. hahahahaha
Update: ó, meu povo, eu nao to criticando o "botar pra fora", viu? Eu só comparei as culturas. Aqui em casa, apesar de marido ser fumante, eu também "boto pra fora". Ou fuma na varanda, ou no fumódromo de marido (escritório dele).
Marido foi lá fazer uma visita ao irmão e voltou com um lindo maço de cigarros chinês. Perguntei a marido se o chinês fumava e ele me conta a seguinte história:
"Eu saí na varanda pra fumar, quando ele apareceu com esse maço de cigarros pra me dar. Eu perguntei se ele também fumava e ele respondeu que não. Então, perguntei porque ele tinha cigarros e ele explica que na China, quando se recebe visita e essa visita fuma, o dono da casa deve oferecer cigarros pra ele"
Assim, marido voltou com um maço de cigarros chinês pra casa.
O mais legal foi o chinês ter transportado essa "tradição" pra cá e ter trazido os próprios cigarros para o caso de receber visitas.
Achei super interessante. E uma forma de mostrar, "à sua maneira", gentileza.
Já aqui, se não fumamos, botamos o amigo fumante pra fora de casa. hahahahaha
Update: ó, meu povo, eu nao to criticando o "botar pra fora", viu? Eu só comparei as culturas. Aqui em casa, apesar de marido ser fumante, eu também "boto pra fora". Ou fuma na varanda, ou no fumódromo de marido (escritório dele).
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A realidade das outras
Esse post aqui e a pergunta da fisioterapeuta fez com que eu parasse pra pensar em situações que já tive contato aqui na Alemanha. Não que violência doméstica seja um caso restrito à Alemanha, claro que não. Mas, como é aqui que estou morando, né mesmo?
Lá vai:
Quando eu fiz trabalho voluntário, nos últimos dias, "vivi" um problemão com um colega voluntário. A mulher dele o denunciou por violência doméstica. Ela deu queixa e a polícia foi pra porta dela esperar ele voltar pra casa. Chegando lá, ela tinha arrumado as coisas dele, posto numa mala e ele não podia nem mais entrar em casa. Nem ver os filhos. Proibido. A acusação era a de que ele batia nos filhos. Eram 4. Três meninos e uma menina. Aparentemente, ele só batia nos dois rapazes mais velhos. Ele disse que era mentira, que foi só uma vez, pra apartar uma briga entre eles.
Só que, por coincidência, um dos filhos dele estuda no colégio que marido dá aula. Eu fiquei sabendo que o menino tinha horror do pai. Era só dizer assim "Fulaninho, se você não melhorar o comportamento, vou contar pra seu pai!" e o menino morria de medo que isso acontecesse. Bom, aonde tem fumaça, há fogo...
Aqui, dependendo do tipo de denúncia e de quem a faz (em alguns casos, é preciso provas), a ação da polícia é imediata. Como nesse caso.
Em outros, a polícia/justiça interdita o cara, mas ele volta pra casa, força a entrada e dá em desgraça. Como o caso de uma mãe de seis filhos degolada pelo marido. Preso em flagrante. O caso ainda está sendo avaliado, porque, aparentemente, o ex-marido não pode ser indiciado por ter diagnóstico de esquizofrenia.
No meu bairro, meses atrás, teve uma chacina. Um ex-namorado, proibido pelo pai de visitar a namorada, denunciado à polícia, atirou contra o carro da família, matando a mãe da menina, a irmã, uma prima e deixando-a gravemente ferida. Ele foi preso no dia seguinte.
Quando casos de violências como esses vão parar na TV, acho super interessante o fato de nunca dizerem a nacionalidade do infrator. Nesses três casos, as famílias eram de origem turca.
Infelizmente, há muito caso de violência doméstica entre turcos e/ou islâmicos. Principalmente, crimes de honra, aqueles em que as mulheres ainda são perseguidas e, muitas vezes, assassinadas por algum familiar por não seguir "as regras" impostas. Para essas mulheres, existe apoio, lei e proteção. Muitas delas precisam mudar de identidade e estado para poderem sobreviver. Estou acompanhando um caso desse atualmente: a menina tem 16 anos e quer jogar futebol, teria condições de jogar profissionalmente, o pai botou pra fora de casa e os irmãos a ameaçaram de morte. Ela é escoltada pra escola pra terminar o ano letivo. Em seguida, muda de estado. Vai para o sul. Quem sabe lá ganha uma vida nova.
Lá vai:
Quando eu fiz trabalho voluntário, nos últimos dias, "vivi" um problemão com um colega voluntário. A mulher dele o denunciou por violência doméstica. Ela deu queixa e a polícia foi pra porta dela esperar ele voltar pra casa. Chegando lá, ela tinha arrumado as coisas dele, posto numa mala e ele não podia nem mais entrar em casa. Nem ver os filhos. Proibido. A acusação era a de que ele batia nos filhos. Eram 4. Três meninos e uma menina. Aparentemente, ele só batia nos dois rapazes mais velhos. Ele disse que era mentira, que foi só uma vez, pra apartar uma briga entre eles.
Só que, por coincidência, um dos filhos dele estuda no colégio que marido dá aula. Eu fiquei sabendo que o menino tinha horror do pai. Era só dizer assim "Fulaninho, se você não melhorar o comportamento, vou contar pra seu pai!" e o menino morria de medo que isso acontecesse. Bom, aonde tem fumaça, há fogo...
Aqui, dependendo do tipo de denúncia e de quem a faz (em alguns casos, é preciso provas), a ação da polícia é imediata. Como nesse caso.
Em outros, a polícia/justiça interdita o cara, mas ele volta pra casa, força a entrada e dá em desgraça. Como o caso de uma mãe de seis filhos degolada pelo marido. Preso em flagrante. O caso ainda está sendo avaliado, porque, aparentemente, o ex-marido não pode ser indiciado por ter diagnóstico de esquizofrenia.
No meu bairro, meses atrás, teve uma chacina. Um ex-namorado, proibido pelo pai de visitar a namorada, denunciado à polícia, atirou contra o carro da família, matando a mãe da menina, a irmã, uma prima e deixando-a gravemente ferida. Ele foi preso no dia seguinte.
Quando casos de violências como esses vão parar na TV, acho super interessante o fato de nunca dizerem a nacionalidade do infrator. Nesses três casos, as famílias eram de origem turca.
