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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A decisão demorou, mas chegou

Pois é. Quase 5 anos de Blog (em novembro) e sinto que a proposta perdeu o sentido.O que era vida nova, não é mais. É rotina. O que seriam micos virou normalidade. As risadas estão ligadas ao dia a dia e eu nem percebo mais o que há de especial nelas para compartilhar. Não que eu tenha uma vida chata e sem graça. Só não tenho vontade de vir aqui falar do cotidiano.

Então, por isso, decidi que o Rindo será aposentado. Antes de entrarem de luto, aviso que outro Blog entrará em seu lugar, com outra proposta: opiniões e reflexões sobre o país. Afinal, são quase 5 anos. Alguma opinião tenho que ter, né? Contudo, não acho que será um Blog pra rir. Ou que seja, só não será o foco.

Quem deseja continuar acompanhando minhas escritas, favor enviar um email para que eu mande o endereço do novo.

Obrigada pelo carinho e pela companhia nesses anos.

Beijos!

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu não faço chafé

Estava na ONG aonde estou trabalhando e, como tínhamos uma reunião, resolvi que ia fazer café para as meninas que estavam lá comigo.

Água, filtro, pó e liga a máquina. Check!

Tempo passa, café fica pronto e a colega vai servir a gente. No meio do processo, percebo que ela também colocou água pra ferver e pensei: "Ora bolinhas, ela vai tomar chá e café? "

Só que o que eu não sabia, era que ela só estava sendo discreta. A reação da outra foi mais ou menos assim: "Booooo!!! Impossível tomar esse café!"

A colega discreta ia botar água no café pra diluir. Vejam vocês.

Já a indiscreta pegou a garrafa com o café e jogou o conteúdo fora. Elas fizeram um novo.

Problema foi que eu fiz um café brasileiro. Ou seja, forte! O pessoal por aqui bebe chafé e aí o meu foi rejeitado.

Mas né? Tinha que jogar fora? Eu teria bebido todinho.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Igualzinho

Estava eu, loira, linda e serelepe, querendo atravesssar uma rua. Enquanto esperava que o sinal ficasse verde para pedestres, as pessoas foram se aglomerando ao meu redor. Do meu lado, um casal de idosos.

O sinal estava demorando a abrir, e antes que isso acontecesse, uma menina com fones nos ouvidos atravessou a rua. Segundos depois, ficou verde.

Ao atravessarmos, o idoso falou para a mulher:
- Aí ó, atravessa a rua no sinal vermelho e ainda com fones de ouvido. Depois morre e não sabe porque foi.

Eu juro que eu me segurei para não cair na gargalhada, porque eu uso essa mesma expressão. Ás vezes, só para fazer piada mesmo: "Vai tomar suco de manga com leite? Olha, cuidado viu? Depois morre e não sabe porque foi." Expressão que eu repito por osmose né? Já que aprendi com minha mãe.

Será eu eu vou me tornar uma velha ranzinza? Ou já sou? hihihihi

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Da necessidade de uma constante autoafirmação

Eu posso!
Eu consigo!
Eu sou capaz!

Outro dia minha enteada veio me contar sobre um documentário que ela assistiu, em que um diretor de dança, no intervalo de cinco semanas, fez com que crianças de uma escola alemã aprendessem e apresentassem um difícil espetáculo de dança, com, entre outras coisas, o trabalho de autoafirmação. Mostrando e convencendo os alunos de que eles eram capazes.

Fiquei pensando em como nós, enquanto sociedade, duvidamos das capacidades dos outros e de nós mesmos. Quando um aluno de escola pública chega para um professor e conta querer estudar medicina. Talvez, a primeira reação do professor seja rir e dizer que o aluno deve tentar outro curso mais "fácil". Enquanto o que deveria acontecer mesmo era que ele dissesse: "é difícil sim, mas se você se esforçar um pouco mais, quem sabe você não consegue?"

É provável que ele não consiga. Mas, quem tem que decidir (ou experimentar) é a própria pessoa, não o outro. Não temos o direito de destruir sonhos. Devemos mostrar alternativas. Ou facilitar o caminho.

Decidir mudar de país também é um processo constante de autoafirmação. Ao invés de repetirmos o mantra de todo estudante de uma nova língua "nunca vou conseguir aprender essa língua difícil", poderíamos mudar o discurso para "eu vou aprender, mesmo que seja difícil".

No início, estamos perdidos, voltamos a ser a criança que tem que aprender a andar sozinho nas ruas novas, que não sabe falar, que não consegue decidir sozinho. A insegurança em pessoa. Com a diferença de que somos adultos e não temos mais a mente sem julgamentos e preconceitos de uma criança. Travamos. Nós, ao contrário, somos nossos maiores críticos. "O que será que essa pessoa está pensando de mim?", "Estou fazendo isso certo?", "Porque eu não consigo como o meu colega consegue?" Toda crítica nos derruba. Todo fracasso nos desanima.

Esquecemos que, para quem acabou de chegar, errar é uma forma de aprender. No fundo, não existe uma forma certa. Fracassos são experiências. Críticas podem ser descartadas ou trabalhadas. Aí, quando chegarmos aos 60 anos é que perceberemos que passamos uma vida inteira vivendo nos adequando, como achamos que os outros queriam que vivêssemos e resolvemos chutar o balde. Já ouvi de alguns que é nessa idade que a vida fica mais leve.

Precisamos mesmo esperar até os 60 anos?

Não foi à toa que eu escrevi esse texto aqui há mais de dois anos. Um outro problema da falta de ou pouca autoafirmação é estarmos mais preocupados com o que ainda não temos e duvidarmos da nossa capacidade de conseguir: o emprego dos sonhos, aquela viagem para a Grécia, a tese de mestrado, o artigo a ser publicado, o curso inacabado... E tudo aquilo que já conquistamos fica esquecido. Voltamos a questionar nossas capacidades. A autoafirmação (positiva*) é esquecida. É mais difícil? É. Pode demorar? Pode. No entanto, quem é que disse que é impossível? Eu não disse.

