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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A decisão demorou, mas chegou

Pois é. Quase 5 anos de Blog (em novembro) e sinto que a proposta perdeu o sentido.O que era vida nova, não é mais. É rotina. O que seriam micos virou normalidade. As risadas estão ligadas ao dia a dia e eu nem percebo mais o que há de especial nelas para compartilhar. Não que eu tenha uma vida chata e sem graça. Só não tenho vontade de vir aqui falar do cotidiano.

Então, por isso, decidi que o Rindo será aposentado. Antes de entrarem de luto, aviso que outro Blog entrará em seu lugar, com outra proposta: opiniões e reflexões sobre o país. Afinal, são quase 5 anos. Alguma opinião tenho que ter, né? Contudo, não acho que será um Blog pra rir. Ou que seja, só não será o foco.

Quem deseja continuar acompanhando minhas escritas, favor enviar um email para que eu mande o endereço do novo.

Obrigada pelo carinho e pela companhia nesses anos.

Beijos!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Quando as coisas têm que dar certo...

Então que viajei. Fui na terça-feira ali em Genebra, bate e volta.

Eu me preparei duas semanas para esse dia. Eu fiquei ansiosa, porque eu teria uma reunião para um projeto que eu gostaria muito de trabalhar, discutir estratégias e, in the meantime, também uma entrevista de emprego. Em inglês.

Quem acompanha meu blog desde o início, sabe que depois que eu comecei a aprender alemão, meu inglês travou completamente. Tem mais de dois anos que faço aulas particulares de inglês. Um dinheiro muito bem investido, diga-se. Professora-amiga até já chorou de emoção...

Para quem acompanha o blog há dois anos, também sabe que eu estive muito doente. Do tipo: muito. Por conta disso, também entrei em contato com pessoas que eu não teria, caso tivesse permanecido saudável. Ou seja, Genebra só porque fiquei doente.

O projeto é de cunho social (a minha área, para a pessoa que perguntou no outro post, é gestão de projetos sociais. Amo!) com uma ligação com o Brasil.

Fui com o coração na mão. Entrei no avião quase chorando. Não, não era nervosismo. Era emoção mesmo. Quando pensei no meu percurso, em tudo que passei para chegar àquele momento, foi difícil não me emocionar. Foi difícil não pensar nas dores e nos momentos de desespero pelos quais passei. Mas, eu estava lá, eu subi naquele avião e estava indo para Genebra.

Chego no aeroporto e pego um taxi para o meu destino. Precisava ser rápida. Pergunto para a taxista:
- German or English?
- Whatever you want.
- Could you take me to this adress, please? (estava em francês, tentar pronunciar ia ser o ó)
Taxista pega sua rota e depois de um tempo, pergunta:
- Why did you ask me what language I can speak? Where are you from?
- I'm from Berlin, but in fact I'm Brazilian.
- Que mistura! - ela diz. E começa a falar em português comigo. Eu dei uma gargalhada de alívio!

Uma espanhola que foi casada com um brasileiro e que fala português fluentemente. (Além de inglês, francês e alemão... abafa)

Chego no escritório e a diretora me recebe toda sorridente. Vestida igualzinha a mim!!! De blusa azul no mesmo tom e calça preta. Melhor sintonia, impossível. E senti que meu dia não só tinha começado bem, como iria continuar assim.

E foi!

Aquelas lágrimas que não caíram no momento em que subi no avião continuam aqui. E irão continuar. Porque faz parte do orgulho que sinto de mim nesse exato momento. Porque, quando as coisas têm que dar certo, nada consegue impedir. Só tenho o que agradecer. :)

domingo, 20 de abril de 2014

Porque eu precisava ver o mar...

fui lá atrás dele.

Ainda não está quente o suficiente para tirar o casaco, mas estava bonito o suficiente para aquecer o coração.

Recarreguei as baterias e agora estou pronto para mais!


E quem disse que aqui não tem praia e, ainda por cima, bonita? :)


De brinde:


Feliz Páscoa! 