Infelizmente, há muito caso de violência doméstica entre turcos e/ou islâmicos. Principalmente, crimes de honra, aqueles em que as mulheres ainda são perseguidas e, muitas vezes, assassinadas por algum familiar por não seguir "as regras" impostas. Para essas mulheres, existe apoio, lei e proteção. Muitas delas precisam mudar de identidade e estado para poderem sobreviver. Estou acompanhando um caso desse atualmente: a menina tem 16 anos e quer jogar futebol, teria condições de jogar profissionalmente, o pai botou pra fora de casa e os irmãos a ameaçaram de morte. Ela é escoltada pra escola pra terminar o ano letivo. Em seguida, muda de estado. Vai para o sul. Quem sabe lá ganha uma vida nova.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Eu tô dizendo...
ainda vou escrever um livro sobre causos do metrô, vou sim.
Estou eu lá, linda, loira e serelepe, de cabelos curtos, sentada no meu canto, quando era um homem pra lá de peculiar e resolve sentar ao meu lado. Isso pra não dizer que foi quase no meu colo. Dei uma afastadinha básica, mas eu acho mesmo que ele estava se sentindo em casa. Porque, né, a criatura abre os braços como se estivesse sozinho pra tirar o casaco e vai me cutucando, sabe como é, como se eu nao existisse. Ele se bateu tanto em mim, que eu resolvi mudar de lugar. Sentei um banco mais pro lado.
A maior bobagem que fiz. Porque eu continuei ao lado dele, né? Óbvio. Do meu lado direito um outro cara. Acho que "normal".
Eu sei que o "peculiar" começou a falar umas coisas lá, ora eu achava que era espanhol, ora francês, ora alemão. Ele tira cachecol, tira casaco, abre camisa e começa a mexer no cinto da calça. Nessa hora, fiquei inquieta e olhei pro "normal" do meu lado rindo. Ele riu de volta, como se lesse meus pensamentos: "ele não vai ficar pelado agora não, vai?"
Mas, vocês acham que a história acaba aí? Só começa.
A criatura me tira uma garrafa de Jägermeister da bolsa, bebe um gole e me oferece. Claaaaaro que não foi uma oferta qualquer, o cara batia no meu braço com a garrafa e me perguntava "Quer? Quer? É bom para o estômago. É bom para o estômago". Detalhe: em espanhol. E eu: Nein!! Só que ele insistiu tanto e meu braço já estava doendo, que falei em portunhol: NO QUIERO, GRACIAS. (aulas de portunhol no endereço de email do blog, obrigada)
Pronto. Fodeu-se a coisa toda!
- Ahhh, hablas espanol?
- Un poco.
- Donde és? Peru?
- Brasil.
- Que haces acá? Estudia?
- Si.
- O que?
- Administracion. (mentira, né?)
- Bueno, bueno...
Daí abre um livro de um curso de alemão e começa a fingir que estava respondendo o exercício e passou 500 anos repetindo a mesma frase:
"Die Toilette ist außerbetrieb" - O banheiro está fora de funcionamento/ interditado.
Nada mais apropriado, diga-se.
Eu ria. O cara ao meu lado ria. A criatura e eu fizemos a festa pra esse cara, porque ele, nitidamente, estava se divertindo às nossas custas.
Chega a estação que ele tinha que descer. Levanta, pega as coisas dele. E?
E dá uma cutucada no meu braço: Adios! Adios!
Véi! Véi! Véi!
NÃO ME CUTUCA!!!!!
p.s. baiano não cutuca, baiano futuca. hahahahaha
Estou eu lá, linda, loira e serelepe, de cabelos curtos, sentada no meu canto, quando era um homem pra lá de peculiar e resolve sentar ao meu lado. Isso pra não dizer que foi quase no meu colo. Dei uma afastadinha básica, mas eu acho mesmo que ele estava se sentindo em casa. Porque, né, a criatura abre os braços como se estivesse sozinho pra tirar o casaco e vai me cutucando, sabe como é, como se eu nao existisse. Ele se bateu tanto em mim, que eu resolvi mudar de lugar. Sentei um banco mais pro lado.
A maior bobagem que fiz. Porque eu continuei ao lado dele, né? Óbvio. Do meu lado direito um outro cara. Acho que "normal".
Eu sei que o "peculiar" começou a falar umas coisas lá, ora eu achava que era espanhol, ora francês, ora alemão. Ele tira cachecol, tira casaco, abre camisa e começa a mexer no cinto da calça. Nessa hora, fiquei inquieta e olhei pro "normal" do meu lado rindo. Ele riu de volta, como se lesse meus pensamentos: "ele não vai ficar pelado agora não, vai?"
Mas, vocês acham que a história acaba aí? Só começa.
A criatura me tira uma garrafa de Jägermeister da bolsa, bebe um gole e me oferece. Claaaaaro que não foi uma oferta qualquer, o cara batia no meu braço com a garrafa e me perguntava "Quer? Quer? É bom para o estômago. É bom para o estômago". Detalhe: em espanhol. E eu: Nein!! Só que ele insistiu tanto e meu braço já estava doendo, que falei em portunhol: NO QUIERO, GRACIAS. (aulas de portunhol no endereço de email do blog, obrigada)
Pronto. Fodeu-se a coisa toda!
- Ahhh, hablas espanol?
- Un poco.
- Donde és? Peru?
- Brasil.
- Que haces acá? Estudia?
- Si.
- O que?
- Administracion. (mentira, né?)
- Bueno, bueno...
Daí abre um livro de um curso de alemão e começa a fingir que estava respondendo o exercício e passou 500 anos repetindo a mesma frase:
"Die Toilette ist außerbetrieb" - O banheiro está fora de funcionamento/ interditado.
Nada mais apropriado, diga-se.
Eu ria. O cara ao meu lado ria. A criatura e eu fizemos a festa pra esse cara, porque ele, nitidamente, estava se divertindo às nossas custas.
Chega a estação que ele tinha que descer. Levanta, pega as coisas dele. E?
E dá uma cutucada no meu braço: Adios! Adios!
Véi! Véi! Véi!
NÃO ME CUTUCA!!!!!
p.s. baiano não cutuca, baiano futuca. hahahahaha
sábado, 27 de outubro de 2012
A coitadinha: eu
Peguei indicação/receita para algumas massagens no meu médico "de casa". A ideia era relaxar, né? Pois. Fui numa clínica de fisioterapia que tem perto da minha casa, gerenciada por um casal de vietnamitas, coisa da boa.