Pois, agora eu te desafio: faça esse exercício. Surpreenda-se!

*Positiva: porque não adianta usar a autoafirmação para se achar melhor que outros. Se é assim, alguma coisa está errada.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Mudando a perspectiva cultural

Vocês já repararam que nós, brasileiros, usamos expressões no nosso dia a dia que contêm "mensagens subliminares"?

Por exemplo:
Marquei com uma amiga para nos encontrarmos às 11h. Já era 11h20, ligo pra ela e ela diz: "Tô chegando!". Esse "tô chegando" custou mais 20 minutos.

Ou, encontro um conhecido na rua e ele fala: "passa lá em casa qualquer dia desses". Ele não espera realmente que eu faça isso.

E o famoso "Deixa comigo que eu resolvo"? Aí no final da semana de trabalho, o relatório está lá inacabado, porque a pessoa não conseguiu terminar, e não pensou em avisar.

Ou, tudo que termina com "inho".
- A pizza fica pronta quando?
- Ah, só mais cinco minutinhos.

- Quando o ônibus vai passar?
- Daqui a pouquinho.

E lá se foi uma eternidade...

Agora, imagina como deve ser para um estrangeiro que acabou de chegar no Brasil e tem que aprender esses "códigos"? Também não é fácil.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Alemanha, a terra das possibilidades?

Eu tenho recebido alguns email ultimamente sobre o sonho de muitos de virem para Alemanha, recomeçar a vida.

Eu tenho vários exemplos de gente que veio pra cá, inclusive com uma pitadinha de incentivo meu, que se deram bem, gostam do país e estão refazendo seus caminhos. Claro que não sem as dificuldades que todos enfrentamos numa mudança dessas.

Alemanha é um país bonito, com uma política social bacana (mas não sem furos) e com um mercado de trabalho atraente para quem é da área de tecnologia e engenharia. Só que, sinceramente, peca em empreendorismo. Não há um mercado interessante para se abrir pequenas empresas, a não ser o boom de Start ups que acontece aqui em Berlin, por exemplo. São empresas de tecnologia que surgem com uma ideia maravilhosa, conseguem "patrocinadores", mas que, se não decolam em 5 anos, a tendência é fechar mesmo.

Tem trabalho em outras áreas? Tem. Só que é difícil de encontrar. Há os empecilhos. Se você não tem visto de trabalho, você vai ficar sempre na linha do "ilegal". Eu nem preciso falar que os salários, nesses casos, são ó
A diferença é que dá pra viver com pouco por aqui. Claro, se seu nível de expectativas não for tão alto e se não achar que quem vive na Europa é, automaticamente, rico. Não é bem assim. É que a percepção de qualidade de vida aqui é outra. Por exemplo: eu não abro mais mão da liberdade de andar sozinha, às 22h, em Berlin, sem a sensação de estar sendo seguida, ou mesmo correndo risco de vida. Uma vez sentido isso, não se quer perder mais. Em compensação: esqueça empregada doméstica, babá, pedreiro-faz-tudo. A não ser que a renda de casa sobre. Aí dá. Quando se muda de país, há sempre uma perda, mas os ganhos (qualidade de vida, segurança, infra-estrutura, sistema de saúde), no meu caso, compensam.

Eu reclamei do inverno no último post. Mas, em alguns dias, já estarei adaptada às temperaturas novamente. Tem gente que não aguenta de jeito nenhum. Aí, o inverno passa a ser um ponto negativo. Uma questão de perspectiva.

Vir pra cá pra tentar a sorte assim, sem planos, não é legal. A não ser que você fale alemão, tenha um visto (ou perspectiva de) e dinheiro guardado para arriscar. Mas, olha aí, isso já é um plano. Porque, diferente de outros países na Europa, a língua é importante aqui. Tem gente que trabalha falando inglês? Tem. Mas, são casos raros. E a maioria na área de tecnologia. Porque oi? Códigos de programação (Java, C#, Delphi) são universais.

Encontrou o homem/a mulher dos seus sonhos e quer vir pra cá? Venha! Case! Seja feliz com seu amor. Agora saiba que há muito o que se fazer para ser feliz fora do casamento. Aprender alemão, procurar e arrumar um trabalho, se adaptar à nova cultura etc. Eu acredito em histórias de amor e dou o maior apoio. Não há nada mais forte que o amor para se vencer barreiras. Eu sei. Sinto na pele há 10 anos. :)

A diferença está na cabeça, nas expectativas, em como você escolhe viver suas escolhas. Eu escolhi ser feliz, aonde quer que eu esteja e tento fazer do lugar aonde estou, o melhor lugar para viver. Não é à toa que eu escrevo um blog para rir. Ninguém disse que seria fácil, mas eu aprendi cedo a rir de mim mesma. Melhor exercício de autoconhecimento.

Querem vir para Alemanha? Venham. Mas, venham de pé no chão, tá?

Caso queiram continuar me escrevendo, fiquem à vontade. O endereço de email não está ali por acaso. Eu irei responder, mesmo que demore. :)

Boa sorte para nós! Sempre!

domingo, 10 de novembro de 2013

Histórias de uma festa - Parte 2

Ainda na festa de bodas de prata de amigos...

Fomos apresentados à vizinha do casal, que bem poderia ser parente da Donatella Versace (o mal é a língua!). Foi uma apresentação bem rápida, porque era muita gente para conhecer, reencontrar e fazer small talk.

A festa foi num salão de festas não muito grande, mas apropriado para a quantidade de pessoas e para a programação. Tempo passou e fui ao banheiro. Quem eu encontro lá? Essa vizinha, que puxa papo comigo toda simpática:

- Ai, será que você teria um pente?
- Infelizmente, não.
- Que pergunta boba a minha. Claro que você não precisa de pente. O jeito é pentear o meu com os dedos mesmo...
- Cabelo curto é mais prático. - digo.
- Ah, mas se eu tivesse esse tipo de cabelo e esse rosto que você tem, eu também usaria o cabelo assim. - E saiu sorrindo.