P.S: Estive no Ostsee, fiquei em Rostock e visitei praias. : )

sexta-feira, 28 de março de 2014

Das coisas suaves da vida

De você ver alguém chorar na sua frente, de emoção.
De saber que essa emoção foi você que causou.
De saber que a pessoa em questão acompanhou seus últimos dois anos. Acompanhou suas dores e seus problemas.
Mas, também acompanhou seus desempenhos, os esforços e as recompensas.

Porque ela é sua amiga e sua professora de inglês. Depois de uma apresentação feita como "homework", sobre um tema sensível para mim, ela se emocionar e ver que o fruto do seu trabalho super bem feito, resultou numa apresentação "de nível internacional", como ela disse. Por saber que sua pupila começou pequenininha, já que tinha esquecido todo o inglês que sabia e mau conseguia formular uma frase por causa do alemão, mas que daqui a pouco está indo ali fazer apresentações em inglês.

Porque não foram só dois anos tendo aulas de inglês. Foram dois anos com intervalos de hospital, crises, dores, chororô, mas com o "homework" sempre sendo entregue e as aulas religiosamente sendo visitadas.

A dedição era tanta, que ela vinha na minha casa me dar aulas, quando eu não podia sair.

Porque a professora-amiga é uma ótima profissional, com uma sensibilidade incrível, um feeling que nunca vi.

E aí, ela chora na minha frente. Mas, eu sou boba e eu só percebo tudo o que isso significa quando chego em casa. Quando penso no meu progresso. Quando penso no orgulho que ela deve sentir do trabalho dela.

"Tá vendo aquela moça ali!? Eu contribui para que ela chegasse aonde chegou!"

Estou aqui fazendo a minha parte: Cássia, obrigada!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Nunca pensei...

...que teria mais amigos na Alemanha do que tive quando vivia no Brasil.
E fora da Alemanha.
Fora da Europa.

Claro que muitas dessas amizades conquistei através do blog. Mas, outras, principalmente com alemães, foram por meios diferentes.

Aí me peguei pensando qual a diferença, o que mudou para que eu tenha mais amigos aqui do que tive no Brasil? As pessoas? As amizades?

No Brasil, sempre tive poucos amigos. Hoje, tenho "uma porrada" de amigos na Alemanha/Internacionais. Gente para quem eu me abro, encosto a cabecinha no ombro e choro/rio/conto piada.

Além dos amigos alemães-alemães. Esses ainda são mais especiais, porque várias barreiras foram quebradas. Foram pessoas que eu conheci porque corrí atrás. Que começaram, talvez, querendo algo de mim (ui! - aprender português, por ex.) e que hoje são meus amigos. E que fofos que são.

Tudo isso para falar que a diferença nada mais é do que eu mesma. Ter mudado de país me transformou numa pessoa mais aberta. Numa pessoa que aprendeu a valorizar e fazer contatos, as pequenas vitórias e sorri de forma mais leve, mesmo com todas os problemas que a vida de expatriada traz.

Eu rio melhor, eu converso mais, eu me preocupo mais com os outros. Como consequência, ganho amigos.

Enfim, tornei-me uma pessoa melhor. Cheers!

terça-feira, 11 de março de 2014

Nunca é tarde...

... para assistir o show da sua boyband da era de 1900 e bolinhas.

Eu tinha 14 anos quando eu descobri que, além do bom e velho rock, ainda existiam outras bandas interessantes para meninas da minha idade naquela época, como Take that, Boyzone e Backstreet Boys, a minha preferida.

Lembro que eu não tinha um CD-Player na época, mas fiz meus tios comprarem um pra mim de presente de 15 anos. Olha só. Juntava o troco do lanche da escola, já que eu não ganhava mesada, para comprar o CD deles. Ficava na contagem regressiva para comprar as revistas "capricho" da vida, que prometiam posteres e fotos, também com aquelas moedas trocadas e guardadas com tanto custo. Imaginar que poderia ir a um show deles, então, fora de cogitação. Morando no interior do interior, pior ainda.