A fisioterapeuta que me atendeu era alemã. Rá! Como era a primeira vez, fez as perguntas de praxe.
Atenção para o parêntesis:
Eu moro num bairro de maioria estrangeira, muitos turcos e libaneses, principalmente. Anotem essa informação aí do ladinho.
Fecha parêntesis.
Ela perguntou desde quando estou na Alemanha. Se eu aprendi alemão aqui ou lá. Que está bom pra tão pouco tempo. (Aham... 3 anos quase, véio, pra mim não está bom, não) e perguntou porque vim pra Alemanha.
A resposta mais curta e que esclare muita coisa com uma informação só é:
- Meu marido é alemão.
Ali, ela olha pra mim, bem nos meus olhos e pergunta:
- Ele é um homem bom?
Eu quase ri. Mas, preferi responder que sim, um homem muito bom, pra eliminar qualquer mal entendido.
Será que ela estava pensando que fui pra lá com dores, por que ando apanhando em casa? Porque, venhamos e convenhamos, não é difícil que ela pegue pacientes assim, tá? Já vi cada cena por aqui...
Só que, nesse caso, a coitadinha não sou eu. Quem apanha aqui é ELE! E tapa de amor não dói. COF! COF! COF!
A fisioterapeuta que me atendeu era alemã. Rá! Como era a primeira vez, fez as perguntas de praxe.
Atenção para o parêntesis:
Eu moro num bairro de maioria estrangeira, muitos turcos e libaneses, principalmente. Anotem essa informação aí do ladinho.
Fecha parêntesis.
Ela perguntou desde quando estou na Alemanha. Se eu aprendi alemão aqui ou lá. Que está bom pra tão pouco tempo. (Aham... 3 anos quase, véio, pra mim não está bom, não) e perguntou porque vim pra Alemanha.
A resposta mais curta e que esclare muita coisa com uma informação só é:
- Meu marido é alemão.
Ali, ela olha pra mim, bem nos meus olhos e pergunta:
- Ele é um homem bom?
Eu quase ri. Mas, preferi responder que sim, um homem muito bom, pra eliminar qualquer mal entendido.
Será que ela estava pensando que fui pra lá com dores, por que ando apanhando em casa? Porque, venhamos e convenhamos, não é difícil que ela pegue pacientes assim, tá? Já vi cada cena por aqui...
Só que, nesse caso, a coitadinha não sou eu. Quem apanha aqui é ELE! E tapa de amor não dói. COF! COF! COF!
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Filmes por aqui
Olha, demorou, mas até que já me acostumei: aqui quase não tem filme legendado nos cinemas! Os filmes são dublados. E uma dublagem capenga. Os dubladores brasileiros fariam sucesso por aqui. Opinião minha, claro. Eu morro, porque adorava assistir a filmes legendados. Já deixei de ver muito filme no Brasil quando só tinham a versão dublada no cinema da cidade.
Existem cinemas que passam filmes em versão original. Aqui em Berlin, conheço uns quatro apenas.
Aí, resolvemos falar sobre isso no curso de alemão. É, estou fazendo curso de novo. =D E eu descobri o cúmulo dos cúmulos.
Falávamos sobre como é o cinema nos nossos países de origem, quando uma colega polonesa fala:
- Lá na Polônia, só passa as versões originais dos filmes.
E a gente:
- Ahn?
E ela:
- É. Mas, um narrador lê as falas traduzidas para o polonês.
A gente:
- Cuma?
O professor:
- Sem interpretar? Uma única voz pra todos?
Ela:
- Sim, ele só lê.
A gente:
- Ok, então. Ficamos com a dublagem daqui mesmo.
Curioso, né?
Existem cinemas que passam filmes em versão original. Aqui em Berlin, conheço uns quatro apenas.
Aí, resolvemos falar sobre isso no curso de alemão. É, estou fazendo curso de novo. =D E eu descobri o cúmulo dos cúmulos.
Falávamos sobre como é o cinema nos nossos países de origem, quando uma colega polonesa fala:
- Lá na Polônia, só passa as versões originais dos filmes.
E a gente:
- Ahn?
E ela:
- É. Mas, um narrador lê as falas traduzidas para o polonês.
A gente:
- Cuma?
O professor:
- Sem interpretar? Uma única voz pra todos?
Ela:
- Sim, ele só lê.
A gente:
- Ok, então. Ficamos com a dublagem daqui mesmo.
Curioso, né?
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
O julgamento está nos olhos de quem vê
Nessas minhas andanças de trem/metrô aproveito para observar muita coisa. Outro dia foi um casal muçulmano. Ela usava burca (sim, só se via os olhos) e ele aquele gorrinho que não sem o nome e uma barba longa.
Eram jovens. Quer dizer, eu vi que o cara era jovem e deduzi que a mulher também. Ele era lindo. Juro pra vocês. Eu ficava olhando e pensando: "Nossa Senhora, que homem lindo!" Sabe aquele nariz bem feito, comprido, fino, parece que foi esculpido? Ele tinha. Traços retos, fortes, assimétricos. Era O cara bonito. Claro que eu reparei que, por exemplo, ele tinha as mãos bem cuidadas, roupas limpas e alinhadas e o olhar fixo.
O olhar fixo na esposa. Apaixonado.
Ela falava alguma coisa, ele não escutava direito por causa do trem cheio. Abaixava o ouvido até a mulher e a segurava levemente no ombro. Olhava-a nos olhos. Profundamente. Só pra ela.
Monte de mulher ao lado dele. Eu olhando pra ele, admirando sua beleza e ele só olhava pra ela.
Eu achei tão lindo. Tão fofo. Ali, não era um objeto, um ser sem vontade, era A mulher que ele amava. Lia-se isso nos olhos dele.
P.S. Eu sei que é "feio" olhar para outras mulheres. Mas, quantas vezes você olha pra alguém e não vê? Esse homem olhava pra sua esposa e a via. É disso que estou falando, ora bolinhas.
Eram jovens. Quer dizer, eu vi que o cara era jovem e deduzi que a mulher também. Ele era lindo. Juro pra vocês. Eu ficava olhando e pensando: "Nossa Senhora, que homem lindo!" Sabe aquele nariz bem feito, comprido, fino, parece que foi esculpido? Ele tinha. Traços retos, fortes, assimétricos. Era O cara bonito. Claro que eu reparei que, por exemplo, ele tinha as mãos bem cuidadas, roupas limpas e alinhadas e o olhar fixo.