Posso dizer que deu vontade de abraçar a mulher? 

Apidêiti: Atendendo a pedidos, fotos!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Histórias de uma festa - Parte 1

Semanas atrás, fomos marido e eu para a festa de um casal de amigos em uma cidade perto de Hamburgo. Eles comemoravam suas bodas de prata. Foi uma festa chic. Marido aproveitou a festa para reencontrar velhos amigos, amigos da época da escola, vejam só.

Num desses encontros, a irmã mais velha do amigo de marido contava para a gente da sua última viagem de férias para a Namíbia. Perguntamos se ela gostou. Se arrependimento matasse...

Ela:
- Ah, os negros ficavam lá, nos empurrando coisas para comprar. Os negros isso, os negros aquilo... Um dia, teve um acidente e nós passamos de carro por ele, uma amiga que estava conosco, que é enfermeira, parou para ajudar. Mas, já tinham muitos negros lá e a gente não tinha muito o que fazer. Nós seguimos viagem e no posto mais próximo, avisamos do acidente.

Ela contava e eu passava mal. Primeiro, que ela não precisava usar a palavra "negro" para definir os moradores do país. Por que ela não falava "pessoas", por exemplo? Segundo, ela estava como "estrangeira" lá, um pouquinho mais de respeito seria esperado. Terceiro, ela estava falando com uma brasileira. O que ela achou que eu fosse pensar?

Como era uma festa e eu não estava a fim de criar climão, simplesmente ignorei-a o resto do dia. Quem quer contato com esse tipo de pessoa? Eu mesmo não!

Pena dela, que ainda define o mundo em cores.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Diminuindo a cobrança ou Como ouvir "certo" o que as pessoas querem dizer

Eu já estava entrando naquela fase em que ficava meio desconfiada quando eu participava, invariavelmente, do seguinte diálogo:
- Mora aqui há quanto tempo?
- (Insira aqui qualquer tempo a partir de 3 anos...)
- Aprendeu alemão aqui ou já falava antes?
- Aprendi aqui.
- Poxa, parabéns, você fala alemão muito bem pra quem está aqui só a (vide primeira resposta).

Eu ficava pensando: ou o nível de exigência desse povo é muito baixo. Ou eles não esperam que um "estrangeiro" seja capaz de falar alemão bem. Ou as duas coisas juntas. Já tive muitas discussões com marido por conta disso, e ele achava que eu devia entender como elogio.

Acontece que eu não estou satisfeita com meu nível de alemão. Eu ainda tenho um sotaque muito forte e poderia usar melhor o vocabulário que eu conheço. Porque eu compreendo 99% do que um jornalista da ZDF fala, mas não sou capaz de falar como ele. E quem é, né? Não dá para se comparar com um nativo, ainda mais um que estudou para falar "bonito". Detalhes...

Eu já estava entrando no limite que divide a alegria em receber um elogio e o de me sentir "insultada" pelos mesmos motivos. Eu pensava: "ora bolinhas, eu já estou aqui há 3 anos e meio e esse povo acha meu alemão bom? Oi? Tem alguma coisa errada aí."

Foi depois de mais um diálogo desses (e acontece sempre assim) que eu percebi que, olha, é elogio sim. Ainda. Talvez, quando eu quebrar a barreira dos cinco anos, volte a pensar desse jeito. Mas, por agora, vou voltar a ouvir como elogio. Por quê?

Porque eu me dei conta que no primeiro ano eu não falava alemão. Eu aprendia. Eu precisei do segundo ano quase todo para destravar. Falava, mas ainda me prendia aos meus medos e escorregadas. Hoje, não tenho medo de falar errado. Vou lá e falo. Entro em discussões e ainda mando o povo calar a boca.

Então, se eu for colocar no papel a minha experiência com o aprendizado da língua (eu ainda aprendo), vou perceber que eu tenho 3 anos e meio de Alemanha, porém, não falo alemão há 3 anos e meio.

E, vou dizer, saiu um peso das minhas costas depois de constatar isso.

sábado, 27 de julho de 2013

Um tropeço

Em Berlin, é comum estar andando pelas ruas mais centrais da cidade e se deparar com as conhecidas "Stolpersteine" (pedras em que se tropeça) que, na verdade, não são pedras, mas placas indicativas que informam que naquele determinado prédio morava alguém que foi, durante a guerra, deportado e morto. Maioria, claro, judeus.

Eu sempre olho com curiosidade para essas "pedras". Não foi diferente quando passei por uma com o meu primeiro nome. Primeira vez que vi o meu nome correto, exatamente da forma como assino. Tirei uma foto com o celular e fui pra casa.

Esqueci a foto. Depois, lembrei que minha prima gosta de história e mandei a foto pra ela, com a mesma introdução que iniciei esse texto. Só aí olhei mais atentamente para a foto: eu havia tirado a foto dos nomes de uma família. Pai, mãe e filha. E percebi que a minha chará foi deportada e morreu no campo de concentração de Auschwitz quando tinha apenas 7 anos.

Meu tropeço do dia foi na história dessa menina. Foi numa história que podia ter sido a minha. A sua. A nossa.


As marcas ainda estão lá para homenagear, para não esquecer.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Berlin, ontem: Brasil e Turquia

Ontem fomos às ruas de Berlin para, pacificamente, mostrar apoio aos movimentos no Brasil. Éramos cerca de 400 brasileiros e estrangeiros.
Em alemão: "SP: pessoas presas por terem consigo vinagre, contra o efeito das bombas de gás lacrimogênio"

Desde que os movimentos começaram, mesmo tendo começado por "20 centavos" e que não permaneçaram por esse motivo, houve uma escalação, se espalharam pelo Brasil e pelo mundo. Ficou mais forte. 20 centavos foram só a gota d`água.