Esse amor todo durou uns dois ou três anos. Depois mudei o foco. Até que, conversando com uma amiga alemã sobre isso, descobrimos que éramos fãs da mesma banda. E que, por coincidência, haveria um show deles em breve em Berlin. Meu coração voltou a ter 15 anos.

Sabe aquela sensação nostálgica e ao mesmo tempo redentora em que você pensa "eu não podia naquela época, mas agora eu posso!". Eu fui e cantei todas as músicas daquela época a plenos pulmões. Lavei a alma.

Cheguei à conclusão, de novo, de que nada é impossível, de que nunca é tarde. Mesmo que você tenha 32 anos, esteja assistindo um show de quase-quarentões se comportando no palco como se ainda tivessem 20 e se sentisse velha toda vez que eles falavam "esse sucesso é de 94, 99...".

18 anos depois, em Berlin. O mundo dá voltas. Graças a Deus! :D

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Da necessidade de uma constante autoafirmação

Eu posso!
Eu consigo!
Eu sou capaz!

Outro dia minha enteada veio me contar sobre um documentário que ela assistiu, em que um diretor de dança, no intervalo de cinco semanas, fez com que crianças de uma escola alemã aprendessem e apresentassem um difícil espetáculo de dança, com, entre outras coisas, o trabalho de autoafirmação. Mostrando e convencendo os alunos de que eles eram capazes.

Fiquei pensando em como nós, enquanto sociedade, duvidamos das capacidades dos outros e de nós mesmos. Quando um aluno de escola pública chega para um professor e conta querer estudar medicina. Talvez, a primeira reação do professor seja rir e dizer que o aluno deve tentar outro curso mais "fácil". Enquanto o que deveria acontecer mesmo era que ele dissesse: "é difícil sim, mas se você se esforçar um pouco mais, quem sabe você não consegue?"

É provável que ele não consiga. Mas, quem tem que decidir (ou experimentar) é a própria pessoa, não o outro. Não temos o direito de destruir sonhos. Devemos mostrar alternativas. Ou facilitar o caminho.

Decidir mudar de país também é um processo constante de autoafirmação. Ao invés de repetirmos o mantra de todo estudante de uma nova língua "nunca vou conseguir aprender essa língua difícil", poderíamos mudar o discurso para "eu vou aprender, mesmo que seja difícil".

No início, estamos perdidos, voltamos a ser a criança que tem que aprender a andar sozinho nas ruas novas, que não sabe falar, que não consegue decidir sozinho. A insegurança em pessoa. Com a diferença de que somos adultos e não temos mais a mente sem julgamentos e preconceitos de uma criança. Travamos. Nós, ao contrário, somos nossos maiores críticos. "O que será que essa pessoa está pensando de mim?", "Estou fazendo isso certo?", "Porque eu não consigo como o meu colega consegue?" Toda crítica nos derruba. Todo fracasso nos desanima.

Esquecemos que, para quem acabou de chegar, errar é uma forma de aprender. No fundo, não existe uma forma certa. Fracassos são experiências. Críticas podem ser descartadas ou trabalhadas. Aí, quando chegarmos aos 60 anos é que perceberemos que passamos uma vida inteira vivendo nos adequando, como achamos que os outros queriam que vivêssemos e resolvemos chutar o balde. Já ouvi de alguns que é nessa idade que a vida fica mais leve.

Precisamos mesmo esperar até os 60 anos?

Não foi à toa que eu escrevi esse texto aqui há mais de dois anos. Um outro problema da falta de ou pouca autoafirmação é estarmos mais preocupados com o que ainda não temos e duvidarmos da nossa capacidade de conseguir: o emprego dos sonhos, aquela viagem para a Grécia, a tese de mestrado, o artigo a ser publicado, o curso inacabado... E tudo aquilo que já conquistamos fica esquecido. Voltamos a questionar nossas capacidades. A autoafirmação (positiva*) é esquecida. É mais difícil? É. Pode demorar? Pode. No entanto, quem é que disse que é impossível? Eu não disse.

Pois, agora eu te desafio: faça esse exercício. Surpreenda-se!

*Positiva: porque não adianta usar a autoafirmação para se achar melhor que outros. Se é assim, alguma coisa está errada.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quatro anos, dois anos...