O olhar fixo na esposa. Apaixonado.
Ela falava alguma coisa, ele não escutava direito por causa do trem cheio. Abaixava o ouvido até a mulher e a segurava levemente no ombro. Olhava-a nos olhos. Profundamente. Só pra ela.
Monte de mulher ao lado dele. Eu olhando pra ele, admirando sua beleza e ele só olhava pra ela.
Eu achei tão lindo. Tão fofo. Ali, não era um objeto, um ser sem vontade, era A mulher que ele amava. Lia-se isso nos olhos dele.
P.S. Eu sei que é "feio" olhar para outras mulheres. Mas, quantas vezes você olha pra alguém e não vê? Esse homem olhava pra sua esposa e a via. É disso que estou falando, ora bolinhas.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Muito delicado. Só que não.
Teve ação da polícia numa estação perto da minha casa. Polícia esvazia a plataforma e os trens atrasam, porque os trens foram transferidos para uma única só. Naturalmente, as plataformas ficaram cheias demais, certo?
Certo. Todo mundo esperando o trem que tinha atrasado, ainda mais sendo alemão, o humor vai pra casa do chapéu, né mesmo? A minha sorte que, apesar de ter que esperar 20 minutos (só podia pegar aquela bendita linha!), estava com tempo de sobra, digamos assim. Mas, isso foi eu.
Estação seguinte, o trem para e um senhor queria descer enquanto três mulheres queriam subir. Aí, naquela gentileza de quem acordou com a macaca:
- Primeiro deixar as pessoas descerem, depois subir!!! (no trem, gente, no trem)
Prontamente, a mocinha respondeu:
- Mas, sem tocar!!!!
Eram três muçulmanas e o cara queria empurrá-las de volta. Olha só que delicadeza, né mesmo?
Ia ficar aquele clima no trem, porque, óbvio, todo mundo viu e ficou meio constrangido, até que o maquinista salvou a pátria. Ele falou pelo autofalante:
- Lembrando aos passageiros que o trem é um transporte e público e todo mundo pode usar.
Todo mundo que escutou, riu. Pena que o senhorzinho não escutou...
Certo. Todo mundo esperando o trem que tinha atrasado, ainda mais sendo alemão, o humor vai pra casa do chapéu, né mesmo? A minha sorte que, apesar de ter que esperar 20 minutos (só podia pegar aquela bendita linha!), estava com tempo de sobra, digamos assim. Mas, isso foi eu.
Estação seguinte, o trem para e um senhor queria descer enquanto três mulheres queriam subir. Aí, naquela gentileza de quem acordou com a macaca:
- Primeiro deixar as pessoas descerem, depois subir!!! (no trem, gente, no trem)
Prontamente, a mocinha respondeu:
- Mas, sem tocar!!!!
Eram três muçulmanas e o cara queria empurrá-las de volta. Olha só que delicadeza, né mesmo?
Ia ficar aquele clima no trem, porque, óbvio, todo mundo viu e ficou meio constrangido, até que o maquinista salvou a pátria. Ele falou pelo autofalante:
- Lembrando aos passageiros que o trem é um transporte e público e todo mundo pode usar.
Todo mundo que escutou, riu. Pena que o senhorzinho não escutou...
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Eu amo Berlin!
Eu amo Berlin, mas não porque é a capital da Alemanha, ou mesmo, uma cidade europeia. Eu amo Berlin, porque É Berlin. Deu pra entender?
Há uma única razão: tem tudo para todos os gostos.
Agora eu entendo os paulistas quando, aqui na Alemanha, dizem que sentem falta de São Paulo. Eu pergunto porque e eles respondem sem pensar: "ah, porque lá tem tudo."
Eu conheço São Paulo, mas não o seu "tudo". Mas, eu conheço o tudo de Berlin agora. Quer dizer, quase, né? Pra eu conhecer a cidade toda, ainda preciso de uns bons anos por aqui.
Os primeiros dois anos foi para adaptação, "aclimatização" (tá certo isso, Arnaldo?). Mais de dois anos se passaram e eu acho que estou na fase da descoberta. Já não me deslumbro, porém continuo fascinada com asfascetas facetas (hihihihi) dessa cidade. Deixo pra trás o lado recém-chegada e vivo o lado moradora, aquela que sai pra viver a cidade, seja pra sair pra trabalhar, pra fazer compras ou encontrar amigos. Cada pedaço novo que encontro, uma descoberta gratificante.
Ela é linda e feia. É grande e provinciana. É rock e punk. É tecno e brega. É arte e rebeldia. É pobre e rica. É alemã e estrangeira. É europeia e asiática. É luxo e simplicidade. É barulho e tranquilidade. É tudo e nada.
Eu amo Berlin, porque ela tem tudo pra oferecer. Até praia. Se você fechar os olhos, pisar na areia e não cobrar que a água seja salgada, é praia. :)
São mais de 150 eventos por final de semana para todos os gostos. São 160 museus. Mais de 2,5 mil parques e áreas verdes pro povo tomar sol, fazer churrasco e/ou ficar pelado. 3,5 milhões de habitantes e não tem muvuca. Cada bairro, um estilo, uma história. Monumentos, memoriais, história, muita história.
E o povo? Bom, o povo também é peculiar. Bem peculiar. É um povo direto, sem rodeios, que vive sua vida do jeito que bem lhe entende, sem se preocupar se está na fila do supermercado de pijama ou se vai trabalhar com um moicano verde. E não está nem aí se você não gostou.
Berlin é isso. É a cidade das experiências, das tendências, dos alternativos, dos desempregados, dos estrangeiros, das universidades, das empresas de internet. É o lugar que escolhi pra viver.
Berlin também é a cidade do muro, da guerra, da reconstrução. Se há uma cidade com marcas, é essa aqui. Por isso, por essas marcas, ela é tão interessante.
Tem alguma coisa que eu não goste em Berlin? Claro. Você gosta de tudo na pessoa que você que ama?
Há uma única razão: tem tudo para todos os gostos.
Agora eu entendo os paulistas quando, aqui na Alemanha, dizem que sentem falta de São Paulo. Eu pergunto porque e eles respondem sem pensar: "ah, porque lá tem tudo."
Eu conheço São Paulo, mas não o seu "tudo". Mas, eu conheço o tudo de Berlin agora. Quer dizer, quase, né? Pra eu conhecer a cidade toda, ainda preciso de uns bons anos por aqui.