Como explica esse trecho da fala do sociólogo espanhol Manuel Castells: Todos estes movimentos, como todos os movimentos sociais na história, são principalmente emocionais, não são pontualmente indicativos. Em São Paulo, não é sobre o transporte. Em algum momento, há um fato que traz à tona uma indignação maior. Por isso, meu livro se chama REDES de indignação e de esperança. O fato provoca a indignação e, então, ao sentirem a possibilidade de estarem juntos, ao sentirem que muitos que pensam o mesmo fora do quadro institucional, surge a esperança de fazer algo diferente. O quê? Não se sabe, mas seguramente não é o que está aí. Porque, fundamentalmente, os cidadãos do mundo não se sentem representados pelas instituições democráticas. Não é a velha história da democracia real, não.

Aqui na Alemanha, a polícia esteve nas ruas para garantir o nosso direito de nos manifestarmos, fechando as ruas e controlando o trânsito. Na foto a seguir, vocês veem o porta-voz da polícia. Era com ele que os organizadores conversavam. Os policiais eram meros coadjuvantes.
Aí você vai dizer: "ahhh, mas no Brasil teve vandalismo". Pode até ser. Mas, não justifica a violência e a opressão contra todo uma massa de manifestantes. Pega o vândalo e leva embora. Deixa que o povo se manifeste. Se organize. Não aja com desespero. Tenha preparo profissional.

Eu vi um vídeo de uma família sendo atacada em sua própria varanda, no 7° andar do prédio, por estar filmando. O que é isso? Ditadura? Censura? Tem alguma coisa errada aí. E não podemos permitir que o Estado tome conta das nossas vidas, nos tire os direitos de liberdade de expressão e de ir e vir.

E o que eu tenho a ver com isso tudo daqui da Alemanha? Eu sou brasileira. E sinto-me orgulhosa de que agora o povo está nas ruas, enfrentando a polícia e o descaso do Estado. Uma vez que nos manifestamos aqui e mostramos como o Estado daqui nos trata, pode, além de aumentar a força do movimento, mostrar para os governantes como é mesmo que se faz democracia!

Utopia? Quem sabe. Mas, eu vou colocar a cabeça no travesseiro sabendo que eu fiz minha parte. Não vou parar. Não estarei mais nas ruas, mas meu grito vai muito mais além. Eu tenho a Internet. Você também. Espalhe a esperança de dias melhores.

P.S. Outro ponto alto das manifestações de ontem em Berlin: os turcos se juntaram a nós!! E nós a eles.
Em alemão: "Taksim é em todo lugar. Em todo lugar há resitência"

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ainda é diferente

Dias atrás, estava no metrô (estava demorando com mais casos de metrô, né?), em pé, quando entra uma alemã de meia idade, um menino no carrinho se esbaldando na maçã, acho que nem tinha dois anos ainda e uma menina de uns 5 ou 6 anos. O menininho era a coisa mais linda. Ela, como estava com o carrinho, ficou em pé ao lado da porta, a menina senta.

Ao meu lado, uns três pré-adolescentes sentados. Eles estavam conversando sobre sei lá o quê. Passa-se uma ou duas estações e a mulher fala para a menina que se preparasse que já iam descer.

Enquanto isso, os pré-adolescentes conversavam entre si, um cutucando o outro e dando risadinhas, quando o mais corajoso de todos se dirige à mulher:
- Desculpa...
- Pois não?
- Esse menino é seu filho?
Ela ri sem graça e responde:
- Sim, ele é meu filho. A menina também.

Saem do metrô.

O mais corajoso vira para os outros e diz:
- Viu? Eu disse.

E qual o mistério?
As crianças eram negras. A mulher, branca.

Estranho pra mim é que a pergunta tenha vindo de três "estrangeiros". Pois, os meninos tinham traços turcos/árabes. Chupa essa manga!

O que me faz pensar também em quantas vezes essas crianças terão que passar por essa pergunta na vida...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mudança de hábitos e vida nova


2013 começou diferente. Porque não dizer, promissor. Enfim, tenho minha saúde de volta. Enfim, posso recomeçar a vida. Mas, como todo baque, em seguida, vem a mudança. Pena precisarmos, muitas vezes, de uma porrada pra admitirmos que alguma coisa precisa mudar nas nossas vidas.

Tirando a adolescência, minha vida adulta foi muito sedentária. Até então, não me preocupava com a saúde do meu corpo, com a alimentação, com noites bem dormidas. Não era muito vaidosa, achava que ter um peso legal já era o suficiente.

Aí veio a fase punk, em que meu sistema imunológico ficou mais frágil que uma bolha de sabão e eu precisei dar a volta por cima. Eu aprendi a importância de um corpo saudável, acompanhado da mente, claro. Aprendi a importância de manter os músculos em atividade, para não perdê-los. Acredite, eu senti falta deles. Aprendi que alguns minutos numa bicicleta levantam qualquer astral. Aprendi que não custa nada dar um pouco mais de atenção para o seu corpo. Aprendi que tem coisas que eu gostava de fazer quando era criança que, hoje, ajudam a distrair minha mente e a relaxar. Quem precisa de meditação quando se pode também "esquecer o mundo" desenhando e pintando?

E melhor que isso: aprendi a vibrar com os meus pequenos avanços. Começar fazendo 10 minutos de malhação, porque era só o que o corpo aguentava, e passar para 1h e 10 min em 5 semanas, querendo mais.

Meu compromisso agora é comigo. É manter o ritmo. É olhar para o espelho e dizer: you rock! É admitir que saúde está ligada a alimentação, movimento constante e um amor. E continuar com tudo isso. Porque eu ainda tenho muita química pra tirar do meu corpo e ainda não cheguei ao ideal. Foram só 5 semanas, ainda preciso de um ano pra poder arriscar mais, para alcançar o equilíbrio.