Hoje fazem exatos quatro anos que me mudei para a Alemanha. Em três dias farão exatos dois anos que entrei a primeira vez no hospital. Metade do meu tempo aqui tenho tentado recuperar minha saúde para voltar a investir nos meus objetivos.

Alguns dias atrás, descobri que ela, a saúde, ainda não está do jeito que quero. Ou seja, vou entrar no quinto ano, contando o terceiro em que tento, pelo menos, parar de tomar remédio. Aquele remédio que deixa meu sistema imunológico em paz e me impede de ter uma reação. Tipo assim, eu estou bem, estou curada, mas meu sistema imunológico não entendeu isso ainda e fica tentando combater o que não existe mais (versão curta da história, claro). Aí eu fico lá e cá. Sou uma "morta-viva". Sacanagem!

Porém, eu olho pra trás e apesar de doer, de ter doído, estou muito orgulhosa de mim, das marcas que a vida me deixou, e por ter sobrevivido com a certeza que tornei-me ainda mais forte. Além de não perder o humor, que é fundamental.

E como são as coisas, né? Metade de mim é luta, a outra metade também.

P.S.: Enquanto digitava esse texto, recebi uma mensagem de uma pessoa do BR que acabou de conhecer a minha mãe: "Ela é sorridente igual a você!". Taí, Beth, é mesmo genético. Porque, certeza que a vida da minha mãe não foi e nem é fácil. Mas, segue sorrindo.

P.S. do P.S.: E chega de chororô e reflexão... bora lá voltar pra programação normal do blog!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A pessoa que (talvez) eu nunca serei

(texto publicado para mim, como conselho de Ego para Id, para eu não esquecer, ou sempre poder ler quando precisar)

Alguns podem chamar isso de otimismo desenfreado, uma fé cega, uma esperança que não morre, ou mesmo, romantismo.

Eu chamo de vontade. Vontade de levantar, de seguir em frente, de sorrir, de alcançar, de sonhar, de não desistir.

Não é que eu não caia. Eu caio. Não é que eu não entre em desespero. Oh!! Não é que eu pense, muitas vezes, em jogar tudo pro alto para viver de luz. Penso. Porém, passa!

Durmo uma noite no travesseiro úmido de lágrimas e acordo pensando em conquistar o mundo. Eu não sei o que acontece durante a noite, mas eu sei o que acontece depois que eu já botei as minhas angústias para fora: essa vontade enorme de mudar a situação em que me encontro surge.

Assim foi por toda a minha vida, nos últimos 32 anos.

E pensar que há cerca de dois anos recebia um diagnóstico que mudaria a minha vida. Tenho sequelas até hoje, físicas e psicológicas. Só não fiquei doida. Quase. Sabe aquela vontade? Então. Estava lá. Curei-me.

Hoje, na minha busca por um novo emprego, na convivência com as minhas frustrações, a vontade continua lá.

A pessoa que (talvez) nunca serei é aquela que desiste, que espera pelo resto do mundo para ter uma vida melhor, que perde as esperanças.

A vida é minha, as escolhas e decisões também. Faço delas o que quiser.

E eu quero é festa!!!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Fim de ano no Brandenburger Tor

Foi a primeira vez em quase 4 anos de Berlin que fomos passar a virada do ano no Brandenburger Tor. Segundo os organizadores, a maior festa da virada na Europa. 2 milhões de pessoas eram aguardadas. Ok...
Fonte: visitberlin.de
Chegamos às 20h. A avenida toda enfeitada e iluminada, cheia de barracas, mas parecia uma quermesse. Antes do palco principal, passamos por mais dois palcos menores. O som de qualidade, a música duvidosa. Muito "Schlager", a música brega alemã. Sim, senhoras e senhores, aqui também tem isso.

Nunca vi tanto brasileiro numa festa "não-brasileira" junto. Pra todo canto que eu olhava, eu via ou escutava meus conterrâneos. Se você, leitor ou leitora, esteve por lá, sinta-se abraçado!