Os primeiros dois anos foi para adaptação, "aclimatização" (tá certo isso, Arnaldo?). Mais de dois anos se passaram e eu acho que estou na fase da descoberta. Já não me deslumbro, porém continuo fascinada com as
Ela é linda e feia. É grande e provinciana. É rock e punk. É tecno e brega. É arte e rebeldia. É pobre e rica. É alemã e estrangeira. É europeia e asiática. É luxo e simplicidade. É barulho e tranquilidade. É tudo e nada.
Eu amo Berlin, porque ela tem tudo pra oferecer. Até praia. Se você fechar os olhos, pisar na areia e não cobrar que a água seja salgada, é praia. :)
São mais de 150 eventos por final de semana para todos os gostos. São 160 museus. Mais de 2,5 mil parques e áreas verdes pro povo tomar sol, fazer churrasco e/ou ficar pelado. 3,5 milhões de habitantes e não tem muvuca. Cada bairro, um estilo, uma história. Monumentos, memoriais, história, muita história.
E o povo? Bom, o povo também é peculiar. Bem peculiar. É um povo direto, sem rodeios, que vive sua vida do jeito que bem lhe entende, sem se preocupar se está na fila do supermercado de pijama ou se vai trabalhar com um moicano verde. E não está nem aí se você não gostou.
Berlin é isso. É a cidade das experiências, das tendências, dos alternativos, dos desempregados, dos estrangeiros, das universidades, das empresas de internet. É o lugar que escolhi pra viver.
Berlin também é a cidade do muro, da guerra, da reconstrução. Se há uma cidade com marcas, é essa aqui. Por isso, por essas marcas, ela é tão interessante.
Tem alguma coisa que eu não goste em Berlin? Claro. Você gosta de tudo na pessoa que você que ama?
quarta-feira, 11 de julho de 2012
"Já descobriram eu aqui, sô!"
Pessoa foi ligar para um restaurante para fazer uma reserva de mesa.
Diálogo costumeiro rolando, confirmando as informações, quando, no final, atendente, que não falava alemão melhor que eu, me pergunta:
- Você é brasileira, né?
- Sim, sou. Como descobriu?
- Soa como se fosse.
Tipo, oi? Meu sotaque me entrega tanto assim?
Não posso nem fingir ser outra pessoa ao telefone. Hunf!
Diálogo costumeiro rolando, confirmando as informações, quando, no final, atendente, que não falava alemão melhor que eu, me pergunta:
- Você é brasileira, né?
- Sim, sou. Como descobriu?
- Soa como se fosse.
Tipo, oi? Meu sotaque me entrega tanto assim?
Não posso nem fingir ser outra pessoa ao telefone. Hunf!
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Da relatividade dos problemas
Ganhei coleguinha de quarto nova, né?
Essa é mulçumana. À princípio, lembro que ao chegar no quarto (fui eu que me mudei para o quarto dela), levantei alguns pontos de interrogação, uma vez que nunca tinha vivido tão próximo a um mulçumano, apesar de serem bem presentes na comunidade estrangeira alemã, inclusive em Berlin.
Convivemos há uma semana e algumas coisas já caíram por terra. Principalmente, porque penso em como ela está se sentindo. Aliás, eu sei como ela deve estar se sentindo. Sou estrangeira também, ora bolinhas.
Só que a situação dela é bem pior. A doença não é tão grave. Mentira, é grave. Mas, as circunstâncias, sim, são bem piores. E isso não tem nada a ver com a sua religião. Não sob essa ótica.
Atualização: Asylant, em alemão, é aquela pessoa que pede asilo político, fugiu de um país em guerra etc etc. Não tem a ver com asilo de idosos. No dicionário português, aparece asilado como tradução, só que eu acho que soa errado. Seria, então, exilado?? Alguém de línguas, por favor, pode explicar. Fiquei confusa. hehehehe
Obrigada pelas contribuições nos comentários, meu povo! ;)
Essa é mulçumana. À princípio, lembro que ao chegar no quarto (fui eu que me mudei para o quarto dela), levantei alguns pontos de interrogação, uma vez que nunca tinha vivido tão próximo a um mulçumano, apesar de serem bem presentes na comunidade estrangeira alemã, inclusive em Berlin.
Convivemos há uma semana e algumas coisas já caíram por terra. Principalmente, porque penso em como ela está se sentindo. Aliás, eu sei como ela deve estar se sentindo. Sou estrangeira também, ora bolinhas.
Só que a situação dela é bem pior. A doença não é tão grave. Mentira, é grave. Mas, as circunstâncias, sim, são bem piores. E isso não tem nada a ver com a sua religião. Não sob essa ótica.
- Ela é
asilanterefugiada (asilada? Em alemão é asilante. Viajei na língua agora). - Da Somália.
- Mora num
asilo(político)abrigo na Alemanha há um ano. - Toda a informação que eu consegui tirar dela foi com muita mímica e palavras soltas, já que ela não fala quase nada de alemão.
- Tem três filhos de 8, 7 e 3 anos que deixou pra trás com o „Baba“ na Somália. Ela fala árabe. Anotem, na verdade, ela teve 7 filhos, esses são os únicos vivos.
- Eu perguntei porque os filhos não vieram junto. Pergunta complicada pra ela responder, eu só entendi: "quando eu tiver um trabalho."
- Os médicos não conseguem se comunicar com ela. Vem um tradutor aqui duas vezes por semana.
- Vive completamente sozinha aqui. Sem família, sem amigos, sem ninguém do seu país no asilo em que mora.
- 38 anos.
Atualização: Asylant, em alemão, é aquela pessoa que pede asilo político, fugiu de um país em guerra etc etc. Não tem a ver com asilo de idosos. No dicionário português, aparece asilado como tradução, só que eu acho que soa errado. Seria, então, exilado?? Alguém de línguas, por favor, pode explicar. Fiquei confusa. hehehehe
Obrigada pelas contribuições nos comentários, meu povo! ;)
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Sobre a coleguinha
Bom, a coleguinha era tailandesa. Quer dizer, continua sendo tailandesa, mas não é mais coleguinha. Foi pra casa na sexta.
É claro, não sem fazer mais uma ou outra coisinha, né? A menina tinha que fazer um exame e pra isso ficou o dia todo em jejum, tadinha. Voltou pra o quarto às 15h30, zonza de fome.