O que importa é que o ponta pé inicial já foi dado e a vontade de continuar está aqui. Saúde!

A Si e a Ana devem estar orgulhosas de mim agora.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Curiosidades sobre a Alemanha - a minha versão

Depois do textos do francês, alguns brasileiros que moram em outros países estão fazendo a mesma lista. Li uma lista de um brasileiro na Alemanha e como acho que posso contribuir com outros pontos, estou fazendo a minha versão.

Ao contrário do que muitos vão pensar, não é uma comparação do tipo certo ou errado, melhor ou pior. É claro que, com base na minha visão brasileira, consigo perceber o que é diferente na cultura alemã. Tomem esse texto como um relato de fatos e observações minhas nesses mais de três anos na Alemanha. E como toda lista, há muita generalização.

  1. Aqui na Alemanha se gosta muito de esporte. Gostam de futebol, basquete, hóquei... Mas, o esporte preferido mesmo é o de reclamar. Reclamam se o tempo está ruim, se está bom, se o trem atrasa 5 minutos, se você faz uma paradinha estratégica no meio da rua...
  2. Aqui na Alemanha se assoa o nariz em qualquer lugar, inclusive, à mesa. E eles não são nada discretos. Não se assuste se estiver tranquilamente sentado num banco de praça e alguém passar por você e fizer sons nada agradáveis num lenço de papel.
  3. Por falar em lenço de papel, aqui na Alemanha, eles sempre têm lenços de papel nos bolsos, nas bolsas... Podem ser usados, do inverno passado, ou novinhos, ainda no pacote.
  4. Aqui na Alemanha, não existe o hábito de se tomar banhos várias vezes ao dia. E muitos nem tomam todo dia. Isso também no verão. Eles dizem que gastam a pele e o hábito é perceptível no ar, nessa estação.
  5. Aqui na Alemanha, existem milhares de quilômetros de ciclovias por todo o país. Os ciclistas andam para todos os lugares e, muitas vezes, em qualquer tempo. Inclusive embaixo de temperaturas negativas.
  6. Aqui na Alemanha, pedestre sempre tem prioridade. Os carros param para você atravessar. A menos que o pedestre esteja, por distração, ocupando a ciclovia. Aí, ele vai ouvir a buzina ou os gritos de ciclistas mais estressados para sair do caminho deles.
  7. Aqui na Alemanha, existem inúmeros parques. Bonitos, organizados e bem cuidados, tanto pela prefeitura quanto pelos moradores.
  8. Aqui na Alemanha, existem inúmeros parques. Aqueles em que se pode fazer churrasco, aquele em que se pode deixar o cachorro solto e aqueles em que terá uma mulher fazendo topless e cinco metros depois, uma de burca.
  9. Aqui na Alemanha, no verão, cada metro quadrado de grama nos parques ou praças é disputado. Os alemães parecem lagartixas se expondo ao sol, depois de meses de inverno e escuridão. (Thiago, essa é pra você!)
  10. Aqui na Alemanha, tem as quatros estações bem definidas. Assim como as estações mudam, o humor também muda. Coitados de nós quando o inverno é longo....
  11. Aqui na Alemanha, ser gay é ok. O prefeito de Berlin é gay. No seu discurso de posse, ele disse: "eu sou gay, e está bom assim!".
  12. Aqui na Alemanha, existem todos os tipos de moda. Você pode encontrá-las todas num único  dia nas ruas. Ou numa única pessoa.
  13. Aqui na Alemanha, você pode sair com um moicano (o corte de cabelo) verde, azul ou lilás, uma roupa rasgada e ninguém vai apontar o dedo te criticando. Eles vão olhar, mas vai ficar só no olhar.
  14. Aqui na Alemanha, pode-se encontrar pessoas bebendo cerveja às 10h da manhã. Alguns já estão bêbadas nesse horário.
  15. Aqui na Alemanha, é normal encontrar pessoas peladas nos parques durante o verão. Principalmente, em estados da antiga DDR. Eles ainda acham estranho quando os brasileiros estranham esse comportamento.
  16. Aqui na Alemanha, existem saunas mistas. As pessoas ficam peladas lá, mulheres e homens. E estranham se brasileiros não aderem a esse comportamento.
  17. Aqui na Alemanha, ser machista está fora de moda. Mas, ainda existe muito sexismo. Muito.
  18. Aqui na Alemanha, o transporte público é integrado e, relativamente, pontual. O ônibus vai chegar a poucos minutos da partida do metrô, do bonde ou do trem. Com a mesma passagem, você pode andar em todos eles, na mesma cidade.
  19. Aqui na Alemanha, não tem cobrador ou catraca nos metrôs, trens ou bondes. Mas, existe fiscalização regular. Caso você seja pego sem passagem, a multa é de 40 euros. Nos ônibus, o cobrador é o motorista.
  20. Aqui na Alemanha, ainda existe nazismo e um partido político neo-nazista. Porém, quando essas pessoas organizam uma passeata em determinada cidade, aonde 200 neo-nazistas estarão presentes, 2000 civis estarão na mesma rua para impedir essa manifestação e mais 3000 policiais estarão nas ruas para impedir surtos de violência. (Números meramente ilustrativos)
  21. Aqui na Alemanha, pobreza não é passar fome, mas não participar da sociedade.
  22. Aqui na Alemanha, pelo menos em Berlin, vivem cerca de 140 nacionalidades diferentes.
  23. Aqui na Alemanha, um estrangeiro nascido na Alemanha, com passaporte alemão, continua, frequentemente, sendo tratado como estrangeiro, fazendo parte da população com "história de migração".
  24. Aqui na Alemanha, os caixas automáticos ficam expostos nas ruas.
  25. Aqui na Alemanha, é mais fácil um carro dormir na rua aberto e, no dia seguinte, continuar no mesmo lugar, do que uma bicicleta. Melhor não arriscar nem uma coisa nem outra.
  26. Aqui na Alemanha, existe o "bairrismo". Berlinenses acham que Berlin é melhor que Hamburg, os de Hamburg acham que Hamburg é melhor que Berlin. E o muniquenses acham que Munique é melhor que o resto da Alemanha. :)