Não estava tão frio. Sério. Só depois de duas horas em pé e sem se mexer muito é que você começa a congelar. Hehehehe

Antes de congelarmos, decidimos ir pra casa de uma amiga que nos acompanhava. Para nós, estava sem graça, apesar de estar muito bonito e iluminado.

E o sacrifício que foi para achar uma saída às 22h30? Eles cercam a região do Tiergarten (o parque), claro, para o povo não se espalhar, nem estragar o parque e eles poderem controlar mais a multidão. Mas, se você quer ir embora mais cedo, tem que nadar contra a correnteza. Flórida.

Chegamos no apartamento da amiga faltando UM minuto para a meia-noite. Sorte que ela mora numa cobertura (ou algo assim). Subimos para o "telhado" e acompanhamos quase meia hora de fogos em todos os lados e direções possíveis de Berlin. Foi tanto que, em determinado momento, já não conseguíamos mais enxergar alguns prédios por conta da fumaça no ar. As ruas de Berlin ficam cheias de pessoas e fogos e bombas e policiais e... gente! Parece uma guerra civil!

Os últimos segundos de 2013 e os primeiros minutos de 2014 foram olhando pro céu, contemplando os fogos de artifício e desejando profundamente que meus sonhos sejam realizados.

Que assim seja!
Fonte: www.berliner-zeitung.de

sábado, 14 de dezembro de 2013

Das desvantagens e suas soluções alternativas

Chega o final do ano e a saudade aperta. Natal na cidade dos meus pais é muito mais legal! A família toda reunida, primos, tios, agregados, cachorros, papagaios, piriquitos e aquela farra. O pessoal que já mudou de estado viaja pra lá, nem que seja pra passar só a noite de Natal. Fazem a festa e vão embora.

Eu adorava, não perdia uma. E as fotos mais palhaças eram minhas e de um tio igualmente palhaço. Os anos que passei Natal aqui na Alemanha foram sem graça. Ano passado, para eu me sentir um pouco mais perto, ligava pra lá o tempo todo e meu irmão, que mora em SP, mas estava na Bahia com a família, deixava a webcam ligada e eu me sentia lá, na sala, fazendo parte.

Depois do São João, essa é a época do ano em que eu sinto mais falta de estar com a minha família. Dessa vez, adicionando o fato de que eu tenho um sobrinho que ainda não conheço pessoalmente. Dói vê-lo crescendo, aprendendo a falar meu nome, sem eu nunca tê-lo pego no colo. Um ano e meio já, daqui a pouco casa. rsrs

Mas, aí, esse ano eu resolvi que meu Natal não seria apenas quatro pessoas jantando, trocando presentes e indo dormir. Eu decidi que eu ia ter minha família por perto, do jeito que fosse possível. Aí, chamei pessoas que também estariam sozinhas na noite de 24 e faremos um Natal à brasileira. E o melhor de tudo é que outras pessoas também aderiram espontaneamente. Será uma noite internacional, cheia de comida, música, brincadeiras e alegria.

Nesse dia, meu coração estará mais quente e eu terei a certeza que o de outras pessoas também.

E as melhores fotos serão as minhas! Rá!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nunca na história desse país...

Desde que eu vivo aqui, passei por uma tempestade dessas.
Já encarei sensação térmica de -15 graus.
Já encarei granizo, de dentro de casa. hehehe
Já encarei chuvas fortes.
Mas, essa é primeira vez que vou dormir e o mundo está se acabando, acordo e continua se acabando.
As escolas em Berlin tiveram ponto facultativo hoje.
Linhas de metrô e trem não funcionam por conta de árvores caídas nos trilhos.
Telhados saíram voando por aí.
E as ferinhas de Natal, coisa triste, fechadas. Imagino o estrago que as barraquinhas sofreram e o prejuízo dos donos?
Eu sei que para tudo nessa terra tem seguro, mas né?, quem é que quer ter que acionar seguro por conta disso?
Eu olho pra janela e só vejo o vento. E vento se vê, D. Eve? Mas, olhe, se o vento estiver carregado de flocos de neve, com certeza! Dá pra ver velocidade e direção. Assusta.