Eu fiquei com peninha, né? Fazer o que se eu tenho um bom coração? NOT. Sou besta mesmo.
Enquanto ela esperava a comida que estava à caminho, me pediu suco. Suco este que estava em cima da minha mesinha. Déjà vu, hein? Pois... Aí dei um copo pra ela. Ela bebeu, deitou e ficou esperando a comida. Comida não veio. Ela me pediu mais suco. Ai, meu suquinho... Dei. Daí, meu povo, a besta aqui descobre porque é tão besta. Atenção:
A moça levanta (coleguinha, menina e moça, sentiram a involução do relacionamento?) e vai no armário arrumar suas coisas. O que a besta aqui vê lá dentro????????????
TRÊS caixas de suco guardadas no armário! À noite, ela pediu mais uma na hora da janta. Pra fazer o quê? Para guardar na mala e levar pra casa no dia seguinte.
Véio, na boa? (adorei isso, Bruna)
Não vou nem fazer a lista das coisas que ela ainda tinha estocadas, né? Xá pra lá.
Suco de 1 litro, ok?
É claro, não sem fazer mais uma ou outra coisinha, né? A menina tinha que fazer um exame e pra isso ficou o dia todo em jejum, tadinha. Voltou pra o quarto às 15h30, zonza de fome.
Eu fiquei com peninha, né? Fazer o que se eu tenho um bom coração? NOT. Sou besta mesmo.
Enquanto ela esperava a comida que estava à caminho, me pediu suco. Suco este que estava em cima da minha mesinha. Déjà vu, hein? Pois... Aí dei um copo pra ela. Ela bebeu, deitou e ficou esperando a comida. Comida não veio. Ela me pediu mais suco. Ai, meu suquinho... Dei. Daí, meu povo, a besta aqui descobre porque é tão besta. Atenção:
A moça levanta (coleguinha, menina e moça, sentiram a involução do relacionamento?) e vai no armário arrumar suas coisas. O que a besta aqui vê lá dentro????????????
TRÊS caixas de suco guardadas no armário! À noite, ela pediu mais uma na hora da janta. Pra fazer o quê? Para guardar na mala e levar pra casa no dia seguinte.
Véio, na boa? (adorei isso, Bruna)
Não vou nem fazer a lista das coisas que ela ainda tinha estocadas, né? Xá pra lá.
Suco de 1 litro, ok?
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Atitudes inocentes
Aí que a minha coleguinha de quarto (só falando assim, pra ficar simpático, né?), que não é alemã (quem sabe eu conte a história dela aqui ainda: o outro lado da vida de uma estrangeira), achou uma bengala e trouxe para o quarto.
Veja bem, você está "hospedada" num hospital, sai pra tomar um ar fresco e acha uma bengala encostada num banco, perto da entrada do prédio. Veja bem de novo, você está num hospital. O que você faz ao ver a bengala? Deixa lá? Informa a alguém do prédio que alguém perdeu uma bengala? Pega a bengala e leva para a recepção do prédio pra que alguém possa procurá-la? Ou você a pega, leva pro quarto e diz que vai dar "de presente" pra sogra que te visitará?
Porque, segundo ela, ela não roubou. Ela achou e agora é dela.
Veja bem de novo novamente, você está num hospital, aonde pessoas doentes, muitas vezes, precisam de bengalas, certo? O que você faria se visse essa bengala?
Eu digo o que eu faria: eu pegaria a bengala e levaria até a recepção do prédio e informaria que alguém a perdeu. Ou procuraria, num raio de alguns metros do local, o velhinho mais simpático para perguntar se aquela bengala encostada no banco seria dele. Caso contrário, faria o primeiro procedimento.
Mas, eu não pegaria a bengala por julgar ser minha. "Achado não é roubado, quem perde é que é descarado", conhecem isso? Pois é...
Ela pegou pra dar pra sogra. Que fofo, né? Que inocente, né? Super inocente.
Agora segura essa:
Eu tenho bebido muita água por causa dos remédios, me dão muita sede, boca fica seca e tal. Eu tenho que ir na copa "abastecer" meu estoque de garrafas d'água antes de dormir. Às vezes, eu pego pra ela também, quando vejo que ela precisa. Mas, muitas vezes, eu já tenho um estoque de umas duas garrafas e não saio mais à noite pra buscar. Aí ela também não sai. Só que ela também bebe muita água durante a noite. Aí o que ela faz? Pega minha garrafa de água em cima da minha mesinha. Fofo, não?
Um dia, ela me deixou com sede. Porque eu tinha uma garrafa aberta já no finzinho e outra fechada que eu ia abrir caso necessitasse durante a noite. Ela pegou pra ela. Eu estava dormindo. Só percebi quando acordei durante a madrugada e vi que tinha ficado com sede. Ué, eu tinha certeza que eu tinha uma garrafa fechada aqui...
Aí, no outro dia de manhã: "Ah, eu roubei uma garrafa de água sua. É que eu tenho medo de sair à noite pra buscar..." Velho, não cola. Você está num hospital e não num cemitério. Não tem mortos andando pelos corredores. Não tem bandidos soltos por aí. Além do que, os corredores ficam com as luzes acesas. Então, por que, diabos, você tinha que pegar a minha água?
Super inocente.
P.S. Resultado do presente da sogra? Quando ela mostrou pro marido alemão, ele mandou que ela entregasse para uma enfermeira... Lá foi ela...
Veja bem, você está "hospedada" num hospital, sai pra tomar um ar fresco e acha uma bengala encostada num banco, perto da entrada do prédio. Veja bem de novo, você está num hospital. O que você faz ao ver a bengala? Deixa lá? Informa a alguém do prédio que alguém perdeu uma bengala? Pega a bengala e leva para a recepção do prédio pra que alguém possa procurá-la? Ou você a pega, leva pro quarto e diz que vai dar "de presente" pra sogra que te visitará?
Porque, segundo ela, ela não roubou. Ela achou e agora é dela.
Veja bem de novo novamente, você está num hospital, aonde pessoas doentes, muitas vezes, precisam de bengalas, certo? O que você faria se visse essa bengala?
Eu digo o que eu faria: eu pegaria a bengala e levaria até a recepção do prédio e informaria que alguém a perdeu. Ou procuraria, num raio de alguns metros do local, o velhinho mais simpático para perguntar se aquela bengala encostada no banco seria dele. Caso contrário, faria o primeiro procedimento.