  27. Aqui na Alemanha, quando se visita alguém em sua casa, costuma-se tirar os sapatos e deixar na entrada. Você vai entender isso num dia de muita neve e lama, caso alguém entre na sua casa e esqueça de tirar os sapatos. Principalmente, se seu chão for encarpetado.
  28. Aqui na Alemanha, quando se visita alguém em casa pela primeira vez, costuma-se levar algum "mimo". Pode ser um vinho, flores, chocolate...
  29. Aqui na Alemanha, alemães gostam muito de viajar. Viajam pelo próprio país, pela Europa, África, Áméricas... Por isso, eles podem te olhar de cara feia se você disser que nunca esteve na Amazônia.
  30. Aqui na Alemanha, os alemães acham meia hora para chegar de um lugar ao outro dentro de uma cidade, muito tempo. 200km é muito longe.
  31. Aqui na Alemanha, toma-se sorvete em qualquer época do ano. Quase.
  32. Aqui na Alemanha, também existe o chá ou café da tarde, com bolo ou biscoitos.
  33. Aqui na Alemanha, vinho é muito barato. Até o chileno.
  34. Aqui na Alemanha, homem faz xixi sentado quase sempre. O que dá pra entender, se levar em consideração que quem limpa mesmo o banheiro é ele.
  35. Aqui na Alemanha, não existe empregada doméstica. Só os muito ricos têm. Mas, existe faxineira. Que são, muitas vezes, estrangeiros ou estudantes universitários precisando de renda extra.
  36. Aqui na Alemanha, muito mais em Berlin, as marcas das guerras ainda são visíveis, principalmente quando se anda nas ruas e se vê no chão uma plaquinha dourada em frente a alguns prédios: "nessa casa morou a família Y, enviada para o Campo de Concentração na data X e morta na data Z"
  37. Aqui na Alemanha, remédio só é obtido com receita médica, é "gratuito". Porém, dependendo do remédio, pode-se pagar uma taxa de 5 ou 10 euros. Mas, xaropes, vitaminas e analgésicos comuns, por exemplo, podem ser comprados sem receita.
  38. Aqui na Alemanha, existe corrupção, sonegação de imposto e "jeitinhos". Como o caso de plágio da tese de doutorado do ministro. Por conta disso, ele teve que renunciar ao caso. Ou o antigo presidente, que foi acusado de tráfico de influência e também saiu. E as contas na Suíça dos ricos alemães dizem muita coisa.
  39. Aqui na Alemanha, a última categoria de estrangeiros é a dos refugiados. Ninguém quer e muitos fingem que nem existem. Contudo, por conta do seu histórico de guerra, a Alemanha não nega a entrada. Só dificulta a permanência.
  40. Aqui na Alemanha, muita coisa é "Do it yourself", porque mão de obra é muito cara. Pintar a casa e montar os móveis é responsabilidade dos moradores.
  41. Aqui na Alemanha, em 99% das casas de classe média pode-se encontrar móveis da IKEA. Não só porque são mais em conta, como porque são fáceis de montar.
  42. Aqui na Alemanha, os alemães fazem o número 3 com a mão usando o polegar, indicador e dedo médio. Lembram da cena de Inglorious Bastards?
  43. Aqui na Alemanha, garçons e atendentes de lojas falam inglês nas grandes cidades. Mesmo que seja macarrônico.
  44. Aqui na Alemanha, o rival no futebol é a Holanda. Na economia e cultura, a França.
  45. Aqui na Alemanha, em muitos lugares, como restaurantes ou prédios residenciais, cachorros são mais bem vindos do que crianças pequenas.
  46. Aqui na Alemanha, os cachorros são bem educados, quase não precisam de coleiras.
  47. Aqui na Alemanha, os estrangeiros têm mais crianças que os alemães.
  48. Aqui na Alemanha, estudante universitário recebe ajuda financeira para estudar. Entra na universidade por mérito de nota.
  49. Aqui na Alemanha, nas escolas, a nota mais baixa é o 6 e a mais alta é o 1.
  50. Aqui na Alemanha, economicamente, o muro que dividia a Alemanha Ocidental da Oriental ainda existe.
  51. Aqui na Alemanha, internet é rápida e barata. Existem planos de telefonia que incluem o telefone fixo, celular e a internet num mesmo pacote, num mesmo preço.
  52. Aqui na Alemanha, tem muito feriado. No Natal, por exemplo, dia 26 é feriado. Na páscoa, a sexta e a segunda. 
  53. Aqui na Alemanha, o ano letivo começa em julho/agosto. As férias escolares são: 6 semanas no verão, 2 semanas no outono, 10 dias no Natal e Ano Novo, 1 semana no inverno, 2 semanas na Páscoa. As datas variam de estado para estado.
  54. Aqui na Alemanha, não se fala abertamente de dinheiro, salário etc. Os funcionários são proibidos de falar quanto ganham para os colegas de trabalho, por existir a "livre concorrência".
  55. Aqui na Alemanha, existe uma palavra para cada tipo de "amigo". Colega de trabalho, colega de república, colega de escola, colega de faculdade, amig@/namorad@.
  56. Aqui na Alemanha, é o aniversariante que leva o bolo para os colegas de escola/faculdade/trabalho.
  57. Aqui na Alemanha, é importante olhar a previsão do tempo antes de sair. Pode estar fazendo sol, mas estará frio. Pode estar um céu azul lindo, mas vai chover no fim do dia. E pode nevar em pleno mês de abril.
  58. Aqui na Alemanha, batata é o feijão com arroz de todo dia. Trazida pro país há 300 anos, salvou a fome dos alemães em muitos períodos por resistir ao frio e poder ser armazenada por muito tempo.
  59. Aqui na Alemanha, você não pode chamar alguém com "Psiu!", "psiu!" é para cachorro. 
  60. Aqui na Alemanha, tem praia. Tanto no mar, quanto em rios ou lagos (áreas de banho). Só que sem coqueiro. Pessoas vão de sunga ou biquinis. Ou trocam de roupa lá, na sua frente. Ou ficam pelados mesmo.
  61. Se eu não parar agora, a lista não teria fim.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sobre ser a segunda opção