Assim passei a manhã de hoje: contemplando a força da natureza.

Espero que ela dê uma pausa. De longos meses...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Alemanha, a terra das possibilidades?

Eu tenho recebido alguns email ultimamente sobre o sonho de muitos de virem para Alemanha, recomeçar a vida.

Eu tenho vários exemplos de gente que veio pra cá, inclusive com uma pitadinha de incentivo meu, que se deram bem, gostam do país e estão refazendo seus caminhos. Claro que não sem as dificuldades que todos enfrentamos numa mudança dessas.

Alemanha é um país bonito, com uma política social bacana (mas não sem furos) e com um mercado de trabalho atraente para quem é da área de tecnologia e engenharia. Só que, sinceramente, peca em empreendorismo. Não há um mercado interessante para se abrir pequenas empresas, a não ser o boom de Start ups que acontece aqui em Berlin, por exemplo. São empresas de tecnologia que surgem com uma ideia maravilhosa, conseguem "patrocinadores", mas que, se não decolam em 5 anos, a tendência é fechar mesmo.

Tem trabalho em outras áreas? Tem. Só que é difícil de encontrar. Há os empecilhos. Se você não tem visto de trabalho, você vai ficar sempre na linha do "ilegal". Eu nem preciso falar que os salários, nesses casos, são ó
A diferença é que dá pra viver com pouco por aqui. Claro, se seu nível de expectativas não for tão alto e se não achar que quem vive na Europa é, automaticamente, rico. Não é bem assim. É que a percepção de qualidade de vida aqui é outra. Por exemplo: eu não abro mais mão da liberdade de andar sozinha, às 22h, em Berlin, sem a sensação de estar sendo seguida, ou mesmo correndo risco de vida. Uma vez sentido isso, não se quer perder mais. Em compensação: esqueça empregada doméstica, babá, pedreiro-faz-tudo. A não ser que a renda de casa sobre. Aí dá. Quando se muda de país, há sempre uma perda, mas os ganhos (qualidade de vida, segurança, infra-estrutura, sistema de saúde), no meu caso, compensam.

Eu reclamei do inverno no último post. Mas, em alguns dias, já estarei adaptada às temperaturas novamente. Tem gente que não aguenta de jeito nenhum. Aí, o inverno passa a ser um ponto negativo. Uma questão de perspectiva.

Vir pra cá pra tentar a sorte assim, sem planos, não é legal. A não ser que você fale alemão, tenha um visto (ou perspectiva de) e dinheiro guardado para arriscar. Mas, olha aí, isso já é um plano. Porque, diferente de outros países na Europa, a língua é importante aqui. Tem gente que trabalha falando inglês? Tem. Mas, são casos raros. E a maioria na área de tecnologia. Porque oi? Códigos de programação (Java, C#, Delphi) são universais.

Encontrou o homem/a mulher dos seus sonhos e quer vir pra cá? Venha! Case! Seja feliz com seu amor. Agora saiba que há muito o que se fazer para ser feliz fora do casamento. Aprender alemão, procurar e arrumar um trabalho, se adaptar à nova cultura etc. Eu acredito em histórias de amor e dou o maior apoio. Não há nada mais forte que o amor para se vencer barreiras. Eu sei. Sinto na pele há 10 anos. :)

A diferença está na cabeça, nas expectativas, em como você escolhe viver suas escolhas. Eu escolhi ser feliz, aonde quer que eu esteja e tento fazer do lugar aonde estou, o melhor lugar para viver. Não é à toa que eu escrevo um blog para rir. Ninguém disse que seria fácil, mas eu aprendi cedo a rir de mim mesma. Melhor exercício de autoconhecimento.

Querem vir para Alemanha? Venham. Mas, venham de pé no chão, tá?

Caso queiram continuar me escrevendo, fiquem à vontade. O endereço de email não está ali por acaso. Eu irei responder, mesmo que demore. :)

Boa sorte para nós! Sempre!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Do tempo

Outro dia, assistíamos um talk show, quando uma atriz alemã aposentada disse que tinha vivido 52 anos com o marido, até que ele faleceu.