Mas, eu não pegaria a bengala por julgar ser minha. "Achado não é roubado, quem perde é que é descarado", conhecem isso? Pois é...
Ela pegou pra dar pra sogra. Que fofo, né? Que inocente, né? Super inocente.
Agora segura essa:
Eu tenho bebido muita água por causa dos remédios, me dão muita sede, boca fica seca e tal. Eu tenho que ir na copa "abastecer" meu estoque de garrafas d'água antes de dormir. Às vezes, eu pego pra ela também, quando vejo que ela precisa. Mas, muitas vezes, eu já tenho um estoque de umas duas garrafas e não saio mais à noite pra buscar. Aí ela também não sai. Só que ela também bebe muita água durante a noite. Aí o que ela faz? Pega minha garrafa de água em cima da minha mesinha. Fofo, não?
Um dia, ela me deixou com sede. Porque eu tinha uma garrafa aberta já no finzinho e outra fechada que eu ia abrir caso necessitasse durante a noite. Ela pegou pra ela. Eu estava dormindo. Só percebi quando acordei durante a madrugada e vi que tinha ficado com sede. Ué, eu tinha certeza que eu tinha uma garrafa fechada aqui...
Aí, no outro dia de manhã: "Ah, eu roubei uma garrafa de água sua. É que eu tenho medo de sair à noite pra buscar..." Velho, não cola. Você está num hospital e não num cemitério. Não tem mortos andando pelos corredores. Não tem bandidos soltos por aí. Além do que, os corredores ficam com as luzes acesas. Então, por que, diabos, você tinha que pegar a minha água?
Super inocente.
P.S. Resultado do presente da sogra? Quando ela mostrou pro marido alemão, ele mandou que ela entregasse para uma enfermeira... Lá foi ela...
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
É porque o Brasil é uma ilha...
Por hoje, deixo vocês com duas situações corriqueiras da minha vida de estrangeira/brasileira na Alemanha.
Situação 01:
Quando eu encontro um(a) estrangeiro(a) não europeu (turco, libanês, iraniano, nigeriano...Abre parêntesis no parêntesis: oi? Eu sei, Turquia é europa também. Mas, entendam, façam-me o favor, que estou me referindo a cultura ocidental, oriental... ops, África é ocidente. Ahhh... blá! Não sei mais como explicar... Fecha parêntesis do parêntesis)) e falo que sou brasileira, eles, claro, sempre tentam puxar assunto, como a maioria faz. O que eu acho engraçado é aquele momento constragedor que acontece por alguns segundos entre uma pergunta e outra. Exemplifico:
- Sou brasileira.
- Que legal! Eu também conheço uma brasileira.
- ...
- O nome dela é Maria/Joana/Abgail.
- ...
E aí a pessoa olha pra mim, esperando uma reação e fica aqueles dois, três segundos mais constrangedores possíveis. Eu penso:
"Ele quer que eu diga que eu sei quem é?"
"Ele acha que eu conheço todas as brasileiras de Berlin?"
"De que tamanho ele acha que é o Brasil?"
"Quantos brasileiros ele acha que tem na Alemanha?"
Aí eu só digo:
- É mesmo? E ela mora em Berlin?
- Ah, não, já foi embora, voltou pro Brasil.
PQP! E você queria que eu conhecesse, meu caro? Sério isso?
Situação 02:
Alemães quando ficam sabendo que eu sou brasileira:
- Ah, eu tenho um amigo que está no Brasil a trabalho/férias/paixão/loucura/whatever/wie auch immer.
- Em que região?
- Ah, acho que é perto do Rio de Janeiro/São Paulo. (Únicas cidades que eles conhecem) Fala aí uma cidade perto de lá.
- Oi?
- É, fala o nome para ver se eu me lembro.
"Ai, meu Deus, dai-me paciência." Penso eu com meus botões. E respondo (Por quê? Por quê?):
- Niterói? Guarulhos? (Poxa, não é pra ser perto do Rio e/ou SP?)
- Não, acho que começa com S.
- Santos?
- Quase. É Sal... Sal...
- Salvador?? (E eu já com vontade de sair correndo.)
- Isso! Salvador.
Porra, amigo, e isso é perto? Em que país você acha que eu moro? Ilha de Malta?
Situação 01:
Quando eu encontro um(a) estrangeiro(a) não europeu (turco, libanês, iraniano, nigeriano...Abre parêntesis no parêntesis: oi? Eu sei, Turquia é europa também. Mas, entendam, façam-me o favor, que estou me referindo a cultura ocidental, oriental... ops, África é ocidente. Ahhh... blá! Não sei mais como explicar... Fecha parêntesis do parêntesis)) e falo que sou brasileira, eles, claro, sempre tentam puxar assunto, como a maioria faz. O que eu acho engraçado é aquele momento constragedor que acontece por alguns segundos entre uma pergunta e outra. Exemplifico:
- Sou brasileira.
- Que legal! Eu também conheço uma brasileira.
- ...
- O nome dela é Maria/Joana/Abgail.
- ...
E aí a pessoa olha pra mim, esperando uma reação e fica aqueles dois, três segundos mais constrangedores possíveis. Eu penso:
"Ele quer que eu diga que eu sei quem é?"
"Ele acha que eu conheço todas as brasileiras de Berlin?"
"De que tamanho ele acha que é o Brasil?"
"Quantos brasileiros ele acha que tem na Alemanha?"
Aí eu só digo:
- É mesmo? E ela mora em Berlin?
- Ah, não, já foi embora, voltou pro Brasil.
PQP! E você queria que eu conhecesse, meu caro? Sério isso?
Situação 02:
Alemães quando ficam sabendo que eu sou brasileira:
- Ah, eu tenho um amigo que está no Brasil a trabalho/férias/paixão/loucura/whatever/wie auch immer.
- Em que região?
- Ah, acho que é perto do Rio de Janeiro/São Paulo. (Únicas cidades que eles conhecem) Fala aí uma cidade perto de lá.
- Oi?
- É, fala o nome para ver se eu me lembro.
"Ai, meu Deus, dai-me paciência." Penso eu com meus botões. E respondo (Por quê? Por quê?):
- Niterói? Guarulhos? (Poxa, não é pra ser perto do Rio e/ou SP?)
- Não, acho que começa com S.
- Santos?
- Quase. É Sal... Sal...
- Salvador?? (E eu já com vontade de sair correndo.)