Li sobre no blog de uma fofa e fiquei refletindo sobre isso. E, olha, só Deus sabe, os ouvidos do marido e os da terapeuta como é complicado pra mim essa história de ser a segunda opção.

Estou falando da busca por empregos. Tem gente especializada, de áreas que estão bombando, como   informática ou engenharia, que não passam, necessariamente, por essa situação. Grassazadeus. Mas, contudo, porém, todavia, tem aquelas pessoas que inventaram de estudar administração no Brasil e que ainda vem morar num país em que pra se trabalhar no RH TEM QUE ter estudado RH, para trabalhar com finanças TEM QUE ter estudado finanças (e isso são só alguns exemplos). Um currículo genérico tem muito poucas chances no mercado. Mas, mesmo que você tenha estudado administração, uma pós em marketing e muita experiência em gestão de projetos, você ainda pode ser considerada segunda opção.

Porque, a realidade é que, entre escolher uma pessoa que não domina a língua e levaria muito mais tempo para escrever um relatório, por exemplo, um nativo será, muito provavelmente, escolhido no seu lugar. Mesmo que ele não tenha tanta exepriência quanto você.

É possível que o desespero bata. É. Já bateu aqui várias vezes. Mas, eu digo e repito: não desista. Ou se readapte. De novo, Eve? Já não vim pra cá tendo que me adaptar? Sim, veio. Só que você só sabe o que te espera de verdade quando está lá, botando a cara à tapa, certo? Então. Não adianta só ouvir os conselhos. Tem que sentir na pele.

Uma das melhores qualidades dos seres humanos é a de adaptação. E acho quqe brasileiro passou na fila duas vezes, porque ô povinho camaleão, viu? Use isso a seu favor. Não está dando certo nessa direção? Mude. Seja criativo.

Ou, como falei para um colega grego recentemente: vamos parar de nos desvalorizar. Por que eu tenho que mandar currículo para aquela vaga que eu nem queria, mas porque estou precisando de emprego vou mandar assim mesmo, quando na verdade, meu lugar é em outra posição? Por que, se eu tivesse no Brasil e um entrevistador me perguntasse "Você tem experiência nisso?" eu responderia sem medo "tenho!", mesmo que a minha experiência seja de um mês ou que eu tenha visto isso de raspão na uni e aqui não faço a mesma coisa?

Porque, ao lerem seu currículo, vão saber que é supervalorizado para o cargo e, por isso, não irão te contratar. Ou ao dizer que não sabe uma coisa (porque, internamente, você "pensa" que os nativos fazem melhor), está perdendo a oportunidade de mostrar sua vontade de aprender, sua determinação.

Eu quero muito, um dia, chegar aqui e contar pra vocês que arrumei um emprego bem legal. Que, dessa vez, não fui a segunda opção.

Oremos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Falando de hômi

Amiga minha andou se estressando com a falta de iniciativa/capacidade de decisão dos hômi alemães. Eu disse que achava que era um fator cultural, porque alemão em geral não está acostumado a ter que dicidir ou correr riscos. Eles sabem que o trem vai passar no horário, que vão ter a vaga na universidade, que não vão passar fome se ficarem desempregados e blá!

Não sei se ela ficou muito convencida disso. Daí, fui tomar café com uma amiga alemã e perguntei a ela o que ela achava dos homens alemães, se eles eram indecisos mesmos, ou se só os exemplares que apareceram na vida dessa amiga é que eram.

A alemã, claro, concordou. Ela disse que tem muito amigo que não sabe lidar com decisões/dramas da vida real. Principalmente, os que já alcançaram os 30. Disse que as mulheres alemães conseguem lidar melhor com as mudanças que ocorrem e os homens não sabem nem como começar a resolver. Entram em pânico. Ela deu o exemplo de um amigo que estava com problemas no relacionamento, que não sabia mais para onde ele iria e que, por isso, sem mais nem menos, terminou o namoro. Simplesmente, porque ele não queria assumir que estava ficando sério demais. Muito mais fácil afastar o "problema" do que resolvê-lo, né?

E apresentei minha teoria. Ela também concordou. Então, negócio é colocar esses hômi num ponto de ônibus lotado no Brasil, ou num trânsito de verdade, para eles aprenderem a decidir. Não só aprenderem a decidir, como aprenderem a decidir rápido. Porque, opa, mérmão, dormiu no ponto, agora se vira aí e sai desse engarrafamento. hahahaha

Dramas da vida moderna. Deles. Da minha não.

Solução pra amiga: procurar outra nacionalidade.

P.S. Generalizamos, né?

domingo, 7 de abril de 2013

Abrindo espaço para o novo

Todo início de primavera/final do outono passo pela terapia de arrumar o guarda-roupa. Tirando as roupas de inverno/verão e colocando as roupas de verão/inverno à mão.

E sempre que faço isso, aproveito para tirar as roupas que ou estão velhas, ou não uso mais, ou que comprei e nunca nem usei e passo adiante. Ano passado, por conta dos meus períodos de hospital, altos e baixos com a minha saúde, exagerei na compra de roupas. Era para compensar. Tem umas que eu nunca usei.