Automaticamente, virei para marido e disse:
- A gente consegue também, né?
Ele, sem pensar:
- Claro!
E ficamos um bom tempo de mãos dadas...

Nem fizemos as contas. Só tínhamos a certeza que ficaríamos juntos. Ponto.

10 anos já foram. Faltam "só" mais 42 anos. Mas, aí, além de prometer ficarmos juntos todo esse tempo, marido também tem que prometer viver até os 99. Ou, quem sabe, 100.

Hoje, estou fazendo 32. : )

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Pensamentos aleatórios

- Não troco meus 31-quase-32 por nenhuma idade antes disso. Mesmo tendo ficado doente, mesmo tendo passado bons bocados, mesmo tendo chorado milhões de vezes e tendo pensado em pular atrás de um trem outras tantas. Mesmo. Mesmo depois de dois anos nessa pindaíba. Não troco, não dou, não vendo. Porque quando me olho no espelho, eu morro de orgulho das marcas, das cicatrizes, das rugas, dos cabelos brancos, da guerra que eu venci. Porque eu sei que nada foi em vão. Porque eu sei que minha história está sendo escrita. Porque eu sei que meu caminho é um caminho de um sentido só: para frente. E, como sempre diz a minha mãe: "o que é meu está guardado". Eu sei que nada é por acaso. Só um pouco mais de paciência.

Um dia volto aqui para escrever que uma coisa extraordinariamente boa aconteceu (não, não será uma gravidez!) e aí vocês vão dizer: "you see?" : )

- Já decidi: quando tiver um escritório, terei um cachorro. Porque ele me acompanhará para o trabalho. E as "pausas" para o café, serão as pausas passeando com ele. E quando o tiver, será adotado. Porque, de vez em quando, faço uns passeios pelo site do Tierheim de Berlin e vejo cachorros com olhares tão tristes, precisando de tanto amor. Eu quero dar esse amor pra eles. Ou, pelo menos, para um deles.

- Eu ando muito sentimental e manteiga derretida esses dias. É o aniversário se aproximando (sexta, para quem quer saber).

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

FAQ. 26 - É caro viver/morar em Berlin?

Algumas pessoas já me perguntaram isso e eu sempre digo que não. Não é caro mesmo. Principalmente se você comparar com outras cidades da Alemanha, como Munique e Hamburgo, e se lembrar que estamos falando da capital do país e do turismo.

Claro que a cidade tem seus bairros chiques, aonde sair para comer é caro, os aluguéis são salgados e as pessoas também mais exigentes. Mas, no geral, morando em Berlin, dá para encontrar vários lugares aonde se pode pagar menos pelo aluguel e continuar morando perto do centro, como o meu bairro. Ou comer por 5 euros o prato.

Alimentos é outra coisa muito barata por aqui, por conta dos supermercados conhecidos como Discounters (Lidl, Aldi, Netto...). São supermercados que vendem mercadorias ou de marcas desconhecidas ou não tão famosas com preços bem mais em conta. Quem sabe procurar, acha produtos muito bons. E as verduras e frutas têm qualidade.

Perto da minha casa, tem um Lidl. Outro dia fui comprar alguns itens que faltavam em casa. Como eu estava sem dinheiro na carteira, resolvi que ia pagar com cartão. Peguei o que precisava e não fiz a conta de quanto ia gastar.

Cheguei no caixa, passei as compras e a minha surpresa quando vi que deu 4,59. Eu comprei:
  • 0,5kg de ameixa: 1,01
  • 1kg de pera: 1,19
  • Verduras para sopa (Suppengrün): 0,79
  • 1L de leite: 0,65
  • 250g de pão integral: 0,95 
Caso eu ainda quisesse comprar café, manteiga/queijo e o macarrão para a sopa, teria gasto mais cerca de 3,00.

Aí, eu fiquei boba ao constatar que com cerca de 8 euros eu teria comida para três dias e algumas coisas ainda iam sobrar para dias seguintes. (Esquece que eu não pensei no açúcar e no sal/temperos. Concentre-se nos preços.)