- Isso! Salvador.
Porra, amigo, e isso é perto? Em que país você acha que eu moro? Ilha de Malta?
sábado, 7 de janeiro de 2012
Vida de Alice?
Pelas bandas de cá, as das expatriadas, existe uma expressão corriqueira que algumas usam para identificar a primeira fase da pessoa recém chegada ao país: síndrome de Alice. Porque algumas chegam (a maioria, posso dizer) e se sentem no país das maravilhas, aonde tudo é perfeito.
Eu concordo. Em parte. No primeiro ano, é verdade que estamos deslumbradas com tudo o que tem de novo para conhecer. Até experiências ruins, como escorregar na neve, entram na categoria de "novas experiências". Afinal, muita gente nunca tinha escorregado na neve até então. Meu primeiro inverno, eu caí de bunda no chão. Foi no final de 2008, quando visitava a Alemanha pela segunda vez. Turista, rá!
Só que muitas (e acho que me encaixo nesse perfil) sabem que é só uma fase. Sabem que essa síndrome tende a acabar com as primeiras dificuldades da vida real. Já escrevi sobre isso aqui. E aí você se permite se deslumbrar, curtir as pequenas conquistas diárias, aprender coisas novas, das mais bestas, como comprar o ticket do metrô. E chega em casa toda feliz, parecendo criança que acabou de ganhar um doce.
É uma Alice consciente, que vai comer o bolo porque quer e não porque tem uma plaquinha "coma-me" escrita nele. Ou seguirá o coelho ou não seguirá. Ou ouvirá o gato ou o ignorará.
Quando a Simone e eu estávamos conversando sobre o layout do blog, eu tive a ideia de usar o gato da Alice sorrindo pra mim, de um lado o país das maravilhas (Alemanha), de outro, o Brasil. Claro, devaneios demais para pouco espaço...
Na ocasião, lembrei e pesquisei um trecho do livro (que já rolou em outros blogs/FBs recentemente) que diz tudo e mais um pouco sobre essa vida de expatriada:
Portanto, eu sou louca.
Eu concordo. Em parte. No primeiro ano, é verdade que estamos deslumbradas com tudo o que tem de novo para conhecer. Até experiências ruins, como escorregar na neve, entram na categoria de "novas experiências". Afinal, muita gente nunca tinha escorregado na neve até então. Meu primeiro inverno, eu caí de bunda no chão. Foi no final de 2008, quando visitava a Alemanha pela segunda vez. Turista, rá!
Só que muitas (e acho que me encaixo nesse perfil) sabem que é só uma fase. Sabem que essa síndrome tende a acabar com as primeiras dificuldades da vida real. Já escrevi sobre isso aqui. E aí você se permite se deslumbrar, curtir as pequenas conquistas diárias, aprender coisas novas, das mais bestas, como comprar o ticket do metrô. E chega em casa toda feliz, parecendo criança que acabou de ganhar um doce.
É uma Alice consciente, que vai comer o bolo porque quer e não porque tem uma plaquinha "coma-me" escrita nele. Ou seguirá o coelho ou não seguirá. Ou ouvirá o gato ou o ignorará.
Quando a Simone e eu estávamos conversando sobre o layout do blog, eu tive a ideia de usar o gato da Alice sorrindo pra mim, de um lado o país das maravilhas (Alemanha), de outro, o Brasil. Claro, devaneios demais para pouco espaço...
Na ocasião, lembrei e pesquisei um trecho do livro (que já rolou em outros blogs/FBs recentemente) que diz tudo e mais um pouco sobre essa vida de expatriada:
"- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?A única diferença, é que eu sei aonde quero chegar. A similaridade é: não tenho a mínima ideia de que caminhos tomar. São tantos.
- Isso depende muito de para onde quer ir - respondeu o Gato.
- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.
- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.
- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.
- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.
- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.
- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.
- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.
- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui.
Alice achou que isso não provava nada. No entanto, continuou:
- E como você sabe que é louco?
- Para começo de conversa - disse o Gato - um cachorro não é louco. Concorda?
- É, acho que sim - disse Alice.
- Pois bem... - continuou o Gato. - Você sabe que um cachorro rosna quando está bravo e abana o rabo quando está feliz. Mas eu faço o contrário: eu rosno quando estou feliz e abano o rabo quando estou bravo. Portanto, eu sou louco." (Lewis Carroll: Alice No País das Maravilhas)
Portanto, eu sou louca.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
O príncipe e os bêbados
Estou eu linda, loira e serelepe no meu vestido de princesa, NOT, no meu casacão de frio mesmo, quando entro no metrô pra voltar pra casa e observo a seguinte cena:
Um príncipe sentado ao lado de um súdito, conversavam em inglês. Não sei como, nem porquê, dois senhores visivelmente bêbados começam a conversar com o príncipe. Só que, gente, em russo/polonês/não sei, mas parecia.
E o príncipe, super simpático, entrando na conversa e respondendo (respondendo?) de volta em inglês. O súdito ficava rindo do príncipe e da situação. Bobo da corte, né? Pois.
Foi um diálogo muito interessante. Eu não estava entendendo nada.
Ai vocês perguntam: e estava prestando atenção por quê?
Gente, sabe o príncipe? Pois, a cara e o estilo do Sawyer, lembram dele? Vocês acham mesmo que eu ia perder a oportunidade de limpar os olhos com um colírio desses? Magina... (marido, você não leu isso. Foi só uma olhadinha, tá? Tá?)
E só durou o tempo de chegar à próxima estação.
Um príncipe sentado ao lado de um súdito, conversavam em inglês. Não sei como, nem porquê, dois senhores visivelmente bêbados começam a conversar com o príncipe. Só que, gente, em russo/polonês/não sei, mas parecia.
E o príncipe, super simpático, entrando na conversa e respondendo (respondendo?) de volta em inglês. O súdito ficava rindo do príncipe e da situação. Bobo da corte, né? Pois.
Foi um diálogo muito interessante. Eu não estava entendendo nada.
Ai vocês perguntam: e estava prestando atenção por quê?
Gente, sabe o príncipe? Pois, a cara e o estilo do Sawyer, lembram dele? Vocês acham mesmo que eu ia perder a oportunidade de limpar os olhos com um colírio desses? Magina... (marido, você não leu isso. Foi só uma olhadinha, tá? Tá?)
E só durou o tempo de chegar à próxima estação.
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