Por isso, prometi que ia ficar um tempo sem comprar roupas. Consegui cumprir. Foram 6 meses, em que só comprei uma saia e uma blusa. Depois, arrumei parcialmente o guarda-roupa no final do ano passado e separei roupas de inverno para uma brasileira que chegava para ser au pair aqui.

Semanas depois, ganhei uma sacola de roupas de inverno de uma amiga. Todas praticamente zeradas.

Essa semana, seca por ver colorido na minha vida, nas ruas e nas pessoas, comprei 2 vestidos e uma saia longa super estampados. Ainda não arrumei o guarda-roupa para a primavera, porque ainda não esquentou o suficiente para "esconder" as de inverno. Mas, já sei o que sai e o que fica.

Porque eu quero abrir espaço para o novo. Porque sempre que eu tiro ou dou, eu recebo. Porque eu crio a minha corrente. Assim vou seguindo.

E você?

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Dos desajustes sociais: um deles

Introdução: fiquei dez segundos pensando como é mesmo que se escreve desajuste. Estou ficando velha. E cansada.

Pela estrada a fora, eu vou bem sozinha... opa, naaahhh, história errada. Estava indo ao supermercado, quando um senhor se aproxima de mim e pergunta:
- A Sra. sabe aonde tem por perto um lugar que sirva sopa pra sem teto?
- Hummm, tem um na rua tal, pro lado de lá. (É ao lado do correio, por isso eu sei)
- Já estive lá, está fechado por conta do feriado. (Foi no sábado, não tinha que estar fechado. Enfim...)
- Desculpa, então não sei mais aonde tem outro.
- Eu precisava de um lugar nem que fosse pra conseguir um pão hoje.

Coração apertou, eu já estava com a mão dentro da bolsa, tirando a carteira, quando ele pergunta:
- A senhora não teria um "miúdo" pra mim, não?

Tiro uma moeda de 2 euros e dou pra ele. Ainda completo:
- No Kaiser´s (supermercado aonde estava indo), vendem sopa por 1 euro.
- Que bom que eu encontrei uma senhora tão boa no meu caminho... bla bla bla whiskas sachê.

Ele seguia ao meu lado, indo para o mesmo lugar que eu, quando para de repente, agradece mais uma vez e dá as costas.

Sei lá o que ele queria agora? Segui meu caminho.

Uns metros à frente, resolvi olhar pra trás para ver em que direção ele estava indo, se da mesma que veio, por exemplo.

Que nada. Ele entrou num cassino que tem na esquina da rua em que estavávamos. Juro que deu vontade de ir lá, bater nas costas de dele e dizer: "Devolve!". Mas, né, não é do meu feitio.

Depois fiquei pensando: culpa minha que dei muito dinheiro pra ele. Se tivesse dado só o suficiente para o pão, ele teria comprado só o pão... E, ah, quer saber, deve ser por isso e entre outras coisas também que não tem um teto sobre a cabeça.

E 2 euros é muito dinheiro, Sra. Ricaça? Véi, com 2 euros, dá pra fazer uma janta e ainda sobra pra uma boquinha no dia seguinte. Quanto é 1kg de batata e 2 linguiças? E se ele não tivesse aonde fazer a comida, o pãozinho é 0,15€. Ou daria para dois pratos de sopa no supermercado.

Mas, o vício...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Eu menti

Quem nunca?
Funny Breakup Ecard: I'm sorry I lied to you but it was for my own good.
Não é assim que a saúde está equilibrada. Eu é que não falo mais com ela. Humpf!

Eu não tenho ideia de quando voltarei a estar 100%, se mesmo estou ápta a voltar a trabalhar 40 horas por semana. Eu parei de trabalhar por estar doente... Voltar, por essa razão, é mais complicado.

Além disso, nesse intervalo, os sustos acontecem. Como quando descobri um caroço no seio recentemente e passei três dias pensando besteiras até chegar na consulta e a médica dizer, tranquilamente, que era só mastite. Mas, vocês podem imaginar que eu não queria repetir o fevereiro de 2012. De jeito nenhum.

Porém, de alguma forma, a vida segue. Eu vou continuar seguindo. Mesmo que tenha que recomeçar arrumando um emprego (minijob) de 12 horas por semana, ganhando pouco e aceitando tarefas fáceis. De alguma forma, meu corpo e minha cabeça precisam reaprender a funcionar full time. E só a prática me devolverá essa oportunidade.

Apesar de tudo, o mundo não acabou em 2012, meu humor continua e estou adaptando a minha história.

É melhor rir do que chorar. Afinal, ninguém disse que seria fácil. Nunca antes na história desse país, essa frase fez tanto sentido!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Uma questão de educação (lá)

Meu cunhado aluga um quarto em seu apartamento para estudantes. Dessa vez, o estudante é da China.

Marido foi lá fazer uma visita ao irmão e voltou com um lindo maço de cigarros chinês. Perguntei a marido se o chinês fumava e ele me conta a seguinte história:

"Eu saí na varanda pra fumar, quando ele apareceu com esse maço de cigarros pra me dar. Eu perguntei se ele também fumava e ele respondeu que não. Então, perguntei porque ele tinha cigarros e ele explica que na China, quando se recebe visita e essa visita fuma, o dono da casa deve oferecer cigarros pra ele"

Assim, marido voltou com um maço de cigarros chinês pra casa.

O mais legal foi o chinês ter transportado essa "tradição" pra cá e ter trazido os próprios cigarros para o caso de receber visitas.

Achei super interessante. E uma forma de mostrar, "à sua maneira", gentileza.

Já aqui, se não fumamos, botamos o amigo fumante pra fora de casa. hahahahaha

Update: ó, meu povo, eu nao to criticando o "botar pra fora", viu? Eu só comparei as culturas. Aqui em casa, apesar de marido ser fumante, eu também "boto pra fora". Ou fuma na varanda, ou no fumódromo de marido (escritório dele).