Tipo: 3 dias, 8 euros por pessoa: 80 euros de alimentos por mês. Mais 20 euros de extras: como o bendito do sal, sabonete, detergente, pasta de dente...

E se for morar numa república, então? Aluguel de um quarto "quente": entre 300 e 400 euros (depende do tamanho, da localização...). O ticket mensal do transporte num contrato anual sai por 60 euros (eu acho).

Fez as contas? É ou não é barato? :)

P.S. Falei do essencial pra viver, né?

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Renovação dos votos

Para comemorar 10 anos, alianças novas. Sim, senhores. Porque renovamos os votos, as juras e os sonhos. O amor é o mesmo de sempre. Depois das dificuldades, ainda mais forte. E eterno. Sem mais.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

É o que tem pra hoje



"The future is a small town, where we all gonna move to someday.
I saw the future. I did. And in it I was alive.
My God! I was alive."

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Pensativa...

Outro dia, na estação do metrô (de novo...), tinha um senhor muito bêbado. Os bombeiros tentavam convencê-lo a ir com eles, mas ele não queria. Não entendi muito bem, mas, aparetemente, os bombeiros insistiram o quanto podiam e depois desistiram, o deixando lá. Não dá pra forçar a ajuda, né?

Eu não me senti à vontade ficando perto desse senhor, porque parecia que a qualquer momento ele ficaria de estômago vazio, se é que vocês entendem. Ao meu lado tinha um cara. Eu olhei pra ele e sorri. Eu não queria que ele pensasse que estava me afastando por conta dele, mas sim por conta do bêbado.

Só que o meu sorriso abriu uma porta de comunicação. Entramos no metrô e o cara sentou perto de mim, me procurava com o olhar. Eu me senti incomodada. Eu não percebia o que estava acontecendo. Desci na minha estação de casa e ele desceu também. Ele andou ao meu lado e falou comigo.

- English?
- A little bit. German also.
- I English, Italian and Arabic.
- Oh!

E segui. Ele seguiu ao meu lado.

Sai da estação. Acelerei o passo. Dobrei na esquina da minha casa e ele ficou lá parado, com ar de perdido.

Só quando estava abrindo a porta do prédio que entendi o que estava acontecendo. Ele precisava de ajuda. Pelas línguas que ele dizia falar, no mínimo, alguém que atravessou o mediterrâneo, ficou perdido na fronteira da Itália e veio parar num "campo" de asilados por aqui. E eu, com a minha incapacidade intelectual de mudar a língua do meu cérebro de forma automática, não fui capaz de entender o que ele queria, não fui capaz de perguntar: "Do you need any help?"

Eu ainda voltei, procurei e ele não estava mais lá. Por algumas horas, senti-me a pior pessoa do mundo.

Já faz mais de dois meses e eu continuo me sentindo assim. Espero mesmo que ele tenha encontrado alguém melhor no caminho dele.

sábado, 27 de julho de 2013

Um tropeço

Em Berlin, é comum estar andando pelas ruas mais centrais da cidade e se deparar com as conhecidas "Stolpersteine" (pedras em que se tropeça) que, na verdade, não são pedras, mas placas indicativas que informam que naquele determinado prédio morava alguém que foi, durante a guerra, deportado e morto. Maioria, claro, judeus.

Eu sempre olho com curiosidade para essas "pedras". Não foi diferente quando passei por uma com o meu primeiro nome. Primeira vez que vi o meu nome correto, exatamente da forma como assino. Tirei uma foto com o celular e fui pra casa.

Esqueci a foto. Depois, lembrei que minha prima gosta de história e mandei a foto pra ela, com a mesma introdução que iniciei esse texto. Só aí olhei mais atentamente para a foto: eu havia tirado a foto dos nomes de uma família. Pai, mãe e filha. E percebi que a minha chará foi deportada e morreu no campo de concentração de Auschwitz quando tinha apenas 7 anos.

Meu tropeço do dia foi na história dessa menina. Foi numa história que podia ter sido a minha. A sua. A nossa.


As marcas ainda estão lá para homenagear, para não esquecer.